Bolsa cai 1,81% na semana, com juros americanos; dólar fica estável em R$ 4,70
Alta dos Treasuries de 10 anos nos EUA derrubou as bolsas
A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, encerra a semana encurtada pelo feriado da Semana Santa com queda de 1,81%. Já o dólar fechou na estabilidade, no mesmo nível da última sexta-feira, a R$ 4,70.
Nesta quinta-feira, o Índice Bovespa recuou 0,51% aos 116.181, seguindo o mau humor dos mercados internacionais. Lá fora pesaram preocupações no continente europeu, dados da economia norte-americana e percepção de elevação mais acentuada dos juros pelo Federal Reserve, o Fed.
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter os juros em zero, em clara opção para preservar a economia em vez de combater a inflação. Segundo Victo Hugo Israel, especialista de Renda Variável da Blue3, de um lado, o BCE tem o desafio de não aprofundar um processo de recessãoque vem batendo, à porta, trazido pelo conflito no Leste Europeu, mas de outro precisa frear a alta dos preços, provocada pela pandemia e mais recentemente pela elevação do petróleo e da energia.
O mercado acompanha com atenção o timing da autoridade monetária europeia para terminar a recompra de ativos financeiros, que deve ser prolongado até o terceiro trimestre do ano, e iniciar a elevação dos juros.
Nos Estados Unidos, onde a inflação também é a mais elevada desde a década dos anos 1980, as atenções se voltaram para dados das vendas no varejo, que vieram ligeiramente abaixo do esperado, ficou em 0,5%, diante das previsões de 0,6%, segundo Braulio Langer da Toro Investimentos.
Os dados do emprego nos EUA também foram acompanhados com atenção. Israel destaca que os números do seguro-desemprego se mantiveram abaixo dos 200 mil, indicando um vigor da economia americana. Como a missão do Fed é buscar o pleno emprego da economia e controle da inflação, explica ele, o mercado entendeu que o Federal Reserve pode ser mais incisivo na condução do política monetária, com elevação mais dura dos juros.
Percepção que foi reforçada com a fala do dirigente do Fed em Nova York, Jonh Willians, de que o aumento de 0,5 pp dos juros na próxima reunião do banco, "é uma opção bastante razoável". O contexto forneceu combustível para a alta dos títulos do Tesouro americano, os Treasuries de 10 anos, que avançaram 4%, batendo o nível de 2,8% ao ano. O comportamento dos juros favoreceu do dólar diante de outras moedas e ao mesmo tempo derrubou as bolsas americanas e de outros países.
Dow Jones fechou com queda de 0,33%; S&P 500, de 1,21%; e Nasdaq, de 2,14%.