Logo Mais Retorno

Siga nossas redes

  • Instagram Mais Retorno
  • Youtube Mais Retorno
  • Twitter Mais Retorno
  • Facebook Mais Retorno
  • Tiktok Mais Retorno
  • Linkedin Mais Retorno
esg
Fundos de Investimentos

Itaú Unibanco lança carteira recomendada ESG, de renda fixa e variável; 77 ativos são elegíveis

Debêntures, CDBs, títulos públicos, fundos e ETFs estão entre os selecionados

Data de publicação:22/11/2021 às 07:00 -
Atualizado 3 anos atrás
Compartilhe:

O Itaú Unibanco acaba de criar uma carteira recomendada ESG (Environmental, Social and Governance) com ativos de renda fixa e renda variável que carregam critérios ESG, quer dizer, ligados a empresas que foram selecionadas por demonstrarem de alguma forma preocupações com o meio ambiente, o social e a governança.

As ações e os fundos de investimentos em ações foram até aqui as opções mais populares e conhecidas pelos investidores com as características responsáveis. O universo ESG desembarcou no mercado financeiro especialmente com esses produtos, mas agora os conceitos começam a se espraiar também para a área de renda fixa.

A carteira ESG recomendada do Itaú Unibanco conta com ativos entre as diferentes classes, com dosagens distintas para atender investidor com perfil conservador, moderado, arrojado e agressivo. Para o público em geral e para o investidor qualificado (com mais de R$1 milhão investido no mercado financeiro). Ela é gerada dentro de uma lógica e dinâmica que permitem a diversificação e a otimização de risco retorno.

Essencialmente, fazem parte dessa carteira, CDBs, Debêntures, Letras Financeiras Verdes, Green Bonds (títulos que financiam projetos que beneficiam o meio ambiente), Títulos do Tesouro, fundos de investimentos e ETFs (Exchange-traded fund).

Entre os ETFs, um deles segue 50 empresas globais engajadas em economia verde e outro é voltado a commodities, replicando um índice composto por empresas que atuam na produção, armazenamento e transporte do hidrogênio. Uma base de combustível com potencial de atuar para a redução de emissão de carbono, que pode ser utilizada e guardada de maneiras diferentes, além de se destacar pela habilidade de integração com outros sistemas de produção de energia limpa.

A ampliação na oferta de produtos ESG foi uma demanda da própria clientela, explica Martin Iglesias, professor e especialista líder em investimentos e alocação de ativos do Itaú Unibanco. “Há meses, desde o ano passado, a gente começou a ter dos clientes a procura por esse tipo de investimento. Não dá pra deixar de lado”.

A iniciativa foi para atender um investidor que não está disposto a assumir riscos na renda variável, mas que entende os critérios de ESG como fundamentais para definir seus investimentos.

O interesse maior vem do público mais jovem, segundo Iglesias, na faixa dos 25 anos, os que estão começando a investir, mas já foram criados com um olhar voltado, principalmente, para as questões relacionadas ao meio ambiente. “Eles têm demandado muito isso, e não só voltado a questões ambientais, sociais e de governança, mas de propósitos que não eram tipos de abordagens tão frequentes dos investidores a poucos anos atrás”.

A procura é recente, mas a atuação do Itaú Unibanco nas finanças sustentáveis vem de anos. O banco faz parte do Índice Dow Jones de Sustentabilidade desde a sua criação em 1999, e a Itaú Asset há mais de 15 anos tem adesão aos Princípios do Investimento Responsável (PRI), criados por um grupo de investidores institucionais globais e muito respeitado no mercado.

“A tradição, a solidez e o conhecimento instalados no Itaú nos permitiu avançar no tema, sem começar do zero”. Por isso mesmo, a carteira recomendada ESG reflete a mesma pizza de alocação da estratégia geral da carteira principal do banco, complementa o especialista. Mas com uma diferença fundamental: enquanto a carteira principal é montada considerando entre 1.200 e 1.300 ativos, os que passaram por vários filtros e que, portanto, podem fazer parte da carteira ESG são apenas 77. Esses poderão integrar a seleção ESG, de acordo com as oportunidades.

Há uma dificuldade em compor a carteira ESG por conta da oferta limitada de produtos, mas Iglesias espera que o lançamento desse produto, saído do forno do Itaú, possa “provocar”, estimular o mercado a pensar e gerar cada vez mais opções com o selo de investimentos sustentáveis.

A restrição na oferta de produtos pode levar a rentabilidade da recomendada ESG a perder do retorno da carteira principal. Papéis prefixados e renda fixa internacional, por exemplo, são poucos que atendem aos critérios ESG, afirma o gerente. “O que há na renda fixa são muitas debêntures indexadas à inflação".

