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Economia

Entenda tudo sobre como a alta do petróleo e do preço dos combustíveis afeta os seus investimentos

Papéis de Petrobras se tornaram mais atrativos, mas há riscos políticos

Data de publicação:18/02/2022 às 17:03 -
Atualizado 2 anos atrás
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Desde o início de 2021, o preço do petróleo já subiu 85%. Considerando os efeitos nos negócios, a evolução dos preços tem beneficiado as empresas petrolíferas, em particular a Petrobras. Por outro, isso pressiona a inflação já em alta. Esse movimento chega aos investimentos

Na análise desenvolvida pelos estrategistas da XP Investimentos, Jennie Li, Fernando Ferreira, André Vidal, Tatiana Nogueira e Rebecca Nossig, é possível entender como a subida do preço dessa commodity afeta o preço da gasolina na economia, e o porquê das recentes discussões em relação ao reajuste de preços de combustíveis.

petróleo investimentos
Brasil é um dos 10 maiores produtores de petróleo do mundo - Foto: Reprodução

O Brasil é um dos 10 maiores produtores mundiais de petróleo. Suas reservas provadas totalizam atualmente quase 12 bilhões de barris, fazendo com que o país esteja na lista dos 20 países com as maiores reservas provadas de petróleo do mundo, com 1% do total de reservas mundiais da commodity.

A extração de petróleo no Brasil é feita por meio das reservas desse recurso natural, que se encontram em bacias sedimentares localizadas tanto no continente, as chamadas bacias onshore, quanto na costa brasileira, conhecidas como offshore.

A extração de petróleo é realizada em 10 estados brasileiros, dos quais o Rio de Janeiro destaca-se com a maior produção, e as Bacias de Santos e Campos como as maiores produtoras. A descoberta da camada do pré-sal, em 2007, foi um marco na história do petróleo brasileiro e, atualmente, 70% da produção do Brasil é derivada de campos do pré-sal.

Entenda as diferenças

Pré-sal

Camada mais profunda, abaixo de 5.000 metros da superfície, para a retirada do petróleo. O pré-sal tem petróleo de densidade média mais fácil de refinar e mais valioso – devido as temperaturas encontradas em suas profundezas, que não permitem a proliferação de bactérias que se alimentam de frações mais leves – e de maior qualidade – do petróleo.

Pós-sal

Camada de formação mais nova, que fica entre 2.000 e 3.000 metros de profundidade, mais próxima da superfície do que o pré-sal. O petróleo retirado dessa camada tem uma qualidade mais “baixa” – petróleo do tipo pesado – tornando seu refino um processo mais caro.

Terra e águas rasas

Encontram-se bem próximos à superfície. Apresentam uma produção menos complexa e mais barata do que as águas profundas, porém a qualidade do petróleo também é “baixa” e a capacidade de produção dessas bacias é menor .O percurso da extração até a bomba de combustível.

Em seguida, esse petróleo é enviado às refinarias, para que ele passe por uma série de processos químicos e físicos. Após esses processos, o petróleo dá origem a produtos como gasolina, gás liquefeito e óleo diesel, que são os combustíveis que vemos nos postos de petróleo.

Há mais de 15 anos, o Brasil passou a ser considerado autossuficiente em petróleo, o que significa dizer que a produção do recurso supera o consumo. Porém, mesmo assim, o País importa uma pequena parcela de barris de derivados de petróleo para compor o blend, como é chamada a mistura do petróleo brasileiro com outros tipos e que possibilita o seu refino.

Como as refinarias no País foram construídas majoritariamente na década de 70, quando o petróleo consumido em território nacional ainda era importado, sua capacidade de refino é referente a qualidade do petróleo importado – um petróleo bem mais “puro e leve”. Com o aumento da produção nacional do commodity, principalmente devido ao pré-sal, houve uma redução das necessidades de importação. Mas, ainda assim é necessário que o país importe uma pequena parcela de petróleo para permitir que as refinarias locais sejam capazes de processar o petróleo nacional.

Passada a etapa de refino, o combustível é vendido para as distribuidoras, que disponibiliza o produto nos postos de combustível. Ao chegar na bomba, os combustíveis têm seu preço composto por diversos componentes: o custo do etanol anidro ou biodiesel (que é mistura a gasolina e ao diesel); a taxa de distribuição e revenda; impostos estaduais (ICMS) e federais (PISe Cofins); além do próprio custo de aquisição do combustível pela Petrobras.

Preço do petróleo e investimentos

Em janeiro deste ano, o preço do barril de petróleo Brent foi negociado acima de 90 dólares, o maior dos últimos 7 anos.

Os preços do barril de petróleo no mercado internacional têm se recuperado nos últimos meses, influenciados principalmente devido ao desequilíbrio entre oferta e demanda – o crescimento do consumo esperado no pós-pandemia é maior que o aumento da produção. E recentemente, os preços têm sido pressionados ainda mais pelas tensões geopolíticas entre a Ucrânia e a Rússia, sendo esta última o terceiro maior produtor da commodity globalmente.

O petróleo Brent, mais leve e negociado na Bolsa de Londres com produção no mar do norte da Europa e na Ásia, é usado como preço de referência no mundo.

Já o petróleo WTI (West Texas Intermediate) é um tipo de petróleo mais pesado, produzido nos Estados Unidos, especialmente na região do Texas, Louisiana e Dakota do Norte. Ele é negociado na Bolsa de Nova York e sua cotação é referência para o mercado norte-americano.

