IPCA-15 de agosto tem queda e expectativas são de baixa para o índice cheio no mês
Desaceleração da inflação deve levar ao fim do ciclo de aperto monetário do Copom
Depois de uma queda de 0,68% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, o IPCA-15 de agosto, divulgado na manhã desta quarta-feira, 24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou uma deflação de 0,73%. O indicador, que é medido entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês corrente, é considerado a prévia oficial da inflação brasileira.
O resultado veio abaixo das expectativas do mercado. Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, disse que as expectativas da corretora eram de uma baixa de 0,80% no IPCA-15 de agosto, enquanto analistas do BTG Pactual previam queda de 0,85%. A surpresa veio, sobretudo, do grupo de Alimentos - os especialistas esperavam arrefecimento nos preços, o que não aconteceu.
No entanto, a deflação observada neste indicador faz crescer as expectativas de que o IPCA cheio tenha uma nova variação negativa em agosto. O economista-chefe da Acrefi, Nicola Tingas, afirma que outros fatores indicam uma desaceleração gradual da inflação. Entre os principais pontos que podem impactar o índice, Tingas destaca:
- A sazonalidade favorável de alimentos e preços competitivos;
- A acomodação gradual do preço de grãos;
- A taxa de câmbio moderadamente menor;
- A queda do patamar dos preços de petróleo no exterior.
“Em agosto, o índice deve ter nova deflação próxima de 0,25% no mês e poderá situar-se abaixo de 9,0% no acumulado 12 meses”, comenta o economista.
Expectativas para além do IPCA-15 de agosto
Caso as perspectivas se concretizem e o IPCA-15 e o índice cheio de agosto recuarem, crescem as expectativas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deva finalizar o seu ciclo de aperto monetário já em sua próxima reunião, prevista para 20 e 21 de setembro.
“Finalmente, o expressivo aperto monetário promovido pelo Banco Central chegou ao seu pico com Selic de 13,75%; ou de 14,00% no Copom de setembro, para apoiar a “ancoragem de expectativas” de longo prazo de convergência nas metas de inflação.”
Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi
Em contrapartida, mesmo com a desaceleração da pressão inflacionária e a possibilidade de fim do ciclo de alta da taxa básica de juros nos próximos meses, a escalada dos preços observada no último ano e a Selic alta afetaram, também, as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do País.
“Atualmente, o PIB recebe impulso por efeito de elevados gastos públicos, expressivos montantes de auxílios governamentais e crédito público e também crédito privado, mesmo que seletivo. Contexto que levou as projeções de PIB 2022 para 2,0% a 2,5%”, explica Tingas. No entanto, a situação macroeconômica vivida pela população (principalmente a de baixa renda) até aqui afetou os níveis de consumo e, dessa forma, o PIB de 2023 também deve ser “bastante reduzido”, finaliza o economista.
Leia mais
- IPCA-15 cai 0,73% em agosto e atinge menor taxa da série histórica, diz IBGE
- Com queda da energia, inflação cairá de 9% para 5% ou 4%, diz presidente do BC
- Com o fim do ciclo de aperto monetário mais próximo, títulos prefixados são as melhores opções dentro da renda fixa, diz Guide
- Ibiuna e Kapitalo acreditam que os juros americanos podem subir mais que o projetado pelo mercado
- Conheça o SNAG11, que quebrou recorde de negociações na estreia na Bolsa e fica entre os 10 Fiagros com maior número de cotistas