Temor de recessão mundial faz Bolsa derreter; Ibovespa tem menor nível desde novembro de 2020
Empresas passam a valer menor com a alta dos juros
Desde novembro de 2021, que a Bolsa não escorregava abaixo dos 100 mil pontos. Nesse dia, o Ibovespa chegou a 97.866, quando a bolsa foi afetada pelas bravatas de Donald Trump, que se negava a reconhecer a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais.
Por trás do derretimento atual dos preços das ações está o temor de recessão, não apenas por aqui, mas em nível global. Com nova rodada de aumento dos juros na última quarta-feira, dia 15, aqui e nos Estados Unidos, o mercado está se convencendo de que uma travada na economia será inevitável, resta saber o tamanho do estrago nas empresas que mantêm suas ações em bolsa.
"O principal fator é o risco de uma recessão global estar se tornando cada vez mais real e que, apesar dos Bancos Centrais estarem buscando um pouso suave da economia face juros subindo e inflação elevada, o mercado começa a fazer conta de que esse será o cenário mais provável, e já começa a antecipar esse movimento", afirma Idean Alves, sócio e chefe de operação de renda variável da Ação Brasil.
Nos Estados Undidos, não só a aceleração do ajuste de 0,75 ponto porcentual, mas as declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que novos ajustes serão necessários para levar a inflação americana à meta de 2%, estão levando o mercado a projetar uma recessão logo à frente.
O movimento de alta de juros nos EUA, Brasil e Europa aumenta também a taxa de desconto do valuation das empresas, que na prática faz elas "valerem" menos, o que também vai se refletindo nos preços.
Idean Alves, Ação Brasil
Aqui, a alta da Selic de 0,5pp não causou surpresas ao mercado, no entanto o recado do Banco Central de que o ciclo de alta ainda terá continuidade em agosto também traz efeitos negativos no pregão desta sexta-feira, 17.
Para o especialista em renda variável, "a queda das bolsas também influencia positivamente para o controle da inflação, pois reduz a confiança do consumidor, e a percepção de riqueza. São esses os principais fatores que estão colaborando para a forte queda hoje no Brasil, e que aconteceu ontem lá fora. Por conta do feriado, a correção está vindo hoje no Brasil", diz ele.