Logo Mais Retorno

Siga nossas redes

  • Instagram Mais Retorno
  • Youtube Mais Retorno
  • Twitter Mais Retorno
  • Facebook Mais Retorno
  • Tiktok Mais Retorno
  • Linkedin Mais Retorno
renda fixa
Renda Fixa

Guia desmistificando o mercado da renda fixa

No Brasil, a renda fixa é vista por muitos investidores como sinônimo de segurança. Entenda o motivo!

Data de publicação:07/02/2023 às 18:59 -
Atualizado um ano atrás
Compartilhe:

No Brasil, a renda fixa é vista por muitos investidores como sinônimo de segurança. Em parte, essa associação se deve ao uso da tradicional caderneta de poupança oferecida pelas instituições financeiras. No entanto, na prática, esse mercado é muito mais amplo (e complexo) do que se imagina.

Isso porque a renda fixa não se resume aos investimentos na poupança e, a depender do título escolhido, nem mesmo à segurança. Pensando nisso, nós preparamos esse pequeno guia que visa trazer toda a explicação do mercado para que você possa dominar essa classe de ativos e entender de uma vez por todas a sua dinâmica de funcionamento.

Afinal, o que é renda fixa?

Ao contrário do imaginário popular, a definição de renda fixa não é um investimento de segurança, mas sim a previsibilidade de rendimento. E, vale destacar, a previsibilidade é diferente de garantia, algo muito importante nesse mercado.

Na renda variável, afinal, os resultados dos investimentos são absolutamente incertos e estão expostos tanto aos resultados das empresas, como também ao humor dos investidores. Agora mesmo, em 2022, vemos companhias com lucros crescentes que não se convertem em valorização das suas ações.

Na renda fixa, por sua vez, esse cenário de rentabilidade é bem mais tranquilo de projetar. Ao definir o indexador de um título (veremos na sequência o que isso significa), você tem uma indicação sobre qual será o retorno e o fluxo financeiro do investimento.

Isso não significa que não existam riscos nesse mercado. E você, enquanto investidor, precisa monitorá-los na hora de definir uma estratégia de investimentos. Podemos mencionar três deles como principais:

  • Risco de crédito: na renda fixa, nós emprestamos o nosso dinheiro para uma organização. E o ganho do investimento depende dessa empresa honrar com o pagamento. O calote, portanto, é um risco a ser avaliado — e a remuneração precisa compensá-lo.
  • Risco de liquidez: alguns ativos podem não permitir o resgate imediato do investimento ou então exigir um prazo para devolver o seu dinheiro. Esse é o risco de liquidez, que representa o tempo que você pode ficar sem o capital após investi-lo.
  • Risco de mercado: representa as condições econômicas em um determinado momento. Pode afetar os ganhos ou perdas em momentos de antecipação de resgate — é possível, inclusive, ter prejuízo com ativos de renda fixa caso as condições sejam adversas.

Como funciona o mercado de renda fixa?

O mercado de renda fixa é organizado por meio da distribuição de títulos, que podem ser emitidos por instituições financeiras, empresas privadas ou até mesmo o nosso governo. Os três grupos podem sentir a necessidade de captar novos recursos, algo que pode ser feito com a emissão de uma dívida.

Dessa forma, os investidores podem comprar esses títulos e "emprestar" o seu dinheiro para a emissora do ativo. Assim, a companhia (ou o governo) pode utilizar o capital para tocar o projeto ou pagar dívidas, enquanto que o investidor recebe uma promessa de pagamento de juros em data futura.

A lógica, portanto, é a mesma do empréstimo bancário. A diferença é que, ao invés de tomar uma dívida, você passa a ser o credor dela. Ou seja, comprar um título de renda fixa concede o direito de receber, em prazo futuro, uma remuneração pela cessão do capital.

Quanto rende a renda fixa?

Assim como acontece com qualquer formato de investimento, uma das principais dúvidas de um investidor é quanto ele pode ganhar com uma determinada classe de ativos. E, no caso da renda fixa, vários fatores podem influenciar o seu rendimento.

É o caso, por exemplo, da companhia emissora do papel. Quanto menos confiável é a empresa do ponto de vista da sua capacidade de pagamento, maior deve ser a remuneração. Por que você investiria em um pequeno negócio se ele oferecesse a mesma taxa de juros do Bradesco, que é um banco gigantesco?

Outro fator que influencia bastante o retorno de um título é a sua data de vencimento, que é o dia em que a empresa devolve o seu capital com o acréscimo dos juros acordados. Quanto mais longo for o prazo do título, maior deve ser o pagamento. Isso acontece porque, afinal, há um aumento de incerteza sobre o cenário econômico futuro.

