No último dia do ano, mercados seguem de olho no avanço da variante ômicron pelo mundo
Com a falta de novos acontecimentos no mundo, investidores voltam sua atenção para as notícias sobre a nova cepa do coronavírus
O mercado financeiro movimenta nesta quinta-feira, 30, o último dia de negócios do ano. Lá fora, os futuros americanos operam em leve alta e as bolsas europeias seguem mistas, assim como no pregão anterior.
Com a falta de novidades que possam impulsionar os negócios nos mercados, avaliam analistas e gestores, o avanço da variante ômicron pelo mundo – principalmente pelos Estados Unidos e Europa – ganham espaço na agenda de atenção dos investidores, pois gera incertezas crescentes sobre os seus impactos na retomada econômica global.
No dia anterior, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que a confluência das variantes ômicron e delta podem provocar um "tsunami" de casos de covid-19.
No Reino Unido, o professor John Bell, da Universidade de Oxford e consultor de ciências da vida do governo local, em entrevista à rádio BBC disse que os casos estão batendo recordes e as internações hospitalares estão em seu nível mais alto desde março.
No entanto, por outro lado, Bell ressaltou que o tempo em que as pessoas passam internadas é relativamente curto, o que aponta que a doença parecer ser menos grave. Além disso, complementou que os pacientes não precisam de oxigênio de alto fluxo. “Esta não é a mesma doença que víamos há um ano”, enfatizou.
Índices futuros/Bolsas de Nova York
- S&P 500: + 0,05%
- Dow Jones: 0,00%
- Nasdaq 100: + 0,18% (dados atualizados às 7h42)
Bolsas europeias/principais praças financeiras
- STOXX 600: + 1,18%
- FTSE 100: - 0,04%
- DAX: - 0,06%
- CAC 40: + 0,14%
- PSI 20: - 0,03%
- IBEX 35: + 0,08% (dados atualizados às 7h43)
Bolsa brasileira cai na véspera e inflação preocupa
No ambiente interno, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou o pregão desta quarta-feira com queda de 0,72%, em 104.102 pontos. Sem forças, sustentou uma pontuação ainda mais distante dos 105.000 pontos esperados como suporte para o fechamento de 2021.
Os negócios tendem a desenrolar em marcha lenta, mas, no cenário doméstico, a temperatura política subiu nestes últimos dias. Cresce e ganha força o movimento de servidores públicos em torno de paralisações e possíveis greves nos próximos meses, em busca de reajustes salariais, o que acena com um ambiente de instabilidade na virada do ano.
Na véspera, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) aprovou um calendário de mobilização da categoria, incluindo dias nacionais de paralisação previstos para janeiro - o primeiro no dia 18 -, e assembleias em fevereiro para deliberar sobre a possibilidade de uma greve geral. Os profissionais pressionam o governo a conceder reajuste salarial de forma ampla.
Outro fator de preocupação, que parecia estar deixando aos poucos o radar do mercado, é o recrudescimento da inflação, sugerido pelo IGP-M de dezembro. Divulgado no dia anterior pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o índice avançou 0,87% no mês, uma aceleração em relação à alta de 0,02% de novembro.
2021 se despede
Um expediente em clima de quase feriado, preveem especialistas, com reduzido volume financeiro, abaixo até dos já achatados movimentos de negócio deste período de festas, deve balizar os mercados no último dia de funcionamento da Bolsa no ano.
É com atenção à movimentação dos servidores federais e à inflação, que pode indicar juros mais altos em 2022, que o mercado financeiro se despede de 2021 e lança olhares preocupantes para 2022. Sem que isso altere as expectativas de analistas de um dia bastante morno nesta quinta-feira.
“O que se vê é um mercado lateral, com movimentos difusos, sem notícias que deem força para subir nem motivos para cair”, define William Teixeira, head de Renda Variável da Messem Investimentos, referindo-se ao comportamento do mercado de ações nos últimos dias.
Exterior
Nova York
A atenção com o exterior faz parte também da rotina dos mercados, que sofrem influência de eventos e expectativas internacionais.
O foco principal do mercado, no entanto, são os esperados novos lances na redução do programa de estímulos monetários, com a ampliação para US$ 30 bilhões, dos atuais US$ 20 bilhões, o corte mensal no volume de recompra de títulos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
As bolsas americanas encerraram o pregão desta quarta-feira com trajetórias distintas: o índice Dow Jones fechou com alta de 0,25%, em 36.488 pontos; o S&P 500 avançou 0,14%, para 4.793 pontos, e o índice Nasdaq caiu 0,10%, para o nível de 15.766 pontos.
Ásia
Bolsas fecham mistas
As bolsas da Ásia fecharam sem direção única nesta quinta-feira, 30, em meio às incertezas relacionadas à variante ômicron do coronavírus. As praças chinesas, no entanto, avançaram em bloco, sustentadas por perspectivas por novos estímulos de Pequim para conter a desaceleração da segunda maior economia do planeta.
O governo chinês "continua a fazer comentários tranquilizadores sobre empréstimos à economia real para apoiar um crescimento mais equilibrado e inclusivo", comenta a corretora Oanda. O Banco do Povo da China (PBoC) reiterou, nesta semana, o compromisso com uma política monetária "proativa", com apoio particular a pequenas e médias empresas.
Em meio a esse cenário, a bolsa de Xangai encerrou o pregão com ganho de 0,62%, a 3.619 pontos, enquanto a menos abrangente Shenzhen subiu 0,91%, aos 2.517,16 pontos.
Em Hong Kong, o Hang Sang avançou 0,11%, aos 23.112 pontos. A ação da Sensetime chegou a disparar 23%, mas terminou em alta de 7,27%, após a empresa do setor de inteligência artificial completar uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) que havia sido atrasada por tensões entre Estados Unidos e China.
Ainda na China, a Evergrande despencou 9,09%, após a incorporadora deixar de pagar juros de dois títulos que venceram na última terça-feira, 28. A companhia informou que retomou 91,7% de seus projetos imobiliários no país asiático.
O índice Taiex, de Taiwan, cedeu 0,16%, aos 18.218 pontos. Na Coreia do Sul, o Kospi perdeu 0,52%, aos 2.977 pontos, na Bolsa de Seul.
No Japão, o Nikkei, de Tóquio, caiu 0,40%, aos 28.791 pontos, na última sessão do ano. Ainda assim, o índice encerrou 2021 com avanço anual de 4,91%, no maior nível em 32 anos.
Na Oceania, o S&P/ASX 200, de Sydney, registrou leve variação positiva de 0,05%, aos 7.513 pontos. Mineradoras como BHP (+0,85%) e Rio Tinto (+0,75%) lideraram os ganhos nos negócios australianos. / com Júlia Zillig e Agência Estado