Ex-ante
O que é ex-ante?
Ex-ante é um termo do Latim. Ele quer dizer “antes do fato”.
Ao contrário do ex-post, onde a avaliação é feita com base nos dados do passado, o ex-ante é uma expectativa em relação a eventos futuros, o que o torna mais subjetivo.
Como exemplo da aplicação da análise ex-ante, temos a avaliação de uma empresa. No fluxo de caixa descontado, faz-se uma estimativa dos resultados futuros de uma companhia antes de descontá-los à uma taxa de risco.
Um outro caso onde isso ocorre é na área de fusões e aquisições (M&A). Antes mesmo da concretização de um negócio, consultores e banqueiros de investimento calculam (ex-ante) os ganhos, em termos de participação de mercado, e a economia de custos, decorrente do melhor uso dos recursos disponíveis.
São esses dados que fundamentam qual o resultado esperado para a empresa após a fusão.
Qual as limitações da análise ex-ante?
Apesar de ser bastante comum, o problema da análise ex-ante é que ela depende de boas ferramentas para ser minimamente precisa. Ainda assim, pode mostrar dados bastante falhos, visto que é impossível prever eventos externos, chamados de variáveis “exógenas”.
A verdade é que a análise ex-ante é mais útil quando feita com uma outra, a ex-post. Comparando o que era previsto com o que efetivamente aconteceu, pode-se alterar a forma como a avaliação foi feita, melhorando a qualidade dos dados coletados.
Qual a relação entre ex-ante e política monetária?
Um dos fatores que o Banco Central (BC) olha quando decide pela taxa de juros é a expectativa de inflação. É por meio dela que se calcula a taxa de juros real ex-ante: taxa nominal dividida pela inflação esperada nos próximos 12 meses. Quanto maior ela for, menor a atividade econômica.
O BC tenta então fazer um ajuste fino, para evitar o aumento do desemprego, usando alguns critérios:
- Se o juro real está acima do que acredita ser o equilíbrio;
- Se ele é apropriado para aquele momento;
- Se existem riscos futuros que impedem os cortes na taxa de juros.
Como o Brasil usa um regime de metas de inflação, o último ponto é bastante destacado.
O fato é que, apesar do mercado financeiro reagir de forma relativamente rápida, a economia real demora mais para desengavetar os seus projetos de investimentos.
Além disso, a expectativa de inflação se ampara em uma série de informações econômicas, sendo o câmbio uma delas. Quando existem riscos políticos no cenário (dificuldade na aprovação de reformas importantes, por exemplo), o câmbio é o principal indicador de risco da economia.
Como ele se reflete nos preços de itens básicos, aumenta a expectativa de inflação no futuro, o que faz com que o BC adote uma postura mais cautelosa, impondo juros reais mais altos.
Isso gera mais desemprego, aumentando a insatisfação na população e dificultando a aprovação de novas medidas econômicas.
Qual a relação entre análise ex-ante e grandes projetos de investimentos?
Os grandes projetos de financiamento ficam a cargo do BNDES. Além do projeto em si, o principal banco de desenvolvimento do país olha, ex-ante, as chamadas externalidades. Elas representam os benefícios que a proposta em análise pode trazer para a sociedade.
Por exemplo, na avaliação entre dois projetos para um mesmo setor, um deles possui uma tecnologia mais avançada, trazendo novos parceiros também. Por gerar externalidades, esse projeto terá condições diferenciadas de financiamento, visto que favorece justamente as áreas que o banco quer fomentar, como educação e inovação.
Essa análise ex-ante continua mesmo após o início das obras. Isso se deve ao fato de um financiamento nunca ser liberado de uma única vez.
As parcelas são desembolsadas conforme o projeto alcança alguns marcos definidos previamente (chamados de milestones), permitindo não só um melhor acompanhamento dele como trazendo mais transparência no momento das auditorias.