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Fundos de renda fixa ganham fôlego com Selic mais alta e superam a inflação de janeiro; veja ranking dos campeões

Mais da metade dos fundos de renda fixa pagou rendimento líquido positivo aos cotistas

Data de publicação:14/02/2022 às 12:30 - Atualizado 2 anos atrás
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A performance dos fundos de renda fixa em janeiro parece confirmar a previsão de especialistas de que 2022 tem tudo para ser o ano da renda fixa. Do lote de 812 produtos dessa classe de ativos, pesquisados pela Mais Retorno, 618 (76%) renderam acima da inflação de 0,54% do mês. Mais relevante: entre os que superaram a inflação, 471 (58%) proporcionaram rendimento bruto superior a 0,70%. Um resultado que permite dizer que, descontado o imposto de renda pela alíquota de 22,50% que incide sobre as aplicações de prazo mais curto, esses 471 fundos entregaram rentabilidade líquida positiva aos cotistas.

O universo de fundos de renda fixa que serviram de base de levantamento foram produtos com mais de um ano de existência, mais de 60 cotistas, patrimônio superior a R$ 17 milhões e abertos ao público.

Fundos campeões em janeiro

FundoRend. jan/2022Rend. 12 mesesPatrimônio
em R$ milhões
Infinity Tiger Alocação Dinâmica1,47%14,02% 58,697
Infinity Select 1,29% 9,94% 89,723
CA Indosuez Vitesse1,19% 9,57% 607,446
Bradesco RF Deb. Incentivadas Inv. Infr.1,12% 8,33%1.388,828
CA Indosuez DI Master Ref.1,08% 7,51% 279,591
Devant Magna1,02% 9,66% 56,343
Kinea IPCA Dinâmico1,00% 4,59%1.571,837
Itaú Kinea IPCA Dinâmico1,00% 4,57%1.584,375
V8 Vanquish Termo0,99% 5,87% 148,023
FI Vinci RF CP0,99% 4,97% 159,545
Fonte: Mais Retorno

O campeão em janeiro foi o Infinity Tiger Alocação Dinâmica FI RF, com rendimento de 1,47%. Foi o fundo também que mais brilhou no ranking dos últimos 12 meses e um dos três que suplantaram a inflação, com uma rentabilidade acumulada de 14,02% no período. Um rendimento que embute uma margem positiva de 3,30% em relação ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 10,38% de 12 meses.

Três outros fundos, além do Infinity Tiger Alocação Dinâmica FI RF, que se destacaram na lista dos dez mais rentáveis de janeiro conquistaram posição também no ranking dos mais bem performados em 12 meses: Infinity Select FI RF LPl, que rendeu 1,29% em janeiro e 9,94% em 12 meses; o CA Indosuez Vitesse FI RF CP, com 1,19% em janeiro e 9,57% em 12 meses, e Devant Magna FI RF CP LP, com 1,02% em janeiro e 9,66% em 12 meses.

O Infinity Tiger Alocação Dinâmica FI RF não esteve sozinho no grupo de produtos que bateram a inflação do período. Está em companhia de outros dois fundos que entregaram ganho real aos cotistas: o Schroder Premium 45 Advisory FI RF CP LP, com rentabilidade acumulada de 11,47% ou 0,99% de ganho positivo acima da inflação. O Sul América Premium FI RF Referenciado ficou praticamente emparelhado, com ligeira margem acima do IPCA, ao entregar rendimento de 10,41% nos últimos 12 meses.

