Bitcoin derrete 45,3% em um mês e assusta investidor; entenda a queda
Após um março e abril com fortes valorizações, o bitcoin vai sofrendo perdas atrás de perdas em maio. Ontem, a moeda virtual registrou mínima perto de…
Após um março e abril com fortes valorizações, o bitcoin vai sofrendo perdas atrás de perdas em maio. Ontem, a moeda virtual registrou mínima perto de US$ 35 mil, recuando para um patamar que não se via há três meses e meio.
O motivo para o novo revés viria da China, que soltou novamente um comunicado relembrando restrições sobre criptomedas. A principal delas impede a atuação de empresas de moedas virtuais no país, que é hoje o principal emissor e consumidor desse mercado.
Novidade mesmo, nenhuma. Essa restrição vem desde 2017, lançada pelo banco central local. O fato novo é que, dessa vez, o comunicado foi reforçado pelo órgão equivalente à Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).
Para Safiri Felix, diretor de produtos da Trasfero, gestora suíça de criptomoedas, o que acontece no mercado neste momento é um sentimento generalizado de medo por parte dos investidores, principalmente os institucionais, que precisam entregar a seus clientes metas de volatilidade.
Nesse sentido, a notícia da China seria a gota d'água em um momento difícil. "Desde 2014 observo notícias de restrições como essa da China. Dessa vez, foi o mesmo comunicado, só que de um regulador diferente", conta. "As pessoas estão com medo", diz.
A métrica Crypto Fear and Greed, que aufere o sentimento dos investidores de bitcoin nas redes sociais, crava desde terça-feira o patamar "extremamente temeroso", mais baixo numa escala que tem na ponta oposta o "extremamente confiante", onde aliás os investidores estavam em meados de abril, quando o bitcoin rompeu a barreira inédita dos US$ 64 mil. De lá para cá, a moeda já se desvalorizou 45,3%.
Além da China
Alguns pontos, para além da China, explicam o receio dos investidores. No começo do mês, houve uma migração do bitcoin para o ether, uma criptomoeda emergente. A explicação estaria na atualização do Ethereum, a rede onde roda o ether, que vai passar a se chamar Etherium 2.0 e, de agora em diante, tenderá a ser menos intensiva no consumo de energia e mais escalável do ponto de vista de negócio.
Como resultado, a representatividade do bitcoin na cesta total de moedas virtuais caiu de quase 70% em janeiro deste ano, para cerca de 40% agora, em maio. O ether, por sua vez, fez caminho oposto. Saiu de 11% em janeiro para atuais 20%, segundo dados do site Coinmarketcap.
Juntas, todas as moedas virtuais somam US$ 1,3 trilhões em valor de mercado (o número de moedas emitidas, multiplicado pela cotação de cada uma).
Elon Musk
Além disso, o bitcoin tem sido alvo de forte pressão do presidente-executivo da Tesla, Elon Musk. Ele anunciou em março, pelo Twiter, que aplicaria parte do caixa da empresa em bitcoins, motivando um rali da moeda.
Desde a semana passada, contudo, passou a criticar a moeda virtual. Ele estaria incomodado com o "rápido crescimento" do uso de combustíveis fósseis no processo de mineração e nas transações da cripto.
Imediatamente às falas de Elon Musk na semana passada, o valor da moeda despencou 15%, chegando a ser cotado nos Estados Unidos a US$ 46 mil. Uma oscilação que também impactou as empresas expostas ao ativo, como é por exemplo a Coinbase Global Inc,. que recentemente estreou na Nasdaq com valor de mercado de US$ 85,8 bilhões e, na semana passada, perdeu 6,5% em apenas um dia.
"A correção atual do bitcoin não é nada de novo", pontua Ricardo da Ros, principal executivo no Brasil da Binance, a maior corretora de criptomedas do mundo atualmente. "Vimos situações parecidas no passado. Vejo como uma busca pelo equilíbrio de mercado, além de ser uma oportunidade para quem quer entrar e estava com receio", ele afirma.