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Mercado Financeiro

Índice de inflação americana vai definir o rumo do mercado nesta sexta-feira

Pressão sobre a inflação pode levar o banco central americano ao aumento de juros e retirada de estímulos monetários

Data de publicação:25/06/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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O mercado financeiro amanhece nesta sexta-feira, 25, com a atenção voltada a um importante indicador da inflação americana. Logo cedo, às 9h30, será divulgado nos Estados Unidos o PCE (Personal Consumption Expenditures, em inglês), uma espécie de IPCA para o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) no monitoramento de a quantas anda a inflação por lá.

EUA
Inflação americana acima do esperado pode influenciar política monetária do Fed - Foto: Arquivo

Para especialistas, no atual momento do mercado de câmbio, o PCE pode ser fator determinante para influenciar a trajetória do dólar. O interesse está em saber se vai acrescentar nova queda à coleção de quatro baixas seguidas que acumula ou se vai reverter essa tendência.

Ontem, o dólar fechou a R$ 4,90, no menor valor perante o real desde 9 de junho de 2020.

O PCE é o índice para gastos de consumo pessoal e mede a evolução de preços dos bens e serviços adquiridos pelos consumidores finais, excluindo alimento e energia.

É um dado considerado importante de inflação, porque reflete quanto o americano está disposto a gastar fora os itens da cesta básica de subsistência. Uma despesa custeada, em tese, com o dinheiro que sobra após o desembolso com gastos essenciais.

Especialistas afirmam que os dados do PCE são analisados pelo Fed como parâmetro de inflação e, como tal, capazes de influenciar as decisões sobre juros e medidas de política monetária.

Uma indicação de inflação pressionada, em meio a um ambiente de recuperação mais vigorosa da economia americana, poderia elevar o coro em torno de aumento dos juros e retirada gradual dos estímulos monetários – um programa de compra de títulos pelo Fed que despeja bilhões de dólares no sistema financeiro dos EUA.

Parte desses recursos procura ativos mais rentáveis em outros mercados, incluindo o Brasil, um movimento de capitais que explicaria a atual fraqueza do dólar.

Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, afirma que o PCE está estimado em um intervalo entre 0,3% e 0,6%.

“Se vier acima, sinaliza pressão inflacionária”, mas esse dado não significaria, segundo ela, que o Fed vai alterar os juros no curto prazo. “Isso só aconteceria se a inflação permanecer persistentemente elevada.” Mesmo assim, o dólar poderia ensaiar uma ligeira reação, para depois ficar em compasso de espera.

A economista prevê um efeito impactante sobre o mercado de dólar se vier um dado de inflação em linha ou abaixo do projetado.

“Se vier de acordo com as expectativas poderá manter o apetite pelo risco e, se vier abaixo, poderá aumentar a disposição do investidor em assumir maior risco”, prevê Simone.

Assumir maior risco, no caso, significa sair dos títulos de renda fixa americanos, considerados os mais seguros do mundo, e procurar opções de investimento mais rentáveis em mercados de outros países, incluído o Brasil, o que costuma deprimir o dólar.

Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos, comenta que os dados do PCE podem servir de termômetro sobre como está a inflação nos Estados Unidos e, se sinalizar eventual risco de descontrole, apontar para uma política mais dura do governo americano nas próximas reuniões do Fed e medidas que devem começar a diminuir os estímulos monetários.

NY: futuros em alta

Os contratos futuros negociados nas bolsas de Nova York operam em alta com os investidores no aguardo do índice PCE de inflação referente a maio, divulgado nas próximas horas. No mês passado, a inflação anual americana medida pelo CPI atingiu 5%, o maior nível em 13 anos.

No fechamento da véspera, o Dow Jones subiu 0,95%, a 34.196,82 pontos, o S&P 500 avançou 0,58%, aos 4.266,49 pontos – em novo recorde de fechamento - e o Nasdaq registrou ganho de 0,69% - também com recorde de fechamento - aos 14.369,71 pontos.

O mercado observou indicadores que apresentaram números que sugerem ainda algum tempo para a recuperação, e foram vistos como um indicativo de manutenção da política monetária acomodatícia do Fed.

Os números sugeriram que a economia está indo na direção certa, "mas ainda não está desencadeando nenhum temor de que os formuladores de políticas se precipitem para apertar a política monetária", avaliou Edward Moya, da Oanda, após a publicação de números como os pedidos semanais de auxílio-desemprego na véspera, que seguem elevados.

Os dados de bens duráveis sugerem que a indústria "ainda está trabalhando para superar os tetos e a escassez de suprimentos", aponta o analista.

Entre discursos de dirigentes do Fed, os presidentes das distritais de Richmond, Thomas Barkin, e da Filadélfia, Patrick Harker, adotaram tom cauteloso, ao reforçarem a visão de que a forte inflação nos EUA é passageira e a retomada da economia, incompleta.

CPI da Covid: governadores

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado ouviu na véspera o epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal, e a diretora-executiva da Anistia Internacional e coordenadora do movimento Alerta, Jurema Werneck.

Em paralelo, o Supremo Tribunal Federal formou maioria para confirmar a decisão individual da ministra Rosa Weber de suspender a convocação de governadores para depor. Na avaliação da relatora, eles apenas podem ser convidados a comparecer na comissão parlamentar de forma voluntária.

Durante a oitiva, os pesquisadores responsabilizaram o governo do presidente Jair Bolsonaro - e diretamente o chefe do Planalto - por mortes na pandemia do novo coronavírus. Os apontamentos devem ser usados pela CPI para aumentar as provas contra Bolsonaro na apuração.

"Um pedaço dessas mortes é responsabilidade direta do presidente da República, que não é uma figura que se esconde atrás do governo federal", disse o epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal.

O Brasil poderia ter evitado até 400 mil mortes por covid-19 se tivesse adotado medidas necessárias para conter o avanço da doença, conforme estudos do pesquisador. Só o atraso na compra das vacinas da Pfizer e da Coronavac provocou 95,5 mil mortes, conforme análise feita por Hallal com dados repassados pelos laboratórios na CPI.

"Os senadores da base governista são capazes de defender as ações do governo federal, mas as ações do presidente da República são indefensáveis”, apontou Hallal.

Bolsas asiáticas fecham em alta

As bolsas asiáticas fecharam em alta generalizada nesta sexta-feira, acompanhando o tom positivo de Wall Street na véspera, quando o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou um acordo bipartidário para um projeto de gastos em infraestrutura.

O índice acionário japonês Nikkei subiu 0,66% em Tóquio hoje, aos 29.066,18 pontos, enquanto o Hang Seng avançou 1,40% em Hong Kong, aos 29.288,22 pontos.

Já o sul-coreano Kospi valorizou 0,51% em Seul, para a nova máxima histórica de 3.302,84 pontos, e o Taiex registrou ganho de 0,55% em Taiwan, aos 17.502,99 pontos.

Na China continental, os mercados tiveram desempenho ainda melhor, com alta de 1,15% do Xangai Composto, aos 3.607,56 pontos, e avanço de 1,11% do menos abrangente Shenzhen Composto, aos 2.442,08 pontos.

Há temores de que crescentes pressões inflacionárias possam levar o Fed a antecipar o aperto de sua política monetária. Dirigentes do Fed, no entanto, insistem que o salto da inflação americana é transitório.

Na Oceania, a bolsa australiana também foi impulsionada por Wall Street, e o S&P/ASX 200 avançou 0,45% em Sydney, aos 7.308,00 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.