JOGO11: conheça o novo ETF que investe no setor de games; mercado é promissor, mas volátil
A estreia do fundo de índice na Bolsa está prevista para o próximo dia 15
O número de pessoas que investe em ETFs (fundos de índice, na tradução) no Brasil não para de crescer e, de acordo com dados da B3, a Bolsa de Valores brasileira, entre janeiro e outubro deste ano, a base de investidores dessa categoria de investimento quase dobrou, passando de 269 mil para 483 mil. Com o aumento da demanda, cresce também a oferta por esses produtos. Um que está saindo do forno é o JOGO11
De opções dentro das small caps brasileiras às diferentes criptomoedas, 2021 foi marcado pela estreia de ETFs que atendem diversos nichos do mercado. O próximo a entrar para a lista é o JOGO11, da gestora Investo, que tem lançamento previsto para o próximo dia 15 para todo tipo de investidor. O fundo, que replica o ETF ESPO (que acompanha o VanEck Video Gaming & E-sports Index), é o segundo do Brasil a investir no setor de games e e-sports.
Em abril deste ano, a XP Investimentos lançou o Trend e-Sports, produto que acompanha o desempenho do ETF Hero, que replica o Solactive Video Games & Esports Index, sem a variação cambial. Este índice é composto por ações de 40 empresas globais do setor. O fundo tem um patrimônio líquido de R$ 17,21 milhões, mas sua rentabilidade até aqui é negativa em 12,76%.
Na bolsa de Nasdaq, onde o ESPO é listado, o fundo de índice que o JOGO11 replica já possui cerca de US$ 600 milhões sob gestão, com base em informações da Bloomberg americana. De acordo com dados do Investing, o ESPO, desde seu lançamento em julho de 2019, teve uma valorização de cerca de 105%.
O índice VanEck Video Gaming & E-sports Index é composto por 26 empresas do setor e, entre elas, estão as famosas marcas Nintendo e Roblox. Segundo informações disponíveis no site da Investo, as companhias que fazem parte do índice estão divididas entre os segmentos de fabricantes de console, mobile gaming, hardware, fabricantes de chip, desenvolvedores, editoras, e-sports e live streaming.
O site etf.com explica que para serem elegíveis para o ESPO - e, consequentemente, ao JOGO11 -, as empresas devem gerar uma receita que corresponda, pelo menos, à metade da receita geral de segmentos relevantes dentro do universo de games e e-sports, como desenvolvimento de jogos, fabricantes de software ou hardware relacionado a jogos e serviços de streaming, por exemplo.
O que é o JOGO11
O JOGO11, que estará disponível para o público geral da B3 na próxima semana, tem taxa de administração de 0,48% ao ano. O valor por cota é de R$ 100, mas o investimento mínimo para o investidor é de R$ 200. O período de reserva para participar da oferta pública inicial do ETF vai até o próximo dia 10.
O JOGO11 é um fundo de índice que replica o ETF ESPO, ativo negociado na bolsa de Nasdaq, que, por sua vez, acompanha o VanECK Video Gaming & E-sports Index. Este índice é composto por empresas do setor de games e e-sports divididas entre os Estados Unidos, Japão, Hong Kong, Cingapura, República do Congo, Suécia, França, Tawian e Polônia.
O rebalanceamento do ESPO é feito a cada trimestre.
Lista das 10 empresas com mais peso na composição do ESPO e do JOGO11
Nvidia Corporation
A Nvidia, que é uma incorporadora de tecnologia multinacional, tem um peso de 11,26% na composição do ETF. No último trimestre, a receita líquida da companhia foi de cerca de US$ 7,10 bilhões, uma alta de mais de 50% em relação ao mesmo período do ano anterior. Com esse faturamento, o lucro líquido da empresa foi de US$ 2,46 bilhões entre julho e setembro.
Advanced Micro Devices
A fabricantes de processadores e placas de vídeos, conhecida como AMD no mercado, tem participação de 9,83% no VanECK Video Gaming & E-sports Index. A receita da companhia no último trimestre foi de US$ 4,3 bilhões.
Tencent Holdings
A receita do maior portal de serviços de internet da China foi bilionária no terceiro trimestre: US$ 142,4 bilhões. No entanto, o crescimento no período, de 13%, foi o menor para a companhia, que tem um peso de 7,03% na composição do ESPO, desde sua abertura de capital
Netease Games
Com uma receita de cerca de US$ 3,4 bilhões no terceiro trimestre de 2021, a Netease, que presta serviços online de conteúdo, comunidades, comunicações e comércio voltados ao universo de games e e-sports, tem participação de 6,16% no ESPO.
