Fundos de Investimentos

Conheça o SNAG11, que quebrou recorde de negociações na estreia na Bolsa e fica entre os 10 Fiagros com maior número de cotistas

O fundo do agronegócio lançado pela Suno Asset é o primeiro ativo do tipo a ter composição híbrida

Data de publicação:23/08/2022 às 05:00 - Atualizado um ano atrás
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Em um momento em que os Fundos de Investimento em Cadeias do Agronegócio (Fiagros) ganham espaço entre os investidores e as instituições financeiras que desenvolvem produtos financeiros, o mais recente lançamento dentro dessa indústria de investimentos chamou a atenção do mercado após registrar o maior volume de negociação para um Fiagro em sua estreia na Bolsa de Valores brasileira, a B3.

O SNAG11, código do Suno Agro Fiagro Imobiliário, estruturado pela Suno Asset em parceria com a Boa Safra Sementes, movimentou cerca de R$ 10,39 milhões em sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês). Lançado há duas semanas, no último dia 8 de agosto, o Fiagro - que é o primeiro ativo do tipo a ter investimentos híbridos - já conta com cerca de 5 mil cotistas, o que o coloca na lista dos 10 fundos do agronegócio com maiores números de investidores.

SNAG11 é o mais novo fiagro da B3 | Foto: Reprodução

De acordo com informações disponibilizadas pela própria gestora, no dia de sua estreia, o SNAG11 angariou 2.631 cotistas. No final da primeira semana de negociação, na sexta-feira, 12, esse número já tinha subido para 4.032. A Suno informou que em sua última atualização de dados até a publicação desta matéria, a última data com informações sobre cotistas disponíveis era terça-feira, 16, com um total de 4.705 investidores no fundo.

O recorde anterior do volume de negociação de um Fiagro em sua estreia na Bolsa era do Itaú Rural Asset Fiagro (RURA11), que movimentou cerca de R$ 2,69 milhões na data de seu lançamento, em 9 de março deste ano. Vitor Duarte, gestor do SNAG11, considera que o sucesso do fundo em seus primeiros dias se deve a dois pontos principais: o fato do ativo ser o primeiro Fiagro híbrido do mercado brasileiro e a estratégia de comunicação adotada pela gestora para divulgar o produto.

O que é o SNAG11?

O SNAG11 é um fundo do agronegócio que busca, com suas alocações, uma rentabilidade equivalente ao CDI (hoje em 13,65% ao ano) mais uma taxa prefixada de 3,0% ao ano. O preço das cotas do fundo em seu IPO era de R$ 100 e no fechamento do pregão desta segunda-feira, 22, o ativo era cotado a R$ 100,10, com alta de 0,10% no dia.

A gestão do Fiagro é ativa e sua taxa de administração é de 0,91% ao ano, do qual 0,80% é referente à gestão e 0,11%, à administração. Não há a cobrança de taxa de performance.

Duarte afirma que o SNAG11 é uma novidade no mercado. Embora a B3 já conte com 23 fundos do agronegócio listados desde o lançamento desse tipo de investimento (no final de 2021), antes do fundo da Suno, nenhum deles oferecia um produto híbrido, com aplicações em crédito do agronegócio, mas investindo também no arrendamento de terras.

Estrutura e composição do SNAG11

A composição do SNAG11, com montante inicial de R$ 150 milhões, é de R$ 125 milhões (cerca de 83%) em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) - que têm como objeto de investimento as dívidas da Boa Safra com os produtores finais de soja -, e os R$ 25 milhões restantes (cerca de 27%) são destinados ao arrendamento de terras.

"Com este valor, foram adquiridas duas propriedades no Mato Grosso. A primeira, em Sorriso, com área total de 90.000 m². A segunda, em Primavera do Leste, com 293.000 m². A Boa Safra se encarregará de fazer melhorias nas propriedades, implementando galpões para tratamento e armazenamento de soja."

Suno Asset, em nota

O gestor do fundo explica que, com tal estrutura, o Fiagro oferecerá duas formas de rentabilidade ao investidor: a primeira é proveniente da negociação das cotas do fundo em Bolsa e a segunda vem do rendimento mensal, possibilitado pelo fluxo de capital advindo da locação de terras e dos CRAS. "Ao lançarmos um fiagro híbrido, reforçamos nosso comprometimento em apresentar para investidores comuns caminhos alternativos, mais completos que Fiagros unicamente de crédito", afirma Duarte.