Por fim, mas extremamente importante, o formato de remuneração do ativo é o que vai pautar os seus rendimentos. Na renda fixa, os juros podem ser definidos de três maneiras distintas. São elas:

  • Prefixada: aqui, sem muito segredo, os rendimentos são definidos com uma taxa de juros fixa como, por exemplo, 8,0% ao ano. Independente do ambiente econômico, esse será o seu ganho anual.
  • Pós-fixada: além da taxa prefixada, muitos títulos optam por oferecer uma rentabilidade atrelada a um indexador — como Taxa Selic, CDI, entre outros. Assim, o pagamento dos juros vai acompanhar esse indicador, aumentando ou diminuindo conforme as condições econômicas.
  • Híbrida: por fim, em alguns casos, os títulos podem adotar uma mescla dos dois formatos anteriores. Isto é, uma parte prefixada e outra pós-fixada. Uma taxa de remuneração de IPCA + 3,0%, por exemplo, representa que o ativo vai acompanhar a variação do IPCA e ainda somar uma taxa de 3,0% neste período.

Para entender melhor o impacto das taxas de juros nos seus investimentos, recomendamos que escute a edição 67 do RetornoCast, onde abordamos a volta das taxas de juros elevadas.

A renda fixa não é fixa...

A compreensão dos formatos de rentabilidade da renda fixa permite uma conclusão inesperada: ela não é tão "fixa" assim. Especialmente para títulos pós-fixados, onde os ganhos vão variar juntamente com o seu indexador.

Se você investe em um título que rende 110% do CDI, por exemplo, isso significa que ele vai te entregar uma remuneração 10% acima desse indicador (que é a principal referência de taxa de juros entre as instituições financeiras). No entanto, ela será maior ou menor de acordo com a movimentação do próprio CDI.

Portanto, nós seguimos com uma previsibilidade dos nossos rendimentos, mas não sabemos com exatidão quais serão eles. E esse é um ponto crucial desse mercado.

Além disso, uma boa parte dos títulos de renda fixa oferecem liquidez diária. Esse é o nome técnico para a venda antecipada de um ativo, permitindo que você resgate o valor investido antes da data de vencimento. Isso permite maior flexibilidade para a gestão do capital, mas pode fazer com que você perca ou ganhe dinheiro.

O que acontece é que, embora exista uma data de vencimento, os títulos são marcados a mercado (nome dado ao processo de precificação diária do ativo). Assim, caso opte por realizar essa venda antecipada, o pagamento vai depender da condição de mercado.

Imagine que você investiu em um título prefixado, com a taxa de 8,0% ao ano. No entanto, por qualquer motivo, precisou resgatar o capital em um momento em que os bancos ofereciam títulos similares pagando 10,0% ao ano. Percebe que houve uma desvalorização do seu ativo? Há uma oferta melhor, algo que naturalmente influencia a precificação do seu título.

Importante mencionar que essas oscilações diárias são apenas teóricas para quem não solicitar o resgate. Caso mantenha o ativo na sua carteira de investimentos até a data de vencimento, você então recebe os valores acordados normalmente. De qualquer forma, é importante entender esses detalhes sobre a remuneração da renda fixa.

Quais são os tipos de renda fixa?

Um outro ponto bem legal sobre a renda fixa é que existem três tipos diferentes de títulos. Eles possuem a mesma lógica que destacamos anteriormente, mas possuem diferenças entre os seus emissores e o nível de risco dos papéis.

Abaixo, nós vamos passar brevemente sobre os três principais grupos de títulos de renda fixa: públicos, bancários e privados.

Títulos públicos

Os títulos públicos são aqueles emitidos pelo nosso governo. Eles visam a captação de recursos para investimentos em escolas, hospitais, infraestrutura, entre outras responsabilidades sociais.

Do ponto de vista econômico, esse é um formato de investimento mais seguro. Isso porque o governo é responsável pela política monetária do país e, em última instância, pode emitir papel moeda para pagar suas dívidas — ainda que isso traga consequências severas para a economia.

Dessa forma, os títulos públicos são considerados como muito seguros na medida em que é improvável um calote do governo. Desde 2002, eles são disponibilizados em uma plataforma de negociação chamada de Tesouro Direto, permitindo o acesso aos ativos por parte dos pequenos investidores.

