Juro Real
O que são juros reais?
São chamados juros reais o percentual da rentabilidade de um investimento que supera a inflação do período.
Ou seja, os juros reais são os juros que verdadeiramente conferem riqueza ao investidor.
Enquanto o percentual restante da rentabilidade se dedica apenas a recuperar o poder de compra corroído pela inflação, os juros reais provocam o aumento efetivo do patrimônio.
O cálculo dos juros reais pode ser realizada de duas maneiras: retroativa ou progressiva.
Em qualquer uma delas, o Brasil ostenta uma posição privilegiada: nosso país possui um dos maiores juros reais do mundo, estando em 7° lugar no ranking divulgado em 2018.
E se você quiser saber ainda mais sobre tema temos um vídeo exclusivo no nosso canal, veja aqui:
Como os juros reais funcionam?
Imagine que você deseja construir uma linda casa para a sua família, com a fachada amarela e as cercas brancas iguais às dos filmes de Hollywood.
Tem apenas um problema: o terreno que você comprou é o mais desnivelado da História. Cheio de buracos e terra imprópria para construções.
Para concretizar o seu grande sonho, é preciso antes ajustar o solo, através da fundação correta. Somente com o terreno nivelado e perfeito é que se pode pensar em cômodos e cerquinhas.
A atuação dos juros é bem parecida com essa ilustração. Quando realizamos um investimento, pensamos logo nas maravilhas que vamos fazer com o rendimento: seja comprar algo importante ou apenas ficar mais rico.
No entanto, é preciso ter em mente que os primeiros esforços da obra serão para “nivelar o solo” e “tapar o buraco”.
Explicamos: boa parte dos juros não retorna para te enriquecer. A sua função, na verdade, é a recuperação da riqueza que a inflação corroeu - ou seja, dos buracos que ela criou no seu poder de compra.
Somente após cumprida essa etapa, é que os juros restantes vão atuar para multiplicar o seu capital.
Esses juros “restantes”, que verdadeiramente atuam para fazer os seus sonhos avançarem, são o que chamamos de juros reais.
Como os juros reais são calculados?
Para o cálculo dos juros reais, existem dois componentes importantes a se considerar: a inflação e a taxa de juros nominais.
A inflação é facilmente encontrada utilizando-se o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), índice oficial do governo no que tange ao acompanhamento da variação de preços. Medido pelo IBGE, é atualizado mensalmente.
Já os juros nominais em escala de mercado podem ser obtidos de duas formas: através da taxa Selic (a taxa básica de juros da Economia) e da expectativa de juros futuros.
A lógica, portanto, por trás da definição dos juros reais é a seguinte:
Juros reais = Juros nominais - inflação
Embora muita gente se confunda ou simplifique o cálculo dessa forma, esse não é o jeito certo de se chegar ao valor dos juros reais.
Sob o olhar da matemática financeira, a fórmula exata para definição dessas taxas é:
Taxa de juros reais = (1+ taxa de juros nominais)/(1+ taxa de inflação)
Aqui, no caso de estar medindo os juros reais a partir do método regressivo (ou EX-POST), deve-se utilizar como base o IPCA acumulado nos últimos 12 meses e a taxa Selic média do período.
Por outro lado, caso opte pelo método progressivo (ou EX-ANTE), a inflação deve ser obtida através da projeção para os próximos 12 meses, apresentada no relatório
Focus do Banco Central, e os juros nominais, através da expectativa de juros futuros.
7° maior taxa de juros reais do mundo
O Brasil sempre apresentou taxas expressivas de juros reais, quando comparado com outros países.
Sempre presente no TOP 10 global, já chegou a ser líder absoluto na categoria, segundo relatório do site Moneyou em parceria com a empresa Infinity Asset Management.
Atualmente (2019), ocupa a 7° posição no ranking, com 2,38% a.a.
Entre os países à frente do Brasil estão: Turquia (com juros reais de 5,88%), Argentina (4,92%) e México (4,22%), que compõem o pódio dos juros reais neste momento.
Situação bem diferente dos últimos colocados que, como a lanterninha Hungria (com -2,60%), apresentam taxas negativas.
Como já discutimos ao falar de juros, poucas são as pessoas que não sentem arrepios ao ouvir falar de juros.
No entanto, embora sejam a própria representação do mau agouro para uns, os juros reais são bênçãos para outros.
Sim, a alta taxa de juros tem um efeito desagradável sobre devedores, principalmente sobre as companhias. Com juros maiores, os projetos de expansão são desencorajados e a economia como um todo, desacelerada.
Para os investidores, no entanto, ter o Brasil em tal posição é, sob o ponto de vista patrimonial, muito interessante. Afinal, quanto maior a taxa de juros reais, maior é o capital a se multiplicar.
Ou se preferir, maiores são as casas a se construir. Daí pra frente, basta escolher a cor da cerquinha hollywoodiana da sua preferência e desfrutar do seu (rico!) jardim.