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Fundos de Investimentos

Só 4 fundos de ações estão positivos em 12 meses; o que fazer, sair da posição e pular para a renda fixa? Analistas opinam

Sair do fundo nesse momento é realizar prejuízo e compensação na renda fixa pode demorar

Data de publicação:11/07/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Os fundos de ações não conseguiram ficar à margem das turbulências da Bolsa de Valores, a B3, nos últimos meses. Apenas 4 fundos apresentaram resultado positivo no período de 12 meses em um universo de 93 fundos. O que vale a pena fazer, liquidar a posição e partir para a renda fixa? Ou permanecer no fundo à espera da recuperação?

Os números são fracos em qualquer recorte adotado no levantamento feito com dados da base da Mais Retorno, entre os fundos de ações em operação há mais de um ano, abertos ao público e com patrimônio a partir de R$ 17 milhões.

fundos de ações
Dez fundos de ações caíram mais de 40% em 12 meses - Foto: Reprodução

As 10 maiores quedas apresentadas pelos fundos de ações superam a marca de 40%, quase o dobro do tombo de 22,29% do Ibovespa, em 12 meses. Mas o fundo com pior performance, o Fator Sinergia FIA, acumulou uma desvalorização de 69,70%.

Maiores quedas

FundosRend. 12 meses
Fator Sinergia-69,70%
Vitreo Microcap Alert-52,30%
Bradesco Equitas Selection-51,50%
Safra Lagrange FIC FIA BDR Nível I-50,71%
Equitas Selection Seleção -50,43%
Tagus Fundamental-47,23
Safra Small Cap-41,61%
Safra Ações Livre-41,12%
Constellation Compounders ESG-41,01%
Manager Constellation-40,63%
Fonte: Mais Retorno

Fundos de ações positivos

FundoRend. 12 meses
Itaú Index Petrobras42,97%
Santander Petrobras Ações41,10%
BB Ações BB13,20%
BB Ações Cielo 8,11%
Fonte: Mais Retorno

Resultado fracos

Os fundos monoação têm sofrido menos com a queda da bolsa, os quatro fundos positivos em 12 meses também pertencem a essa classe, mas talvez seja mais interessante aplicar diretamente na ação que compõe o fundo. Isso porque, nesse caso, será possível pegar a valorização do papel sem ter de pagar taxa de administração.

E a fotografia do balanço do ano não é muito diferente da de 12 meses.  Apenas 9 fundos de ações acumularam valorização no semestre. Destes, seis são monoação. E a maioria (quatro) com aposta vencedora em commodities.

FundoRend. 2022
BB Ações Cielo63,05%
BB Ações BB21,27%
Itaú Index Petrobras19,75%
Santander Petrobras19,18%
Brasil Plural Dividendos 6,86%
Bradesco H FIA Dividendos 3,89%
Safra Selection 2,19%
Santander Vale 4 Ações 1,43%
Santander FIC Vale 3 ações 1,13%
Fonte: Mais Retorno

O campeão é o BB Ações Cielo FI, que entregou um rendimento de 63,05%, enquanto o Ibovespa acumulou uma queda de 5,99% no primeiro semestre do ano.

Fora do time dos fundos monoação, o Brasil Plural Dividendos FIA entregou um rendimento positivo de 6,86%; o Bradesco H FIA Dividendos, 3,89%, e o Safra Selection FIC FIA, 2,19%.

Fundos de ações com ativos do exterior

A lista dos fundos que performaram positivamente em junho também é enxuta. Foram apenas sete, mas o que chama a atenção é que todos têm recursos do portfólio alocados em ativos do mercado internacional. Principalmente dos Estados Unidos.

FundoRend. junho
Fiduc Internacional1,64%
Bradesco FIC FIA BDR Nível I Ágora1,11%
Daycoval BDR Nìvel I0,85%
Trend Bolsa Americana Dólar0,75%
CSHG SP500 USD0,48%
Plural FIA BDR Nível I0,39%
Access USA Companies0,36%
Fonte: Mais Retorno

Embora tenha passado por fortes turbulências em junho, relacionadas a expectativas com a política monetária do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), o mercado americano foi a tábua de salvação para os vitoriosos.

No mês que o Ibovespa sofreu uma queda de 11,50%, o Fiduc Internacional FIC FIA, o fundo campeão, teve uma valorização de 1,64%.  Já o fundo com menor rendimento, que fecha a lista dos sete com desempenho positivo no mês, é o Access USA Companies, com 0,36%.

Para especialistas como Leonardo Piovesan, CNPI e analista da Quantzed, a exposição ao mercado externo tende a ser uma estratégia interessante também de proteção neste período eleitoral.

O que fazer diante da queda dos fundos?

O balanço dos diferentes períodos não deixa dúvidas de que os fundos de ações estão sofrendo com o mau desempenho da bolsa de valores. Seja em período mais longo, seja no mais recente.

Uma dúvida que ronda os investidores, à medida que a fase de vacas magras se estende e persiste, é que estratégia seria mais adequada para atravessar essa etapa de adversidade.

Vale a pena permanecer em um fundo de ações que vem sofrendo perdas à espera de recuperação? Ou migrar para a renda fixa para tentar compensar a perda imposta pelas ações? Ou, ainda, aproveitar o momento de baixa para investir mais em fundo?

Três caminhos a seguir

Matheus Silva Campos, especialista da SVN, vê três estratégias, de acordo com o tipo de investidor, porque ele não visualiza um cenário alentador para quem está no fundo que performa mal e pretende recuperar o que perdeu no curto e médio prazo.

O motivo que põe em risco a chance de uma recuperação rápida, segundo ele, é a perspectiva de que a economia global mergulhe em recessão. Assim, “é possível, nessa perspectiva, até que caiam mais.”

O momento, de todo modo, pode ser interessante para quem pretende ingressar em um fundo, porque a forte queda das ações desvalorizou as cotas, o que torna, segundo Campos, interessante a entrada agora. “O risco é que os fundos continuem em baixa”, reforça.

O especialista diz, para quem pensa sair, que a migração para a renda fixa pode não ser a melhor estratégia. “A renda fixa está atraente, por causa dos juros altos, mas sair de um fundo de ações, com a bolsa em queda e as cotas desvalorizadas, é realizar o prejuízo”, que poderia ser compensado com a recuperação do mercado.

Especialistas não apostam também na estratégia de tentar recuperar na renda fixa o que se deixou de ganhar na bolsa, porque pode levar muito tempo. Assim, a melhor oportunidade estaria em outro ativo da própria renda variável.

Queda mais forte já aconteceu

O analista Piovesan, da Quantzed, afirma que não vale a pena sair agora. “A queda mais forte das ações já aconteceu, os fundos ainda estão sofrendo, mas com esse patamar de bolsa não recomendaria resgatar e realizar prejuízo.”

Raphael Prata de Medeiros, líder de fundos da Blue3, também entende que não é momento de resgatar, mas sim de aproveitar e “fazer um rebalanceamento do tamanho da posição”, de acordo com o perfil de cada um. Por isso, a diversificação, entre renda fixa e renda variável, também cabe bem como estratégia.

Medeiros diz ver “oportunidades em todas as classes de ativos, em todos os cenários, sem necessidade de concentração específica em uma”.

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Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.