Liquidez do SNAG11 em relação a outros Fiagros

Além do recorde quebrado em relação ao volume de negociação, em sua semana de estreia o SNAG11 também apresentou a maior liquidez dentro dos investimentos em Fiagros. De 8 a 12 de agosto, os 10 fundos do agronegócio que mais movimentaram dinheiro na Bolsa totalizaram um montante de R$ 107.868.253,19. Deste valor, 14,27% foi movimentado apenas pelo SNAG11.

FiagroLiquidez entre 08/08 e 12/08N° de cotistas*
SNAG11R$ 15.393.527,724.705
VGIA11R$ 8.870.699,0712.327*
KNCA11R$ 8.218.399,456.700*
FGAA11R$ 7.290.439,636.150*
XPCA11R$ 5.240.245,4013.979**
RZAG11R$ 5.031.656,6014.535*
DCRA11R$ 1.821.682,535.300**
RURA11R$ 1.769.356,537.158*
BBGO11R$ 1.275.906,085.885**
NCRA11R$ 1.089.689,781.248*
Fonte: Quantum | *números baseados nos últimos dados disponíveis datados de 30/06/2022 | **números baseados nos últimos dados disponíveis datados de 29/07/2022

Para Vitor Duarte, além do "fator novidade" do Fiagro híbrido, o que explica esse forte interesse pelo produto foi a estratégia de comunicação utilizada pela gestora para atrair novos investidores. O especialista conta que ao longo de vários meses antes da estreia do fundo para o público geral, a empresa fez contato com investidores, empresários e trabalhos do agronegócio para apresentar o investimento.

Segundo o gestor, algumas pessoas que investiram no fundo enviaram mensagens à asset contando que a cota do SNAG11 era o primeiro investimento que haviam realizado na vida, isso porque tiveram uma identificação com o setor em que o ativo investe.

Vale a pena investir no fiagro?

Duarte considera que ter o agronegócio na carteira de investimentos é uma estratégia inteligente, tendo em vista que este setor é responsável por mais de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Além disso, sobre o SNAG11, que é focado em soja, o gestor pontua que "soja não pega covid" e é um produto bastante resiliente à adversidades, o que pode fazer com que o Fiagro também seja mais resiliente que outros ativos, como os fundos imobiliários de shoppings e lajes corporativas.

Em relação aos riscos dos investimentos, o especialista pontua que, assim como qualquer ativo de renda variável, o fundo não está livre de perdas. Condições climáticas adversas são o principal fator de risco para a parte da carteira investida em arrendamentos de terras e, para diminuir tais riscos, Duarte afirma que os planos da gestora são expandir as locações para diferentes geografias do Brasil.

O gestor pontua, ainda, que para evitar o risco de não receber os pagamentos dos aluguéis das terras, eles buscaram uma empresa de confiança para ser locatária. Neste caso, a escolha inicial pela Boa Safra é justificada pelo especialista por se tratar de uma companhia bem estruturada e listada em Bolsa.

Sobre o montante do SNAG11 que é investido em CRAs, que são ativos da renda fixa, Duarte ressalta que a meta do fundo é ter uma rentabilidade de, pelo menos, CDI + 3% ao ano. Assim, mesmo que a Selic, taxa básica de juros, caía, o Fiagro ainda estará entregando 3% a mais do que qualquer investimento atrelado apenas à Selic, explica o especialista.

Lista de Fiagros disponíveis na B3

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Sobre o autor
Bruna MiatoA Mais Retorno é um portal completo sobre o mercado financeiro, com notícias diárias sobre tudo o que acontece na economia, nos investimentos e no mundo. Além de produzir colunas semanais, termos sobre o mercado e disponibilizar uma ferramenta exclusiva sobre os fundos de investimentos, com mais de 35 mil opções é possível realizar analises detalhadas através de índices, indicadores, rentabilidade histórica, composição do fundo, quantidade de cotistas e muito mais!