A parte internacional foi em parte composta por títulos da dívida americana, mas por falta de opção, esclarece Iglesias. " Enquanto não houver BDR ou ETF de renda fixa internacional negociados na B3, com boas práticas sociais, ambientais e de governança, a escolha será em base bastante estreita".

O número reduzido de ativos com o selo ESG é limitador nesse momento: “Isso de fato é uma preocupação, gostaríamos de ter muito mais opções. Quantos mais tivermos, melhores serão as possibilidades de combinações para gerar uma carteira mais eficiente”, diz Iglesias.

Se por um lado montar uma carteira ESG pode afetar rentabilidade pela restrição de opções, por outro, o executivo destaca que a seleção a dedo dos papéis e aplicações reduzem drasticamente os riscos extremos, em eventos ambientais ou sociais negativos, o que conta a favor dos resultados a serem entregues ao investidor. Quando passa pela peneira, as empresas emissoras dos ativos tendem a evitar esse tipo de crise.

Como é a seleção dos ativos

O processo começa por uma análise das opções já consideradas pelo mercado como de ESG, começando pelos fundos de investimentos. Alguns trazem o ESG no seu próprio nome, outros nem isso, mas pelas ações que estão em sua composição, emitidas por empresas comprometidas com o tripé ambiental, social e de governança, passam por esse primeiro crivo.

Iglesias esclarece que alguns fundos que não têm a denominação ESG, como os da Fama, da JGP e do próprio Itaú, mas que já contam com o reconhecimento do mercado pela seriedade na gestão ESG são escolhidos para a carteira recomendada.

Ele faz questão de ressaltar o rigor usado por sua equipe na seleção dos fundos ESG. Eles analisam tudo: se as empresas emissoras dos papéis seguem os conceitos ESG; ou se os recursos captados na operação vão financiar projetos sustentáveis: e mais ainda, se a gestora de fundos tem tradição e reconhecimento de uma atuação voltada para o ESG.

Nessa primeira etapa, a carteira recomendada não carrega nenhuma ação com critérios ESG, mas a equipe está em busca da elaboração de uma carteira de ações ESG, ou inclusão de ETFs ou COEs (Certificados de Operações Estruturadas) com ESG, talvez atrelados a algum índice de sustentabilidade. A porta está aberta também para investimentos em fundos com devolução de taxa de administração para projetos de impacto, social ou ambiental.

Também nessa fase, os fundos multimercados acabaram ficando de fora da carteira: "Os multimercado tem uma dinâmica de gestão que exige algumas características de liquidez ou de buscar distorções ou oportunidades de preços que não estão presentes no ESG", explica Iglesias.

Na triagem dos ativos, os especialistas do Itaú Unibanco não estão sozinhos, mas contam com a ajuda da Asset Itaú, que já acompanha e tem papeado o segmento de aplicações ESG. Além disso, eles se valem dos filtros ESG usados pela Sitawi - Finanças do Bem, uma organização especializada na análise da performance ambiental de empresas e instituições financeiras.

Outros filtros

Além dos critérios ESG atrelados aos fundos ou papéis, a liquidez é outro filtro importante na escolha dos ativos.

“Eu não quero recomendar alguma coisa que é tão ilíquido que na hora que o investidor for comprar ele vai pagar muito mais caro resultando em uma rentabilidade muito menor” pondera Iglesias, “ou na hora em que for vender ter de oferecer um enorme desconto, porque aí a carteira vai acabar não sendo rentável", ressaltou.

Uma vez definidos os ativos que podem e vão formar a carteira, é feita uma análise quantitativa dos selecionados e, eventualmente, é aplicada uma análise qualitativa, de modo a fazer uma rechecagem e saber se algum fator específico, alguma circunstância de risco, acabou passando nas filtragens anteriores.

O que o investidor deve olhar

Em termos mais práticos, o investidor interessado em decidir seus investimentos pelo viés ESG deve começar checando quem é o emissor do ativo. Se a empresa tem o ESG em suas políticas de atuação. Ou, ainda, que não esteja tão engajada com os conceitos vai financiar um projeto ESG.

Tão importante quanto esse primeiro passo é olhar a qualidade da gestão, das casas que estão oferecendo esses produtos. Há instituições financeiras mais maduras no acompanhamento do ESG, mas há outras que estão apenas engatinhando no processo, segundo o executivo.

Sobre o autor
Regina Pitoscia
Editora do Portal Mais Retorno.