Super Quarta-Feira pode mexer com os mercados nesta semana
Tem definição dos juros pelo Copom aqui e pelo Fomc nos EUA na próxima quarta-feira
Dois eventos, ambos na quarta-feira, atraem a atenção dos mercados nesta semana – um no Brasil e outro nos Estados Unidos, ambos relacionados à política monetária. Eventos que compõem a chamada Super-Quarta-Feira.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), decide na quarta-feira, no fim da reunião de dois dias que começa amanhã, 15, a nova taxa básica de juros, a Selic. A estimativa consensual de analistas e economistas do mercado é mais um aumento de 0,75 ponto porcentual que leve a Selic para 4,25% ao ano.
A decisão se segue ao anúncio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito na semana passada, de que a inflação de maio, de 0,83%, empurrou a acumulada em 12 meses para 8,06%. Nível bastante acima da meta inflacionária central de 3,75% e do teto de tolerância, 1,50 ponto acima, de 5,25%.
A expectativa do mercado, porém, é que o BC sacramente o que já adiantou e eleve a Selic para 4,25%. Analistas estão convencidos de que não haverá surpresas, mas esse sentimento não deve dispensar cautela nestes dias que antecedem o encontro do Copom.
A reunião do FOMC (Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve-Fed, banco central dos EUA) só não dividirá a atenção com o evento doméstico porque o resultado será conhecido antes da decisão do Copom. Não se espera uma mudança nos juros, mas a agenda não será menos importante, diz Simone Pasianotto, economista da Reag Investimentos. “Será uma deliberação sobre política monetária nos EUA que poderá trazer o debate sobre a redução de estímulos monetários e insistir na tese de inflação transitória”, acredita.
À espera das decisões a ser tomadas nesses eventos da Super Quarta-Feira, o mercado financeiro dedicará atenção nesta segunda-feira, 14, ao anúncio, pelo Banco Central, do IBC-Br de abril, considerado uma prévia do PIB calculado pelo IBGE. Um dado que poderia animar o mercado, sobretudo a Bolsa, se vier acima das estimativas dos analistas. Alguns bancos, como o Bradesco, estimam uma alta de 1,3%, visto como positivo pelos analistas.
Outro dado que interessa ao mercado financeiro são os da produção industrial nos Estados Unidos e na China, que serão conhecidos na próxima terça-feira e poderão dar uma ideia de como anda a atividade nesses dois países de maiores economias do mundo.
NY: futuros em leve alta
Nos Estados Unidos, os contratos futuros negociados nas bolsas de Nova York operam em leve alta com o mercado na expectativa da semana que terá a divulgação sobre a decisão de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) e as posturas indicadas pela autoridade financeira.
Com a tendência de queda dos rendimentos dos Treasuries, os investidores estão prevendo que o Fed reafirmará que sua política flexível continua apropriada e que é muito cedo para começar a contemplar a redução das compras de títulos.
Ainda assim, as autoridades podem projetar um aumento nas taxas de juros de 2023 em meio a um crescimento econômico e inflação mais rápidos, de acordo com economistas do mercado.
Seguindo o dado de inflação publicado na quinta-feira no país, há avaliação de que o índice está aumentando devido aos problemas da cadeia de suprimentos e aos gastos reprimidos do consumidor, "que devem começar a diminuir no final do verão", aponta Edward Moya, da Oanda.
"As próximas sessões de negociação provavelmente verão um posicionamento modesto à frente do comitê de política monetária do Fed, com os investidores fixando-se sobre como as discussões sobre a redução começarão", projeta Moya.
CPI: quebra de sigilo
No cenário doméstico, os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid seguem na agenda de atenção dos investidores.
Os ministros Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, negaram no último sábado, 12, pedidos para suspender as quebras de sigilos telefônico e telemático aprovadas pela CPI contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, o ex-chefe do Itamaraty Ernesto Araújo e a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como ‘capitã cloroquina’.
Os magistrados entenderam que as medidas foram determinadas ‘nos limites dos poderes constitucionais e regimentais’ e ‘no exercício dos poderes instrutórios’ do colegiado.
Na última sexta-feira, a microbiologista Natalia Pasternak e o médico sanitarista Cláudio Maeriovitch foram ouvidos pelo colegiado.
O depoimento de dois cientistas deve reforçar os argumentos da comissão para responsabilizar o presidente Jair Bolsonaro pelo descontrole da pandemia. Natalia Pasternak e Cláudio Maierovitch apontaram consequências graves do chamado tratamento precoce contra a doença e de outras medidas defendidas pelo Palácio do Planalto que contrariam evidências científicas.
O uso da cloroquina é um dos principais temas abordados na comissão. Os dois especialistas ouvidos reforçaram que o medicamento não tem eficácia comprovada para curar ou reduzir os efeitos da covid-19 em pacientes que contraíram a doença.
A CPI pretende responsabilizar integrantes do governo que tenham agido a favor desse tratamento. Além disso, os integrantes da comissão querem apontar um cruzamento ilegal de ganhos abusivos de farmacêuticas com a venda de remédios do chamado 'kit covid', como hidroxicoloquina e invermectina.
Bolsas asiáticas fecham em alta
Os mercados asiáticos encerraram a segunda-feira em alta. O índice japonês Nikkei fechou em elevação de 0,74%, aos 29.161,80 pontos. O Hang Seng, em Hong Kong, concluiu o pregão com ganhos de 0,36%, aos 28.842,13 pontos.
Já o sul-coreano Kospi também seguiu na mesma linha, com valorização leve de 0,09% no fim do dia, aos 3.253,13 pontos.
Na Austrália, o S&P/ASX200 fechou em leve alta de 0,13%, aos 7.213,20 pontos. /com Júlia Zillig e Agência Estado