Dahlia Capital está otimista com a economia do País e aposta em corte de juros ainda neste ano
Estímulos econômicos na China, atividade econômica fraca e queda da inflação podem abrir espaço para o BC afrouxar a política monetária
A gestora de investimentos Dahlia Capital aposta no início de um ciclo de corte de juros ainda neste ano, o que, historicamente, é um bom sinal para investir em ações.
A casa de análises se apoia em fatores como estímulos econômicos na China, atividade econômica fraca e queda da inflação. Uma combinação que pode abrir espaço para o Banco Central afrouxar a política monetária.
De acordo com carta divulgada aos investidores, para 2022 os analistas da Dahlia visualizam alguns fatores que podem trazer volatilidade ao mercado, como o ciclo de aperto de juros nos Estados Unidos e as eleições no Brasil.
“Por outro lado, o ponto de partida da taxa de juros reais e do índice P/L (Preço sobre Lucro) da Bolsa historicamente indicam bons retornos nos próximos 12 meses”, ressaltam os gestores.
2022, ano do Tigre: China x Estados Unidos
No horóscopo chinês, o ano de 2022 será o ano do Tigre, cujos nativos estão sempre em busca de renovação. Segundo a Dahlia, dois cenários devem ser marcantes no mercado internacional. De um lado, após um longo processo de aperto monetário, que teve início em 2020, a China volta a soltar um pouco as rédeas, injetando estímulos na economia.
Lembrando que em alguns setores o aperto foi acentuado. A variação anual da produção de aço, por exemplo, vem caindo a uma taxa superior a 20% ao ano, relatam os especialistas.
Para eles, os recursos que o governo vai colocar na economia chinesa podem ser particularmente positivos para os mercados emergentes. “Seja por conta do preço mais alto de commodities ou de uma apreciação, ou depreciação mais moderada da moeda”.
Na outra ponta está, a economia americana, que, de acordo com a gestora, apresenta condições financeiras muito frouxas. “A recente alta da inflação fez com que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), mudasse para uma postura mais rigorosa com os estímulos monetários”, menciona a gestora na carta.
Essa postura envolve zerar as compras de títulos e dar início ao ciclo de alta nos próximos meses. A propósito, o Fed também ventilou a possibilidade de reduzir seu balanço até o fim do ano, ressalta a Dahlia.
Bolsa com P/L baixo no Brasil
Apesar dos números negativos de 2021 – Bolsa com queda acumulada de 11,9%, uma das performances mais fracas entre as principais praças financeiras mundiais, refletindo instabilidade política, alta da inflação e taxa de juros, riscos fiscais e pandemia – há alguns pontos a serem levados em conta, segundo a gestora.
“O ponto de partida para os ativos de risco no Brasil, ao menos historicamente, parece ser mais promissor. O índice P/L (Preço/Lucro) do Ibovespa está em um dos níveis mais baixos da história, em 7,0x, contra uma média de 10x. Na média dos últimos 15 anos, quando esse índice fica abaixo dos 8,0x, os retornos nos 12 meses seguintes são de 21%”, analisa.
Inflação perto do pico
Os especialistas da casa pontuam que a alta da inflação para níveis acima de 10% foi, talvez, uma das maiores surpresas negativas em 2021, porém é possível que o indicador esteja perto de um pico.
“O nível dos reservatórios que abastecem as principais usinas hidrelétricas do País está subindo. O dólar já orbita a faixa dos R$ 5,50 desde o início de 2020, de forma que a pressão inflacionária da depreciação da moeda pode se arrefecer nos próximos meses”, avaliam.
Para a Dahlia, a inflação pode ter uma das maiores quedas dos últimos 10 anos, perto de 7%.
Reflexo das eleições: ainda não é para agora
Ao contrário de alguns analistas do mercado, os gestores não acreditam que as eleições já começaram a precificar o risco eleitoral.
“Achamos que ainda é cedo para isso. O debate por enquanto tem se focado nos potenciais candidatos ao Planalto. Ainda não sabemos se a Terceira Via irá se centrar em um candidato único. Ao mesmo tempo, vemos a formação de uma ‘geringonça brasileira’”.