Desaceleração e alta dos juros na economia global e incertezas fiscais no Brasil estão no radar do Santander
Em carta mensal de dezembro aos clientes, a Santander Asset Management Brasil afirma que persistem, no cenário internacional, riscos relevantes de desaceleração global e a expectativa de mais aperto monetário, com novas altas de juros, pelos principais bancos centrais.
No plano doméstico, destaca a carta, o foco dos agentes financeiros e econômicos são as definições de política econômica pelo novo governo do presidente eleito. As diretrizes de política fiscal ocupam papel central nesse debate, aponta. Em meio a essas expectativas, a conjuntura permanece compatível com as projeções para o próximo ano, uma desaceleração da atividade e da inflação nos próximos trimestres.
A gestora informa que revisou de 2,7%, em novembro, para 3% a estimativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, enquanto a do próximo ano está mantida em 1%.
As expectativas com a inflação também estão mais positivas. A gestora vê certo alívio nas pressões sobre o IPCA, uma dinâmica que reforça a perspectiva de que gradualmente se encaminhe para próximo do centro da meta até 2024. A alta projetada para o indicador oficial de inflação em 2022 está em 5,9% e para 2023, em 5%.
Visão negativa para mercados internacionais
Em relação ao cenário internacional, a gestora prevê uma desaceleração, com uma atividade mais fraca nas principais economias, e a continuidade do aperto monetário dos principais bancos centrais. Ainda assim, a estimativa é que a inflação nesses países retorne para as metas apenas em 2024.
A visão é negativa para os mercados internacionais. A gestora vê riscos associados à inflação, à necessidade de atuação cautelosa por parte dos principais bancos centrais e à perspectiva de desaceleração da atividade econômica e dos resultados das empresas.
Em novembro, de todo modo, houve tom positivo nos mercados globais, com os sinais de alívio nos dados de inflação de curto prazo nos Estados Unidos e o anúncio de flexibilização de medidas anticovid na China.
Incertezas na política fiscal por aqui
No cenário doméstico, a gestora do Santander mantém visão neutra em relação aos juros nominais e reais. O motivo é a incerteza em relação à política fiscal do novo governo, que pode manter a pressão sobre as curvas de juros futuros.
A avaliação, de acordo com a carta da gestora, é também de neutralidade para bolsa e câmbio. A visão, no entanto, é construtiva para a classe renda fixa crédito privado, destaca a gestora.
“Sob a ótica fundamentalista, a qualidade creditícia dos emissores continua favorável. Adicionalmente, destacamos que o fluxo comprador para a classe deve continuar nos próximos meses, em função da expectativa de manutenção da taxa básica de juros em níveis elevados”, aponta a carta aos clientes da Santander Asset.