Assim como os grupos de renda fixa, existem também três tipos de títulos públicos atualmente:

  • Tesouro Selic (LFT): é o título pós-fixado do governo, que possui rentabilidade associada à Taxa Selic. Isto é, a remuneração acompanha a nossa taxa básica de juros. É considerado como o investimento mais seguro do mercado financeiro do Brasil. Conheça mais sobre o impacto da Taxa Selic nos investimentos neste artigo.
  • Tesouro Prefixado (LTN): é um formato prefixado, que possui a taxa de juros definida no ato do investimento. Geralmente, ela fica um pouco acima do Tesouro Selic como um prêmio de risco para o investidor que opta por "travar" a sua rentabilidade.
  • Tesouro IPCA (NTN-B): por fim, o Tesouro IPCA tem como proposta garantir juros reais para o investidor. A remuneração desse título acompanha o principal índice inflacionário do país, mas entrega um adicional prefixado. A taxa de juros, portanto, é híbrida.

Abaixo, comparamos três versões desses títulos com vencimento próximo, em 2023. Note como o Tesouro Selic (LFT) apresenta um comportamento extremamente similar ao CDI, enquanto que os demais formatos já trazem um cenário de maior risco e incerteza. Você pode analisar os títulos públicos pela nossa ferramenta de comparação de ativos.

imagem 1 guia de renda fixa.png

Títulos bancários

O segundo grupo de títulos de renda fixa são aqueles emitidos pelas instituições financeiras, em especial pelos bancos. Aqui, quanto menor é a empresa, maior também o risco e, portanto, a expectativa por taxas de juros mais atrativas.

Enquanto o governo costuma indexar os seus títulos à Taxa Selic, nos títulos bancários é mais comum vê-los atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (o popular CDI), que é uma taxa média de pequenos empréstimos diários realizados entre instituições financeiras para manter o caixa sempre positivo — uma exigência do nosso Banco Central.

O CDI é, geralmente, muito próximo à Taxa Selic. Veja, no gráfico abaixo, como não conseguimos ver a diferença entre a linha dos dois indexadores ao longo do tempo pela nossa ferramenta. No período, a diferença de rendimento foi de 0,01%.

imagem 2 guia de renda fixa.png

Os bancos lucram por um mecanismo chamado de spread bancário, que é uma diferença entre as taxas de juros pagas aos seus investidores e aquelas cobradas quando é a instituição financeira quem empresta o dinheiro.

Veja alguns dos títulos bancários mais populares:

* Dica importante: LCI e LCA, ao menos até a última revisão deste artigo, eram produtos isentos de Imposto de Renda para o investidor Pessoa Física. Isso acontece porque eles são lastreados e direcionados para setores estratégicos da nossa economia. Não deixe de considerar esse detalhe antes de escolher um título para investir.

Títulos privados

Por fim, ainda nos restam as companhias privadas que não pertencem ao segmento bancário. Elas também podem emitir títulos de dívida, que neste caso são classificados como crédito privado. Caso goste dessa categoria, nós tivemos uma discussão bem interessante sobre como investir em títulos privados que pode te ajudar.

De um modo geral, os títulos privados embutem maior risco do que os títulos públicos (emitidos pelo governo) ou os títulos bancários (que possuem proteção do FGC — Fundo Garantidor de Crédito). No entanto, a definição do risco depende diretamente de qual é a empresa emissora da dívida.

Entre os títulos privados, os casos mais comuns de ativos de renda fixa são as debêntures, o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI).

Fundo de renda fixa: como funciona?

Se você se sentiu um pouco perdido em relação à variedade de tipos de títulos da renda fixa e a sopa de letrinhas dessa classe de ativos, não se preocupe! É bem normal fazer alguma confusão porque, conforme adiantamos, essa categoria é bem complexa e está longe de se resumir à caderneta de poupança.

Uma forma simplificada de investir em renda fixa é buscar por um fundo de investimentos, que é um veículo em que um time de gestão faz a alocação do seu capital e, em troca, cobra uma pequena remuneração (chamada de taxa de administração). Um fundo de renda fixa deve ter ao menos 80% do seu patrimônio em ativos dessa categoria.

Os fundos de renda fixa ainda podem se dividir em alguns formatos: simples (95% ou mais da carteira alocados em títulos públicos), curto prazo (títulos com prazo de vencimento de até um ano), longo prazo (títulos com prazo de vencimento superior a um ano) e referenciado (95% ou mais dos ativos são indexados a um índice comum).

Importante mencionar que existem categorias de fundos de renda fixa, como pós-fixados, inflação ou crédito privado. Eles são específicos para um formato de ativo e possuem riscos que devem ser analisados individualmente.

