Fundos do BB e Nubank estão entre os piores resultados na renda fixa em 2023
Exposições ao crédito privado, em debêntures especialmente de Americanas, mas também da Light, ou ao exterior e câmbio estão por trás do desempenho
Nem todos os fundos de renda fixa estão conseguindo surfar na onda positiva dos juros altos. Cinco deles apresentam resultado negativo em 2023, e três deles também em período mais longo, em 12 meses.
São fundos com exposição ao exterior e também ao crédito privado. O estudo da Mais Retorno considerou um universo de 922 fundos, abertos ao público com um total a partir de 100 cotistas e patrimônio líquido de R$ 20 milhões, e seu desempenho até o dia 12 de maio.
Fundo | Rend. 2023 | Rend. 12 meses | Cotistas |
BB Bonds Globais FX Private | -5,23 | -1,20% | 828 |
BB Dívida Externa Mil | -5,17% | -1,24% | 3,92 mil |
BV Crédito Ativo | -0,53% | 8,86% | 163 |
Nu Reserva Planejada | -0,37% | -.- | 7,81 mil |
Journey C. Vitreo Inc. Inv. Infra. | -0,08% | -0,19% | 813 |
O que há nas carteiras dos 5 fundos
A seguir, as principais posições nos protfólios dos cinco fundos que estão com resultado negativo no ano. Algumas carteiras são de janeiro de 2023, último mês em que o gestor abriu a composição, outras são mais atuais, de abril.
Exposição ao dólar e exterior
Os dois fundos do Banco do Brasil, os que apresentam as maiores quedas em 2023 e também em 12 meses, têm exposições a investimentos no exterior e ao dólar.
Os gestores esclarecem que os dois fundos permitem aos clientes uma exposição à moeda americana e a títulos negociados em outros mercados, com maior diversificação de seus investimentos. “Esses fundos são voltados para um perfil específico de investidor, que busca exposição ao câmbio e a outros mercados, além do doméstico.
Embora, o desempenho dos fundos de renda fixa seja costumeiramente comparado a juros, como o CDI, pela natureza e composição de carteira dos dois fundos, “não é razoável a mensuração da performance, tanto do ponto de vista técnico quanto comercial, destas estratégias ao CDI”, afirmam os gestores.
Eles destacam também que as estratégias do Bonds Globais e do Dívida Externa Mil estão expostas à variação cambial. Caso o dólar desvalorize frente ao real, haverá impacto negativo nas cotas, porque não possuem hedge.
O BB Renda Fixa Bonds Globais FX IE Private, detalham os gestores, aloca na estratégia BB Global Fixed Income, que é posicionada em crédito privado global. Em média, de 85 a 90% da carteira é exposta à performance do BB Global Fixed Income, adicionada à variação cambial. Os demais 10 a 15% do fundo também são expostos à variação cambial por meio do uso de derivativos e do dólar futuro.
Já o BB Dívida Externa Mil é um fundo composto por títulos da dívida externa do governo brasileiro. Em média, de 90 a 95% da carteira é exposta a performance dos títulos adicionada da variação cambial.
Efeito Americanas
Internamente, a crise de Americanas e, na sequência, também da Light, as duas em recuperação juidical, acabaram atrapalhando a vida dos fundos de renda fixa com crédito privado. Os que carregavam debêntures dessas empresas, que deixaram de pagar os investidores, foram atingidos e registraram perdas.
O BV Crédito Ativo, por exemplo, tinha exposição às duas empresas. De acordo com os dados de janeiro, 2,06% , ou R$ 1,95 milhão, de seu patrimônio estava em debêntures da Light, e 0,27%, R$ 253 mil, em debêntures da Lojas Americanas.
Em abril, o fundo havia reduzido a alocação em Light para 0,81%, mas aumentando para 0,36%, em Americancas. Em 12 meses, o retorno do BV Crédito Ativo é positivo em 8,86%.
Em sua carteira de abril 49,55% estão pulverizados em debêntures de 32 empresas e 24% estão alocados em CDBs e Letras Financeiras de 7 bancos.
Posição zerada
O Nu Reserva é formado por cotas de outro fundo, do Nu Yield FI RF CP que, por sua vez, contava em dezembro de 2022 com forte posição em debêntures de Americanas, 6,21% de seu patrimônio ou R$ 8,33 milhões. Com a crise da varejista, essa posição foi zerada em janeiro, de acordo com a gestora.
“A Nu Asset Management afirma que o fundo Nu Reserva Planejada foi um entre centenas de fundos de renda fixa de toda a indústria impactados por evento específico de janeiro. De forma diligente, imediatamente revisitamos os limites e a posição de ativos da empresa afetada, zerando a exposição no mesmo mês”.
A gestora ainda esclarece que o Nu Reserva nunca teve em sua carteira bonds offshore ou outras empresas que entraram em processo de recuperação judicial ou extra-judicial, e que “o fundo já mostra recuperação, com registro sequencial de valor positivo das cotas”.
“O Nu Reserva Planejada segue trajetória de rentabilidade de longo prazo, apoiada em estratégia de diversificação de títulos de renda fixa, públicos ou privados (CDBs, Letras Financeiras, Debêntures, entre outros). Ao final de 2022, o fundo chegou a registrar rentabilidade de aproximadamente 137% do CDI”, complementa a Nu Asset.
Concentração
O Journey Capital Vitreo Incentivado Investimento Infraestrutura contava em janeiro deste ano com 97% do seu patrimônio em apenas 1 papel, em debêntures da Concessionária Rodovias do Tietê.
Portanto, o desempenho do fundo está diretamente atrelado à valorização ou desvalorização do título.
A trajetória em 2023
Os gráficos mostram a evolução de cada fundo em 2023 até o dia 15 de maio, e também o desempenho do CDI, refletindo a Selic em níveis elevados, no mesmo período.
BB Bonds
O BB Bonds Globais FX tem um patrimônio de R$ 47,99 milhões e 828 cotistas.
BB Dívida Externa
O BB Dívida Externa Mil tem um patrimônio líquido de R$ 56,17 milhões e 3,92 mil cotistas.
BV Crédito Ativo
O BV Crédito Ativo tem um patrimônio líquido de R$ 62,37 milhões e 163 cotistas.
Nu Reserva Planejada
O Nu Reserva Planejada tem patrimônio líquido de R$ 125,66 milhões e 7,81 mil cotistas. O fundo foi lançado em junho de 2022 e, por isso, não apresenta rendimento acumulado dem 12 meses na tabela acima.
Journey Capital Vitreo
O Journey Vitreo tem um patrimônio líquido de R$ 47,90 milhões e 813 cotistas.
Procuradas, as outras gestoras não haviam retornado até o fechamento desta edição.
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