Fundos de renda fixa campeões em 12 meses

FundosRend. 12 mesesRend. jan/22Patrimônio
R$ milhões
Infinity Tiger Alocação Dinâmica14,02%1,47% 58,697
Schroder Premium 45 Advisory11,47%0,94% 153,870
Sul America Premium Ref.10,41%0,80% 103,341
BTG Pactual Deb. Incentivadas10,07%0,86% 264,207
Infinity Select 9,94%1,29% 88,723
Schroder High Grade Adv. 9,86%0,81%1.804,247
CA Indosuez Agilité 9,85%0,99% 580,685
Devant Magna 9,66%1,02% 56,343
CA Indosuez Vitesse 9,57%1,19% 607,446
ARX Vinson Clean Fee 9,24%0,83% 21,555
Fonte: Mais Retorno

Os dez fundos de renda fixa mais rentáveis em 12 meses, com rendimento que variou entre 14,02% e 9,24%, fizeram bonito em relação ao benchmark que o gestor mira como referência para o desempenho da carteira. Esse índice, o CDI, teve uma variação ao redor de 4,50%. No período, o Ibovespa (Índice Bovespa, principal índice da B3) acumulou variação negativa de 2,54%.

Não apenas pelos dados passados, mas pelas perspectivas macroeconômicas os especialistas afirmam que a rentabilidade da renda fixa e, por tabela, dos fundos de renda fixa mudou de patamar, com previsão de entrega de rendimentos cada vez mais encorpados aos cotistas. Tanto em termos nominais como reais, acima da inflação.

A aposta está escorada no cenário de continuidade de elevação da Selic e desaceleração da inflação, como indicam os dados projetados pelo boletim Focus e pelo próprio Banco Central (BC). Economistas do mercado financeiro estimam uma inflação pelo IPCA de 5,44%, conforme o último relatório Focus, e uma Selic em torno de 11,75% a 12% no fim de 2022.

A persistente alta da Selic – e a perspectiva de que ela permaneça em nível elevado até o fim do ano – e a previsão de queda da inflação estão empurrando os investidores para a renda fixa. Dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) apontam que os fundos de renda fixa tiveram em janeiro uma captação líquida (volume de depósitos superior ao de resgates) de R$ 22,4 bilhões, compensando parte da sangria de R$ 56,9 bilhões de dezembro.

Foto: Reprodução

Embora a reação dessa classe de ativos fixa esteja ficando mais visível ao investidor agora, o processo gradual de recuperação dos fundos de renda fixa vem desde o ano passado, segundo especialistas, quando o BC acelerou o ritmo de calibragem da Selic.

A renda fixa, no entanto, não é uma classe homogênea de ativos e tampouco seus produtos, com algumas exceções, são algo previsível e sem volatilidade, como costumam ser caracterizados. Está aí um dos motivos das disparidades de desempenho dos fundos, que depende da composição de ativos em carteira.

Oferecem em geral menos volatilidade os produtos atrelados ao CDI, como CDBs, LCIs (letras de Crédito Imobiliário) pós-fixados, fundos DI e os fundos de crédito privado, um dos grandes destaques de 2021. A classe de fundos de crédito vem em recuperação desde o segundo semestre de 2020, após as pesadas perdas sofridas no início da pandemia.

Especialistas têm dado destaque, dentre os investimentos atrelados ao CDI, aos fundos de crédito, que se beneficiam da alta da Selic e também do prêmio de risco, um retorno adicional atraente, acima da taxa básica, oferecido pelas empresas para captar recursos de investidores.

Produtos que, mesmo sendo de renda fixa, oferecem mais risco, de acordo com especialistas, são os títulos privados como CDB e LCIs prefixados e títulos públicos como Tesouro IPCA e Prefixado, além de fundos atrelados aos índices IRF-M e IMA-B. São ativos sujeitos a maiores oscilações, porque acompanham as variações das curvas de juros futuros, que por sua vez são influenciadas pelas expectativas de inflação e Selic.

O IRF-M e o IMA-B são índices que representam uma carteira de títulos públicos federais e são adotados como benchmark de fundos de renda fixa mais arrojados. O IRF-M replica uma cesta de títulos públicos prefixados e o IMA-B, uma cesta de títulos públicos indexados à inflação.

Ambos os índices foram fortemente impactados pela forte elevação das curvas de juros futuros, na esteira da escalada da inflação e da Selic em 2021. O IRF-M acumulou queda de 2,1% e o IMA-B, de 1,4%, no ano.

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Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.