Roblox Corporation
O faturamento dessa que é uma das empresas de games mais populares entre as gerações mais novas cresceu 28% entre julho e setembro, saltando para US$ 637,8 milhões. A desenvolvedora de jogos eletrônicos tem uma participação de 6,11% no ETF.
Nintendo Co.
A desenvolvedora de consoles e jogos eletrônicos Nintendo, um dos nomes mais tradicionais no mercado de games, tem peso de 5,41% na composição do VanECK Video Gaming & E-sports Index. A empresa reportou uma receita líquida de US$ 5,53 bilhões no primeiro semestre fiscal deste ano.
Unity Software
Entre as 10 principais empresas do ESPO, a desenvolvedora de jogo Unity Software foi a que apresentou a receita mais tímida, mas ainda assim milionária, no período de julho a setembro: US$ 286,3 milhões. A companhia tem uma participação de 5,11% na composição do ETF.
Sea LTD.
Sediado em Cingapura, o conglomerado de tecnologia e entretenimento online Sea, responsável pelas famosas marcas Shopee e Garena, tem um peso de 4,95% dentro do ESPO e registrou uma receita de US$ 2,7 bilhões no terceiro trimestre.
Bandai Namco Entertainment
A desenvolvedora de jogos eletrônicos Bandai Namco possui participação de 4,60% na composição do fundo de índice. A empresa teve uma receita de cerca de US$ 1,9 bilhão no último trimestre.
Take-Two Interactive Software
A Take-Two é a décima empresa com maior participação dentro do VanECK Video Gaming & E-sports Index, com um peso de 4,53%. No terceiro trimestre, a desenvolvedora de jogos teve uma receita de US$ 858,2 milhões.
Além dessas empresas, também fazem parte da composição do ETF ESPO e, consequentemente, do JOGO11, a CapCom, Embracer Group, Activision Blizard, Bilibili, Stillfront Group, CD Projekt Red, Zynga, Square Enix, Kingsoft, Konami, MSI, NCSoft, Netmarble, Nexon e Ubisoft.
ETFs do setor de games e e-sports além do JOGO11
Embora os produtos focados no setor de games e e-sports ainda não sejam tão comuns aqui no Brasil, mundo a fora esses investimentos já existem há algum tempo. Além do ESPO ao qual o JOGO11 estará vinculado, vale destacar também mais alguns fundos do setor que fazem sucesso no exterior.
HERO
Lançado em novembro de 2019, o HERO - ETF que o Trend s-Sports replica - tem uma rentabilidade acumulada de 87,62% desde a sua estreia na bolsa de Nasdaq, com base nos números do fechamento da última sexta-feira, 03.
De acordo com levantamento da AltaVista Research datado do último 30 de novembro, a composição do fundos, que conta com 40 empresas, estava dividida entre 83,7% de companhias ligadas à serviços de comunicação, 15,8% de companhias de tecnologia da informação e 0,5% de consumo discricionário.
Em relação à composição geográfica, a maior parte das empresas que compõem o índice de referência do HERO, 29,6%, são dos Estados Unidos. Logo em seguida, Japão, Coréia do Sul e China correspondem a 24,7%, 15,6% e 10,5% da carteira do ETF, respectivamente. Com participações menores estão Cingapura, Suécia, França, Irlanda, Hong Kong, Canada e Tawian.
NERD
O NERD é um ETF que acompanha o índice Roundhill BITKRAFT Esports & Digital Entertainment, projetado para oferecer aos investidores exposição aos e-sports e entretenimento digital. Lançado em junho de 2019 na bolsa de Nova York (NYSE), o fundo de índice registou, desde a sua estreia, uma alta acumulada de 63,77%.
De acordo com os dados disponibilizados no site da gestora Rounhill Investments, as 10 empresas com mais peso na composição do índice são Krafton, Tencent, Razer, Afreecatv, Netease, Activision Blizzard, Take-Two Software, Corsair Gaming, Modern Times Group e COM2US Corporation. Estas e as outras companhias estão divididas em 15 países.
