Veja ações para investir no segundo semestre, com possível corte da Selic
Apesar de ausência de sinalização clara de corte, especialistas seguem acreditando no corte no segundo semestre e comentam quais setores e papéis podem ser beneficiados
Mais uma vez, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) optou pela manutenção da taxa Selic em 13,75%. No comunicado, apesar de esperado pela maioria dos analistas, não houve nenhuma sinalização de corte futuro.
Ainda assim, a queda da Selic no segundo semestre de 2023 ainda é a maior aposta do mercado, apesar de haver dependência do comportamento do Fed e do Banco Central Europeu em relação as taxas de juros, de acordo com analistas.
Com a queda da taxa básica de juros, é possível haver espaço para altas na Bolsa? De acordo Fernando Ferreira, estrategista-chefe e Head do Research da XP, sim.
“Uma das discussões que tivemos com os gestores era se a Bolsa e os papéis domésticos ainda têm espaço para subir após a forte alta que vimos nos últimos meses. Segundo um deles, as taxas de juros de mercado já caíram bastante, e a curva do CDI já precifica a Selic a 9,3% em 2025, equivalente a um ciclo de corte de 4,5 p.p. na taxa básica de juros brasileira”, diz Ferreira, em sua coluna Xpresso.
Isso significa que há, sim, espaço para encontrar bons ativos que se beneficiarão da possível queda da Selic no segundo semestre. A XP ainda trabalha com o cenário de Selic a 11% a.a. até o fim do primeiro trimestre de 2024.
De acordo com Caio Megale, economista-chefe da XP, a expectativa da corretora é por um corte de 0,25 p.p ainda em agosto, seguido por cortes de 0,50 p.p. nas próximas reuniões até atingir esse patamar.
"Ativos como a Bolsa, fundos imobiliários, ativos alternativos (private equity) devem se beneficiar. Na renda fixa, os títulos longos de inflação e pré-fixados, ficam mais atrativos em um cenário de queda na taxa Selic", ressalta Ferreira.
Segundo Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira, ainda é possível esperar que haja a queda da Selic no segundo semestre. Para ele, é possível esperar, inclusive, na próxima reunião.
“A única coisa que me amedrontou é que se fala que nos EUA pode aumentar juros ainda, apesar de ele ter dado uma pausa técnica e o Banco Central Europeu aumentando juros, que aumentou na última reunião. Se EUA sinalizarem que podem aumentar juros, aí pode ser que realmente não venha essa queda não”, reflete o especialista.
Varejo é beneficiado
Entre os setores que seriam beneficiados com a queda da Selic, o analista destaca o varejo. Conforme explica, o varejo costuma ter mais dívidas que são atreladas à taxa Selic e, por isso, um contexto de alta como o atual reflete tão negativamente para o setor.
"O varejo é endividado em Selic mais uma taxa, um prêmio e o endividamento deles é muito grande", explica Ricardo Brasil.
Entre aos nomes que podem ser beneficiados no varejo, Brasil cita Via Varejo (VIIA3), Renner (LREN3) e Magazine Luiza (MGLU3).
"É este grupo o mais beneficiado pela queda dos juros:
são empresas que possuem dívida em moeda local (ganham se os juros menores), vendem principalmente para consumidores brasileiros (que irão se beneficiar de juros menores)", explica Fernando Siqueira, da Guide Investimentos, em relatório recente.
Efeito sobre as small caps
Uma das principais apostas de diversos analistas são as small caps. Por geralmente apresentarem um patamar de endividamento mais alto, são muito beneficiadas pela queda da Selic.
Além disso, costumam ser ligadas a setores domésticos como varejo e imobiliário, conforme explicou Ferreira ao Infomoney. Com isso, há menos exposição à commodities e maior relação entre desempenho e taxa menos de juros.
"No mercado de ações, mantemos nossa preferência por small caps: como já destacado anteriormente, este grupo de ações tem melhor performance em momentos de queda da Selic. Nossa carteira Small Caps é um bom ponto de partida para investidores buscando aumentar exposição ao mercado de ações neste momento", afirmou Siqueira.
Setor imobiliário
Outro setor que o fundador da Gava enxerga como beneficiado por uma queda de juros no segundo semestre é o de construtoras, porque tanto encontram melhor cenário para novos investimentos quanto conseguem ter melhores vendas.
Isso se dá porque, em um contexto de juros mais baixos, as pessoas voltam a comprar imóveis, especialmente com financiamentos mais longos. Entre os nomes que Brasil cita, estão Cury (CURY3) e MRV (MRVE3).
O especialista faz uma ressalva sobre os nomes das construtoras: "tem que ter uma correção ainda porque valorizam muito nos últimos tempos, mas essa correção deve vir ainda com o corte".