O desequilíbrio no mercado de petróleo no mundo pós pandêmico teve sua origem em duas frentes:

Do lado da demanda, o aumento da vacinação em massa nos países permitiu o afrouxamento das restrições antes implementadas na pandemia, enquanto estímulos monetários e fiscais impulsionaram a retomada da economia e crescimento do PIB e, consequentemente, a demanda por petróleo. Além disso, devido à uma série de intempéries climáticas, alguns países apresentaram uma produção de energia renovável pior do que o esperando, impulsionando a demanda por energia fóssil.

Já do lado da oferta, o aumento contínuo na produção de barris pelos países da Opep, grupo de 13 países responsável por 80% da produção de petróleo no mundo, que foi reduzida no início da pandemia, não tem sido suficiente para suprir a demanda. Mesmo após inúmeras reuniões para acordarem sobre o aumento ainda maior da produção, a Organização não consegue entregar o número diário de barris prometido, devido ao aumento dos conflitos geopolíticos.

Combustíveis pressionam a inflação

A Petrobras, que fornece o combustível para as distribuidoras, calcula o preço do produto com base na cotação do petróleo e taxa de câmbio, já que a commodity é cotada em dólar. Essa política de ajuste de preços foi implementada em 2016, e é denominada política da “Paridade de Preços Internacionais” (PPI).

Antes da implementação da PPI, a Petrobras, entre 2011 e 2014 perdeu, pelo menos, US$ 40 bilhões com subsídios ao preço dos combustíveis. Porém, desde a implementação da paridade de preços, a empresa vem registrando lucros, voltando inclusive a pagar dividendos em 2018.

Com o aumento do preço do barril de petróleo, devido à balança desajustada entre oferta e demanda globalmente, o valor que o consumidor final passou a ver na bomba de combustível está em seu maior patamar da história.

Dentre itens que compõem o IPCA, indicador oficial de inflação no país, o combustível fóssil apresenta importante percentual. O aumento do preço destes combustíveis, como consequência, impacta diretamente no aumento da inflação.

No ano de 2021, o IPCA subiu 10,1%, sendo que só as altas de gasolina, diesel e gás contribuíram com 3,9 p.p, depois de registrarem altas de preços ao redor de 50%. Para 2022, projetamos que o IPCA desacelere e varie 5,2%. Parte importante do movimento de desinflação no ano deve ocorrer graças ao avanço bem mais moderado dos preços destes combustíveis – projetamos que gasolina e diesel subam perto de 5% no ano, enquanto o gás deve subir perto de 8%.

Na tentativa de conter o aumento dos preços do petróleo, está tramitando a conhecida “PEC dos Combustíveis” na qual, por sugestão do governo, haveria a desoneração de cobrança do PIS/COFINS dos combustíveis e gás de cozinha, gerando um impacto que pode chegar a R$65 bilhões nos cofres públicos. Essa atitude prejudicaria a arrecadação histórica de impostos obtida em 2021, de R$ 193,9 bilhões em dezembro, na qual o PIS/COFINS teve grande contribuição, graças ao desempenho de atividades como extração mineral e extração de petróleo e gás, que apresentam preços mais altos devido à alta das commodities.

Além disso, a desoneração de impostos federais não é uma alternativa sustentável a longo prazo. A perda de arrecadação de impostos por uma fonte, que no caso seriam os combustíveis, teria que ser compensada com a elevação de outros impostos. Caso isso não seja feito, esse déficit de arrecadação se torna dívida e o aumento da dívida pública reflete em piora da percepção fiscal, que pode afetar o preço da moeda brasileira e a inflação futura.

O petróleo e os investimentos

A contínua alta nos preços das commodities, dentre elas o petróleo, tem beneficiado os mercados de países exportadores de commodities e, consequentemente, a Bolsa brasileira, já que ela está fortemente exposta a esses setores.

Além disso, começou a ocorrer uma rotação nos mercados globais de investidores saindo de setores de crescimento e indo em direção aos setores de valor em meio à postura mais rígida  do Fed. Esse movimento fez com que os investidores passassem a buscar investir ativos mais cíclicos, que também englobam os setores de commodities.

Falando diretamente sobre o setor de Petróleo e Gás, que está mais atrativo graças a alta das commodities e a rotação entre setores de crescimento e valor, a XP retomou recentemente a cobertura de Petrobras. Temos uma visão positiva do papel e recomendação de Compra, com preço alvo de R$ 45,30 para PETR3/PETR4. As razões para nossa visão positiva são:

Atualmente, a Petrobras é negociada a 2,8x EV/EBITDA 12 meses à frente, bem abaixo dos 3-4,8x EV/EBITDA dos seus pares globais. Em um cenário mais estressado (que inclui 15 de desconto nos preços de paridade internacional para derivados de petróleo), chegamos a um preço justo de R$ 33,30 para PETR3/PETR4, mostrando que muito de um potencial cenário negativo já está embutido nos preços atuais.

A companhia possui 19,6% de Dividend Yield esse ano, muito acima dos 10,75% a.a. da Selic, e também muito acima dos 14% de seus pares russos e 5% das major ocidentais. Além disso, caso a companhia continue operando da forma que vem atuando nos últimos anos (nosso cenário base), vemos a soma dos dividendos de 2022 a 2026 totalizando aproximadamente 100% do Market cap.

Projetamos uma taxa de crescimento anual composta (também conhecida como “CAGR”, Compound Annual Growth Rate em inglês) da produção de petróleo da Petrobras no Brasil, de 2021 a 2026 de 4%. A companhia possui diversas reservas a serem exploradas na próxima década em projetos de alto retorno e baixo risco de execução.

O risco político segue sendo o principal ponto de atenção, especialmente com as eleições presidenciais esse ano. Ainda que não seja possível descartar que a Petrobras seja utilizada para controlar artificialmente o preço dos combustíveis e/ou tenha projetos de investimento com estouros de orçamento como já ocorrido, vemos a empresa mais protegida do que no passado.

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Mais Retorno
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