Finanças Pessoais

Aposentadoria: Tesouro RendA+ ou fundo de previdência privada, o que é melhor?

Há diferenças relevantes de liquidez, riscos, imposto, entre outros, e a opção vai depender do perfil e objetivos do investidor

Data de publicação:03/02/2023 às 08:00 - Atualizado 2 anos atrás
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Tesouro RendA+ e fundo de previdência privada são dois instrumentos de acumulação de reserva para o financiamento da aposentadoria extra no futuro. Investimentos privados que ajudam a complementar o benefício oficial, pago pela Previdência Social, que na melhor das hipóteses pode chegar a R$ 7.500. Mas qual dos dois produtos é mais interessante? A resposta vai depender do perfil e dos objetivos do investidor para a formação da poupança de longo prazo.

O Tesouro RendA+ é uma novidade, o fundo de previdência privada nem tanto. O novo título do Tesouro Nacional, amarrado à aposentadoria complementar, passou a ser ofertado desde 30 de janeiro por bancos, corretoras ou pela compra direta no site do Tesouro.

Há diferenças relevantes de rendimento, risco. liquidez e custo entre RendA+ e previdência privada - Foto: Agência Brasil

O ponto comum entre os dois produtos é a formação de uma reserva futura, mas cada um tem características próprias – em rendimento, risco, liquidez e custo – e bastante distintas, explica Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital e pós-graduada em mercado financeiro e de capitais.

Risco é maior na previdência privada

O risco do título do Tesouro é o risco do governo federal. É, portanto, um investimento de risco baixo, conservador, sem grandes oscilações. 

O RendA+ terá marcação a mercado, significa que seu valor terá atualização diária pelo valor negociado no mercado. Um processo que não mudará o valor do título e tampouco sua rentabilidade se o investidor permanecer com o papel até o vencimento. O risco é ter de sair antecipadamente do papel em momentos de baixa, o que trará perdas ao investidor.

O novo título do Tesouro tem o rendimento indexado à inflação oficial, o IPCA, que será a medida da correção monetária, mais juro real, acima da inflação, de pouco mais de 6% ao ano. 

O risco no produto de previdência vai depender do fundo de investimento escolhido. A vantagem da previdência, segundo Andressa, é a opção de diversificar os recursos em carteiras com diferentes estratégias para os diferentes perfis de investidores. 

 É possível optar pelo investimento em fundo de renda fixa, em um multimercado e até em fundo de ações, em que a volatilidade é bem mais acentuada, mas onde é possível buscar retornos mais atraentes. Tudo vai depender do perfil do investidor, do grau de risco que quer assumir para a formação dessa poupança de longo prazo.

O fundo de previdência não tem a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que assegura o ressarcimento de até R$ 250 mil, no caso de quebra da gestora. Um guarda-chuva que não dá proteção também ao RendA+, que, no entanto, tem por trás a garantia do Tesouro Nacional. Daí por que é classificado como investimento de baixíssimo risco. 

Custo é menor no RendA+ 

A Bolsa de Valores, a B3, isentou da taxa de custódia os investidores que ficarem com o título até o vencimento, para receber o capital na forma de renda, após o prazo contratado. Em caso de resgate antecipado do título, a Bolsa poderá cobrar essa taxa de acordo com o valor e o prazo de resgate. 

No fundo de previdência, o custo vai variar de acordo com o produto escolhido para investimento. Em geral, os fundos de renda fixa são os mais barato e alguns até podem ser isentos de taxas de administração.

A sócia-fundadora da AVG Capital diz que os fundos multimercado e de ações costumam cobrar uma taxa de administração mais elevada. Por trás desse custo mais alto está o empenho maior do gestor em busca de rentabilidades superiores ao benchmark

Como é a tributação

O lado bom da previdência, assinala Andressa, é que, se houver opção pelo regime de tributação regressiva, a alíquota do Imposto de Renda poderá cair para 10%, o que torna o produto mais rentável para o investidor. Mas alíquota pode chegar a 35% quando o resgate ocorrer antes de 2 anos.

Prazo da aplicaçãoAlíquota IR
Até 2 anos35%
De 2 a 4 anos30%
De 4 a 6 anos25%
De 6 a 8 anos20%
De 8 a 10 anos15%
Acima de 10 anos10%
TABELA REGRESSIVA DO IR

Pela tabela progressiva o imposto varia conforme o prazo da aplicação, quanto maior o prazo, menor o imposto, e também o valor do benefício.

Benefício mensalAlíquota 
Até R$ 1.903,98Isento
De R$ 1.909,98 a R$ 2.826,657,5%
De R$ 2.826,66 a R$ 3.751, 0515%
De R$ 3.751,06 a R$ 4.664,6822,5%
Acima de R$ 4.664,6827,5%
TABELA PROGRESSIVA DO IR

Há que se colocar na balança também que nos planos de previdência tipo PGBL o investidor poderá abater as contribuições feitas ao longo do ano, no período de acumulação, até 12% de sua renda bruta na declaração do IR. Mais uma vantagem a ser considerada.

Já o RendA+ tem o mesmo Imposto de Renda dos demais títulos de renda fixa, de 22,5% para prazo até 180 dias, 20% entre 181 e 360 dias, de 17,5% entre 361 e 720 dias e 15% após esse prazo. Apenas os rendimentos são tributados.

Carências para o resgate

Diferentemente de outros títulos do Tesouro Nacional, o RendA+ tem um prazo de carência de 60 dias. Após esse prazo, o investidor pode fazer o resgate a qualquer momento.

Andressa lembra que resgate pelo caminho não é indicado para um investimento de acumulação de capital de longo prazo para a aposentadoria complementar. Uma forma de estimular essa permanência é a isenção da taxa de custódia, o que torna mais interessante deixar o dinheiro intocado até o vencimento.

Na previdência privada, na grande maioria dos planos, o dinheiro investido tem livre movimentação, não fica preso ou bloqueado.  A solicitação de resgate pode ser feita a qualquer momento, quando o investidor desejar, após o período de carência, que em geral é de 60 dias entre um resgate e outro. 

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Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.