Sharp Capital: piora no cenário macroeconômico em 2021 levou a resultados negativos de seus fundos
A gestora reconhece que também houve equívocos na administração de portfólio
Em sua carta aos investidores, a gestora Sharp Capital fala de exemplos de liderança louváveis tanto no setor privado como público no País, da transparência e verdade sempre presentes na atuação, que levaram a resultados surpreendentes. Há também no documento explicações dos resultados de seus fundos com piora no cenário econômico.
A gestora também expressa o seu desejo de que com as eleições este ano, o próximo presidente e, portanto, o novo líder do País faça uma “gestão lastreada na competência técnica para atingir resultados perenes, que espalhe seus valores com empatia através do exemplo e contribua para redefinir a cultura que influencia as atitudes diárias de 215 milhões de brasileiros. Para o bem. Para melhor. Através da verdade.”
Líderes no setor privado e público
Para ilustrar o que considera liderança de sucesso, a Sharp cita na carta "transformações incríveis" que foram promovidas por Sergio Rial no Santander, por Octavio Lopes e Carlos Piani na Cemar e por Rodrigo Osmo na Tenda.
Outras ainda em curso precisam de mais tempo para se consolidar, mas já apresentam resultados parciais interessantes, como as lideradas por Roberto Funari na Alpargatas, por Roberto Monteiro na PetroRio e por Jean Jereissati na Ambev.
No mundo público, os analistas da gestora elegem alguns nomes, como Wilson Ferreira Jr., que retirou a Eletrobras do caminho da falência, da corrupção e dos múltiplos prejuízos para a sociedade.
Além de João Manoel e Roberto Campos, que criaram e implementaram o PIX com sucesso e velocidade de dar inveja a muitas fintechs: mais de 90% das transações agora ocorrem através do novo pagamento instantâneo, provocando uma queda de 53% no número de TEDs.
Em apenas um ano, reforça a Sharp Capital, o Banco Central produziu relevante impacto social através do uso da tecnologia, da regulação bem-feita e do aumento das alternativas disponíveis ao consumidor.
“As soluções para o Brasil que miram apenas os sintomas e não os problemas, que ignoram a experiência internacional e que desconsideram consequências de segunda ordem, condenam o país a canalizar energia para um contínuo ato de enxugar gelo. Ferramenta de manipulação tanto da esquerda quanto da direita, o populismo raso é a antítese da verdade. Escamoteado em um marketing desprovido de lastro, esse estilo de gestão fragiliza especialmente aqueles que diz ajudar"
Sharp Capital
Desempenho negativo dos fundos da Sharp Capital
Ao explicar a seus clientes o resultado negativo de 19% no ano do Sharp Equity Value, os gestores ressaltam que de 2010 a 2020, a performance positiva em relação ao Ibovespa foi mais destacada nos períodos de queda do índice. Em 2021, foi a primeira vez que o fundo teve um desempenho inferior ao mercado em um ano de desvalorização.
Entre as razões, segundo eles, está a sensível piora macroeconômica. “Se por um lado não estamos vivendo uma crise semelhante à de 2015/2016, por outro, as condições no início do ano eram bastante favoráveis, com perspectivas otimistas e um custo de oportunidade perto dos valores mínimos históricos, com títulos públicos com rendimento real na faixa de 3,0% a3,5%.
A piora contínua ao longo do ano implicou numa importante revisão de parâmetros. Além da inflação ter corroído parte dos resultados de algumas companhias e da capacidade de consumo das famílias, o custo de oportunidade voltou rapidamente para patamares alinhados com os valores da última década, em torno de 5,0% a 5,5% em termos reais.
“Neste contexto, cometemos um equívoco em termos de gestão de portfólio. Com a percepção de que o caixa constituía um seguro caro e havia várias teses interessantes para investirmos, aceitamos manter em carteira algumas ações cujos preços se revelaram excessivos sob o prisma atual.”
Os gestores esclarecem que o tamanho de cada um desses investimentos individualmente era pequeno ou moderado, bem abaixo dos patamares atingidos no passado. No entanto, o percentual do fundo alocado nestas companhias, em agregado, foi mais expressivo.
A desvalorização potencial desse grupo de ações era relevante, e bastaram alguns resultados trimestrais pouco inspiradores e o aumento no custo de oportunidade para essas ações caírem de forma expressiva e prejudicarem o fundo.
Outro fator que contribuiu para o desempenho negativo foi a atípica concentração de perdas em investimentos descorrelacionados entre si.
“Auferimos perdas importantes nos investimentos em EZTEC, Stone, SulAmérica e Natura. Em nossa visão, nossas teses de investimento originais foram parcial ou totalmente invalidadas ao longo do ano. Com exceção da Natura, essas companhias não fazem mais parte da nossa carteira.”
Sharp Capital
Além disso, os ganhos do ano foram em menor número e intensidade que o padrão histórico dos últimos 10 anos, mesmo em termos relativos ao mercado.
PetroRio e Banco Inter foram destaques com ganhos na faixa de 1,5 ponto percentual cada, resultado que não foi suficiente para aplacar as perdas do período.
Como investidores de empresas no Brasil, possivelmente voltamos ao cenário que estamos mais acostumados e sob o qual construímos a maior parte do nosso resultado histórico: não podemos contar com ventos exógenos favoráveis e devemos encontrar as exceções que podem tornar nossos retornos de longo prazo diferenciados.
Resultado modesto do Sharp Long Short
O Sharp Long Short apresentou retorno de CDI + 0,7%, e apesar do resultado pouco expressivo, em um ano com tantas armadilhas disponíveis, evitar o pior pode ter sido o melhor que conseguimos obter.
Após um bom início em 2021, em maio registramos o pior mês em 16 anos da estratégia Long Short. Conseguimos nos recuperar em seguida, especialmente em agosto e setembro.
Os destaques ficaram com o desempenho das fintechs, IPO’s, empresas produtoras de commodities e varejistas online. A composição bem-sucedida da carteira compreendeu um par no setor de e-commerce, montada há pouco mais de um ano, na época em que o mercado considerava que todas as empresas do setor encontrariam seu lugar ao sol, um par do setor financeiro, um no setor de saúde e um no setor de petróleo.
Queda no Sharp Long Biased
O Sharp Long Biased apresentou queda de 8% no ano, majoritariamente pela combinação das estratégias anteriormente mencionadas. Os ganhos de alguns pares e a menor posição comprada contribuíram para reduzir as perdas da carteira. Ao longo do ano, as exposições médias bruta e líquida foram de 163% e 67% do PL, respectivamente.