A gestora informa, ainda, que o NERD oferece exposição a empresas por trás de videogames populares, como Call of Duty e League of Legends, por exemplo, equipes de e-sports profissionais, ligas, provedoras de streaming, além da indústria global de esportes eletrônicos.
BETZ
Desde o seu lançamento em junho de 2019, o ETF BETZ, também da gestora Roundhill Investments, já reportou uma alta de 42,94%. O fundo replica o Roundhill Sports Betting & iGaming Index, o primeiro índice "globalmente projetado para rastrear o desempenho da indústria de apostas esportivas e iGaming (jogos na internet)", explica o site da instituição.
O ETF oferece exposição a empresas de apostas esportivas e iGaming, empresas que se beneficiam da legalização de jogos online e empresas estrangeiras do setor. A composição geográfica do produto é bastante variada: da Ilha do Man à Malta, passando por todos os continentes. Porém, os Estados Unidos têm o maior peso na carteira, com 37%.
As dez principais empresas do BETZ, com base no site da gestora, são CLP de Grupo Kindred, Kambi GRP PLC, Rush Street Interactive, Entain OLC, Flutter Entertainment, Penn National Gaming, Tabcorp Holdings, Churchill Downs, Draftkings e Caesars Entertainment.
Vale a pena investir no setor de games e no JOGO11?
Marcos Crivelaro é professor de Economia e Finanças da FIAP e trabalha com mercado financeiro desde a época do pregão viva-voz da B3. Ele explica que muitos dos produtos ligados à tecnologia, como o próprio Bitcoin e os fundos que acompanham criptomoedas, "começam com uma grande empolgação por parte dos investidores e, depois disso, passam a flutuar muito".
Assim, o especialista considera que o investidor que opta por esse tipo de ativo, pode ter dois comportamentos a fim de tentar otimizar os resultados: alocar parte do patrimônio no investimento por um período de longo prazo, esperando a valorização dos ativos com o decorrer do tempo, ou então "entrar e sair em momentos específicos, até mesmo com o auxílio de um robô, para realizar lucro no curto prazo".
Crivelaro comenta ainda que o mais recente lançamento da Investo, o ETF WRLD11 - considerado o ETF "mais global" da B3 por ser composto por mais de seis mil empresas de diferentes setores de todo o mundo - é um produto que se comporta com muita volatilidade.
O professor explica que, embora seja boa a ideia de investimento em fundo de índice por oferecer diversificação ao portfólio, especialmente com uma ampla exposição geográfica, o comportamento das pessoas que buscam o produto costuma ser mais de buscar ganhos rápidos do que ter horizontes de longo prazo.
Em contrapartida, o professor da FIAP ressalta que a indústria de games e e-sports movimenta muito dinheiro todos os anos e a receita de diversas empresas deste universo também faturam muito. “Só aqui no Brasil, o mercado de games foi de uma movimentação de US$ 1,5 bilhão em 2018 para mais de US$ 2,5 bilhões até aqui em 2021”, comenta Crivelaro. Segundo dados da Accenture, o valor do mercado de games no mundo já gira em torno de US$ 300 bilhões por ano.
Além disso, o especialista considera que a vantagem de ter um ETF que "foge do mundo real" na carteira de investimentos é o fato de o ativo dificilmente ser afetado por questões macroeconômicas dos países, como as eleições presidenciais no Brasil ou o avanço do coronavírus pelo mundo, por exemplo. "A pandemia, ao contrário, aumentou o consumo de games porque as pessoas estavam mais em casa", afirma.
O professor diz que o que pode impactar no desempenho de um ETF de games são as empresas escolhidas para compor o índice de referência. Para ele, é necessário avaliar se a companhia tem lançamentos frequentemente e qual a adesão do público a cada produto lançado. "Se eu fosse montar esse ETF, eu faria um mix com base nos games que as empresas produzem, se as pessoas estão sempre acompanhando, comprando", comenta.
Crivelaro destaca que, em tal contexto, um ETF de games pode ser uma boa opção para quem aprecia esse universo, "já que ele acompanha quais são os períodos de lançamentos de novidades e pode estar mais atento às oportunidades de altas e baixas das empresas que compõem o fundo de índice".
Para o público geral, no entanto, o professor acredita que "a indústria dos games é consistente, não dá prejuízo e sempre cresce, mais até que o PIB (Produto Interno Bruto) de diversos países países, mas a maneira com que os investidores vão entrar e sair do investimento é o que vai ditar a volatilidade".