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Mercado Financeiro

Juros compostos x juros simples: você investe da forma correta?

Juros compostos vão produzir um resultado significativo em relação ao modelo de juros simples

Data de publicação:20/10/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Um dos maiores clichês do mercado financeiro está no uso dos juros compostos. Não é nenhuma mentira: essa é a ferramenta que você precisa para multiplicar o seu patrimônio no longo prazo.

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Imagem: Reprodução

No entanto, o que talvez não seja tão comentado no mercado brasileiro é que a forma pela qual você utiliza os juros compostos na sua estratégia pode não ser a melhor. Estamos aqui, claro, falando dos ativos que geram renda periódica — seja ela mensal, semestral ou anual.

No artigo de hoje, você vai entender a pegadinha que esses formatos de rendimentos podem oferecer para a sua estratégia de investimentos. Vamos lá!

Juros simples vs. compostos: qual é a diferença?

Em primeiro lugar, é importante que você, enquanto investidor, tenha uma boa clareza dos diferentes tipos de juros existentes no mercado.

Os juros simples são aqueles aplicados sobre um montante de forma fixa. Isto é, eles não acumulam ao longo do tempo. Se você tem um investimento de R$10.000 que paga 10% ao ano, por exemplo, receberá R$1.000 ao final do primeiro ano. E o mesmo vai acontecer durante os períodos seguintes.

Já os juros compostos possuem uma característica extremamente importante: eles vão se acumulando sobre o montante total. Usando o mesmo exemplo anterior, você também receberia R$1.000 no primeiro ano neste formato.

No entanto, o seu rendimento ao longo do segundo ano seria de R$1.100. Isso porque, agora, o rendimento de 10% seria aplicado sobre R$11.000, considerando também o ganho inicial.

Veja que, portanto, ao longo do tempo, os juros compostos vão conseguir produzir um resultado significativo em relação ao modelo de juros simples. Não por acaso, essa é justamente a receita que as instituições financeiras utilizam para ganhar dinheiro no longo prazo por meio dos seus produtos — como empréstimos e financiamentos.

Ativos geradores de renda: quais são os principais?

É bem provável que essa conversa entre juros simples e juros compostos não seja exatamente uma novidade para você. No entanto, o que queremos abordar hoje é a forma pela qual ativos geradores de renda podem prejudicar um pouco a sua estratégia de crescimento patrimonial.

Aqui, por ativos geradores de renda, entenda todos aqueles que, de forma periódica, pagam juros aos seus investidores. Podemos citar, por exemplo:

  • Títulos de renda fixa com cupom (pagamento semestral)
  • Fundos imobiliários (rendimentos mensais com ao menos 95% do lucro apurado)
  • Ações com dividendos (distribuição dos lucros de forma periódica)

Embora pareça positivo ter um fluxo de caixa mensal, esses ativos acabam reduzindo o seu "bolo" dos juros compostos.

Veja que, neste caso, estamos pensando exclusivamente nos investidores que buscam o ganho de capital ao longo do tempo. Se o seu objetivo é ter essa renda para pagar contas, isto é, você precisa do dinheiro para manter a sua qualidade de vida, não tem problema.

Agora, para quem usa esses ativos pensando no crescimento patrimonial, pode haver uma pegadinha que prejudicará os seus resultados: a realocação do capital recebido.

O desafio dos juros compostos com ativos de renda

A grande questão quando pensamos nos ativos geradores de renda está no melhor uso do dinheiro que é recebido na sua conta.

Conforme adiantamos, esse benefício de receber o seu capital de forma periódica pode parecer positivo. Entretanto, esse valor sai do montante sobre o qual os juros compostos serão aplicados. E o que você vai fazer com esse dinheiro pode impactar diretamente os resultados de longo prazo.

Um dos motivos para esse cenário está no que chamamos de risco de taxa de juros. Não necessariamente, ao receber os seus rendimentos, você terá boas condições para investir. Ou seja, em muitos casos talvez valeria mais a pena deixar o capital no investimento original do que recebê-lo para reinvestir.

Além disso, há também o trabalho manual de fazer o novo investimento. Esse processo pode ser esquecido, deixando em alguns dias o dinheiro parado na conta da sua corretora ou banco. E, novamente, existe o prejuízo de não ter esse dinheiro rendendo.

Rentabilidade de juros simples vs. juros compostos

Embora pareça um mero detalhe, a diferença de longo prazo dos juros compostos é bastante significativa. Voltando ao nosso exemplo de 10% ao ano, por exemplo, esses seriam os resultados com os dois formatos de remuneração após dez anos:

  • Juros simples: R$10.000
  • Juros compostos: R$20.610

Note, portanto, que o impacto é maior do 100% apenas em dez anos. Imagine a diferença de resultados em vinte ou trinta anos, por exemplo.

É neste sentido que precisamos realmente ter a certeza da necessidade de receber os rendimentos, pois em muitos casos é mais interessante deixar o dinheiro investido diretamente. Essa, afinal, é a melhor forma de aproveitar ao máximo o efeito dos juros compostos.

Ativos que não pagam rendimentos são melhores?

Essa questão, embora importante do ponto de vista de objetivos financeiros, é bem natural. O brasileiro é bastante acostumado com altas taxas de juros e o "rentismo", como ficou conhecido o hábito de investir na renda fixa, acaba gerando um efeito de ver o dinheiro disponível mensalmente.

Neste sentido, também é comum encontrarmos críticas aos ativos que não pagam uma renda periódica. É o caso, por exemplo, de ETFs brasileiros. Os dividendos desses produtos existem, mas não são recebidos pelo investidor. Na prática, eles são automaticamente reinvestidos no próprio ETF.

Uma lógica similar é vista em ações de empresas de crescimento. Neste tipo de companhia, os lucros apurados costumam ser reinvestidos no próprio negócio, visando ampliar a capacidade produtiva e, no médio prazo, verificar um aumento de receitas e lucros.

Note que, em ambos os casos, os rendimentos também existem. Eles apenas não passam pela sua mão. O reinvestimento automático, diante dos desafios que citamos ao longo do artigo, é uma boa forma de maximizar o aproveitamento desse capital.

Portanto, considerando todo esse cenário de juros compostos e o pagamento periódico de rendimentos, a pergunta que você deve se fazer é: "eu realmente preciso receber os juros de forma recorrente?". Se a resposta é sim, então os ativos rentistas oferecem um fluxo de caixa importante para a sua rotina.

Já se o foco está no longo prazo e no crescimento patrimonial, talvez valha mais a pena refletir sobre a sua carteira de ativos e dar preferência a produtos que não exijam esse reinvestimento de forma manual — algo que pode prejudicar a sua rentabilidade no longo prazo.

Sobre o autor
Stéfano Bozza
Formado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.