BioNTech: desenvolvimento de uma nova vacina pode ser necessário para combater a variante ômicron
Segundo Ugur Sahin, diretor presidente da empresa, é preciso fazer mais pesquisas sobre a nova cepa, o que pode demandar tempo para a produção de um novo imunizante
O diretor presidente da farmacêutica alemã BioNTech, indústria parceira da Pfizer no desenvolvimento da vacina contra o coronavírus, disse nesta sexta-feira, 3, que uma nova vacina contra o coronavírus poderia, eventualmente, ser necessária por conta da variante ômicron, segundo o jornal The Washington Post.
“Acredito, em princípio, que em um determinado momento precisaremos de uma nova vacina para combater essa nova variante. A questão é o quão urgente o imunizante precisa estar disponível”, disse Ugur Sahin, em uma conferência organizada pela Reuters.
Sahin ressaltou que a vacina atual poderia ser adaptada “relativamente rápido”, se necessário, para combater a nova variante. Porém, alertou que a realização de mais pesquisas ainda é preciso para desenvolver o novo imunizante.
Bilhões de doses da vacina Pfizer-BioNTech foram administradas no âmbito global, inclusive nos Estados Unidos, de acordo com a reportagem.
O executivo da BioNTech disse ainda que esperava que a variante ômicron ainda infectasse pessoas já vacinadas, o que seria conhecido como casos a serem avaliados. No entanto, ele acrescentou que as vacinas devem continuar fornecendo proteção contra doenças mais graves.
Avanço da ômicron
A Alemanha confirmou nesta sexta-feira quatro casos da variante ômicron em pessoas devidamente vacinadas, segundo autoridades de saúde do país. Os alemães infectados haviam retornado recentemente da África do Sul, onde a nova cepa foi detectada pela primeira vez.
No entanto, até o momento todos estavam apresentando apenas sintomas leves, informou o instituto alemão Robert Koch.
Capacidade de contaminação
Enquanto isso, um estudo preliminar publicado no dia anterior apontou que a ômicron tem, pelo menos, três vezes mais chances de causar reinfecção do que as variantes anteriores beta e delta.
No início desta semana, o executivo da BioNTech pediu as pessoas que não entrem em pânico em meio ao surgimento da nova variante do coronavírus. “Não surte. O plano continua o mesmo: acelerar a terceira dose da vacina”, disse em entrevista ao Wall Street Journal.
À medida que a pandemia do coronavírus entra em seu terceiro ano, Sahin afirmou à Reuters que ele poderia prever um cenário no qual as vacinas contra o coronavírus se tornem anuais, assim como a vacina da gripe.
Mais informações
Pouco se sabe ainda sobre a variante ômicron. Tanto a BioNTech quanto os outros fabricantes pediram um certo tempo para a realização de mais pesquisas. Assim como Sahin, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden e as autoridades de saúde do país também defenderam a terceira dose de reforço como um meio-chave de defesa.
“Sabemos que os vírus sofrem mutações, e a nova variante não é nada surpreendente”, disse o executivo. “Estamos confiantes de que as pessoas que foram vacinadas, incluindo o reforço, terão proteção suficiente contra a nova cepa”.
Já Stéphane Bancel, diretora presidente da Moderna, adotou um tom diferente na última terça-feira, 30, em entrevista ao Financial Times, quando previu que as vacinas atuais não teriam capacidade suficiente de proteção contra a nova cepa, em comparação com as variantes anteriores.
A Regeneron Pharmaceuticals, que produz um coquetel de anticorpos popular usado como tratamento para pacientes com covid-19, também alertou esta semana que sua terapia poderia ser menos eficaz contra o ômicron.
No entanto, funcionários da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa disseram anteriormente que não havia evidências até o momento que sugerissem que as vacinas atuais disponíveis no mercado seriam menos eficazes contra a nova cepa.
A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, disse à Reuters que, embora a variante ômicron pareça ter uma capacidade de transmissão maior, a resposta certa é buscar preparo.
“Quão preocupados devemos estar? Precisamos estar preparados e cautelosos, mas não em pânico, porque estamos em uma situação diferente de um ano atrás", enfatizou.