Fundos de renda fixa atraem investidores, aumentam captação e turbinam rendimento em 2021
Rentabilidade começa a ganhar corpo para repor as perdas para a inflação
Os fundos de renda fixa recuperaram a atratividade no segundo semestre, como consequência de uma elevação mais agressiva das taxas de juro. Em novembro, 160 desses produtos, de um total de 787 abarcados pelo levantamento exclusivo da Mais Retorno, renderam mais que 1%. Um rendimento acima da inflação de 0,95% calculada pelo IPCA no mês.
O reforço na rentabilidade ajuda a engordar também as captações líquidas dessa classe de ativos. Após ser jogados a escanteio, em um cenário de Selic na mínima histórica e sem atratividade diante de uma inflação persistentemente em alta, esses produtos conservadores voltaram a atrair o olhar de investidores até então direcionado para o mercado de ações.
O tempo virou favorecendo a renda fixa a partir do início do ciclo de correção mais forte da Selic e das estimativas de inflação cada vez mais elevadas. A reversão de cenário de inflação e juros, seguida pela migração de parcela dos recursos da bolsa de valores, fez com que os investidores elegessem os fundos de renda fixa como a bola da vez dentre as opções mais conservadoras.
Dez maiores fundos de renda fixa em 2021
O ingresso líquido de recursos aumentou no segundo semestre, apontam os dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). A expectativa é que, diante do interesse e da procura pelos investidores que querem reduzir ou evitar a exposição a risco, os fundos de renda fixa fechem o ano com mais da metade do volume de captação líquida de toda a indústria de fundos.
Os ventos a favor devem reforçar a supremacia dos fundos de renda fixa em patrimônio. Os dez maiores dessa classe detêm cada um volume de recursos acima de R$ 18 bilhões. O BB RF Curto Prazo Automático Setor Público é o mais encorpado, com patrimônio de R$ 113,0 bilhões, de uma lista que o BB RF Simples FI fecha com R$ 18,8 bilhões.
O total da soma de valores depositados nesse grupo de dez fundos chega a R$ 398,7 bilhões, volume equivalente a 28% do total de R$ 1,498 trilhão sob gestão de 787 fundos que integram essa classe de ativos. Um montante que faz dos fundos de renda fixa o detentor do maior patrimônio da indústria de fundos de investimento.
É a classe que mais atrai recursos, uma procura que tende a crescer, à medida que a Selic escala patamares cada vez mais elevados, segundo especialistas. A taxa básica está atualmente em 9,25%, mas as estimativas no mercado financeiro apontam para uma Selic no intervalo entre 11,50% e 11,75% ao ano, no fim do atual ciclo de elevação previsto para março.
Patrimônio robusto não é garantia de maior rentabilidade
O segundo semestre, marcado por um ritmo de elevação mais forte da Selic, carreou uma enxurrada de recursos para esses fundos. Dados da Anbima indicam que a captação líquida (depósitos menos resgates) foi de R$ 21,912 bilhões em junho; de R$ 34,142 bilhões em julho; R$ 50,166 bilhões em agosto; R$ 35,545 bilhões em setembro; R$ 10,883 bilhões em outubro, e R$ 26,830 bilhões em novembro.
Musculatura no volume patrimonial, contudo, não significa maior rentabilidade. Os 10 fundos de renda fixa com melhor desempenho no ano não fazem parte do grupo de detentores de maior patrimônio.
E foi dessa lista de dez que saíram também os três fundos que renderam mais que o IPCA de 9,26% acumulado em 11 meses e conseguiram proteger o dinheiro dos cotistas contra os efeitos corrosivos da inflação.
Três fundos de renda fixa renderam acima da inflação em 2021
O trio vitorioso na corrida contra a inflação no ano é formado pelo Infinity Tiger Alocação Dinâmica FI RF, com rendimento de 10,97%, pelo Schroder Premium 45 Advisory FI RFCP LP, com 10,37%, e pelo BTG Pactual Debêntures Incentivadas, com 0,49%.
O Infinity TigerAlocação Dinâmica FI RF, com patrimônio de R$ 53,1 milhões, suplantou a inflação tanto em 11 quanto em 12 meses. O objetivo do fundo é superar a variação do CDI investindo em uma carteira diversificada de ativos financeiros. Em 116 meses, o rendimento rodou 66 meses acima do CDI e 50 vezes abaixo.
O Schroder Premium 45 Advisory FI RF CP LP, com patrimônio de R$ 119,7 milhões, investe preponderantemente em ativos de crédito privado de empresas com baixo risco de inadimplência (crédito high grade e crédito high yield). O objetivo de retorno gira no intervalo entre CDI+1% a CDI+1,5% no longo prazo.
O BTG Pactual Debêntures Incentivadas, com patrimônio de R$ 215,8 milhões, aplica no mínimo 95% de seus recursos em cotas do BTG Pactual Debêntures Incentivadas Master FI Renda Fixa Crédito Privado.
Dois fundos ganharam da inflação em 12 meses
No ranking de 12 meses, apenas dois fundos de renda fixa conseguiram superar a inflação do período, de 10,74%. O Infinity Tiger Alocação Dinâmica repetiu o feito de 11 meses do ano, e, com rendimento de 20,12% em 12 meses, compôs com o Infinity Select FI RF, com rentabilidade de 15,33%, a dupla de fundos vencedora contra a inflação de 10,74% acumulada no período.
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