Caso tenha gostado desse formato de produto, veja a nossa explicação completa sobre a dinâmica dos fundos de renda fixa. Além disso, como forma de deixar essa análise mais prática, aproveite para conferir o desempenho desses fundos em junho de 2022.

Qual é a importância da Taxa Selic para a renda fixa?

Total! A Taxa Selic acaba por ser uma das principais ferramentas de política monetária para o Banco Central. Quando a inflação (aumento dos preços) está elevada, o crescimento dos juros é um caminho para reduzir o consumo. E o contrário também é verdadeiro.

A Taxa Selic é definida a cada 45 dias em uma reunião realizada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Quando ela é elevada, acaba beneficiando os rendimentos da renda fixa pós-fixados em juros — seja para títulos indexados à Taxa Selic, seja pelo CDI, que tem um comportamento muito similar.

Da mesma forma, em um ciclo de baixa da Taxa Selic, os rendimentos de renda fixa acabam perdendo força e é comum ver um aumento de interesse sobre ativos de renda variável, como ações ou fundos imobiliários (que possuem cotas negociadas em bolsa de valores, mas oferecem pagamentos mensais de rendimentos).

Caso queira se aprofundar na diversificação de ativos, confira a nossa análise sobre os investimentos em renda fixa e fundos imobiliários.

Mercado secundário: como negociar meus títulos?

Para encerrar o nosso guia sobre renda fixa, é importante mencionar que nem sempre é necessário aguardar a data de vencimento para resgatar o dinheiro investido. Além dos ativos com liquidez diária, que mencionamos anteriormente, você também pode negociá-los no mercado secundário de renda fixa.

Dentro do mercado financeiro, há uma diferenciação entre dois tipos de negociações:

  • Mercado primário: representa a primeira negociação de um ativo, na qual uma empresa (ou governo) emite ao mercado uma oportunidade de investimento.
  • Mercado secundário: após a primeira negociação do ativo, os investidores podem negociar títulos e ações entre si, de acordo com as condições econômicas e interesses de compra e venda.

Ou seja, mesmo que o seu título de renda fixa não tenha liquidez diária, ele pode ser vendido no mercado secundário. No entanto, ao contrário da renda variável, o pequeno investidor não tem acesso direto a ele. Portanto, caso queira seguir esse caminho, você deve entrar em contato com o assessor de investimentos responsável pela sua conta na corretora.

Para entender mais sobre o funcionamento do mercado secundário de renda fixa, recomendamos que você escute o episódio 10 do RetornoCast, onde abordamos um pouco mais sobre as diferenças entre as corretoras para negociar os títulos dessa classe de ativos.

---

Ufa! Chegamos ao final do nosso guia de renda fixa. E, como você pode perceber, há uma série de detalhes que envolvem esse mercado. O importante é entender toda essa variedade de ativos para tomar a melhor decisão de investimento visando os seus objetivos financeiros.

E, caso tenha ficado com alguma dúvida, não hesite e entre em contato conosco. Estamos sempre disponíveis para ajudá-lo a entender melhor a dinâmica do mercado financeiro.

Sobre o autor
Stéfano Bozza
Formado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.

® Mais Retorno. Todos os direitos reservados.

O portal maisretorno.com (o "Portal") é de propriedade da MR Educação & Tecnologia Ltda. (CNPJ/MF nº 28.373.825/0001-70) ("Mais Retorno"). As informações disponibilizadas na ferramenta de fundos da Mais Retorno não configuram um relatório de análise ou qualquer tipo de recomendação e foram obtidas a partir de fontes públicas como a CVM. Rentabilidade passada não representa garantia de resultados futuros e apesar do cuidado na coleta e manuseio das informações, elas não foram conferidas individualmente. As informações são enviadas pelos próprios gestores aos órgãos reguladores e podem haver divergências pontuais e atraso em determinadas atualizações. Alguns cálculos e bases de dados podem não ser perfeitamente aplicáveis a cenários reais, seja por simplificações, arredondamentos ou aproximações, seja por não aplicação de todas as variáveis envolvidas no investimento real como todos os custos, timming e disponibilidade do investimento em diferentes janelas temporais. A Mais Retorno, seus sócios, administradores, representantes legais e funcionários não garantem sua exatidão, atualização, precisão, adequação, integridade ou veracidade, tampouco se responsabilizam pela publicação acidental de dados incorretos.
É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos, ilustrações ou qualquer outro conteúdo deste site por qualquer meio sem a prévia autorização de seu autor/criador ou do administrador, conforme LEI Nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
® Mais Retorno / Todos os direitos reservados