Santander: Após lucro recorde, casas divergem sobre avaliação para os papéis do banco
Anúncio da saída do presidente do banco, Sergio Rial, pegou o mercado de surpresa
Após anunciar lucro recorde no segundo trimestre, o Santander Brasil comunicou que o presidente da companhia, Sergio Rial, está deixando o cargo de diretor presidente da empresa até o fim de 2021. A notícia pegou várias casas de análise de surpresa, o que causou divergência entre elas sobre a avaliação para os papéis do banco.
Com a repercussão da informação pelo mercado, as ações da companhia chegaram a cair ao longo do dia, mas inverteram o sinal e fecharam o pregão com alta de 1,04%.
Segundo relatório da XP, Sergio Rial, atual presidente do banco, foi o líder da transformação que moveu o Santander de um banco de um ROE próximo de 12% para uma instituição financeira com ROE de 22%. “Esperamos que o mercado reaja negativamente às notícias”, aponta.
No geral, de acordo com a casa, a visão é de que o consumo do balanço abaixo do provisionado do banco não será capaz de sustentar seus ganhos. “Mantemos nossa recomendação de venda com preço-alvo de R$ 36”, ressaltou a XP.
Outro lado
Em documento de análise, o Banco Safra destacou que o Santander obteve um bom desempenho no período, com um lucro 5,5% maior do que o esperado pela casa.
“Destacamos o bom desempenho das receitas de serviço em todas as áreas. Avaliamos também como favorável o sólido desempenho nas despesas operacionais, mesmo apresentando uma provisão de perdas mais alta com empréstimo em relação ao trimestre anterior”, reforça o relatório.
A maior surpresa, de acordo com os analistas da casa, foi o anúncio da mudança de gestão do banco, com a saída de Rial.
Na visão do Safra, o desempenho operacional do Santander deve continuar forte ao longo de 2021. “Dito isso, mantemos nosso rating de outperform (compra moderada) para o banco, com um preço-alvo de R$ 53 por ação”.
Números do trimestre
O lucro líquido gerencial de R$ 4,1 bilhões obtido pelo Santander Brasil no segundo trimestre representa um salto de 95,3% sobre os R$ 2,136 bilhões obtidos no mesmo período de 2020.
Nesse período, o banco carregou nas provisões para créditos de liquidação duvidosa, conhecidas pela sigla PDD, em face ao recrudescimento da pandemia da covid-19.
Contudo, o resultado gerencial é 7,21% inferior à estimativa de R$ 4,495 bilhões, apontada na média das projeções de cinco casas (BTG Pactual, Itaú BBA, Bank of America (BofA), JPMorgan e UBS BB.
A subsidiária brasileira do banco espanhol encerrou o primeiro semestre deste ano com ativos totais de R$ 940,912 bilhões, queda de 4,74% se comparado a um ano antes - R$ 987,679 bilhões - , quando a crise deflagrada pela pandemia fez com que fosse perdido o patamar do trilhão, alcançado no trimestre anterior.
O patrimônio líquido, por sua vez, avançou 9,07% na comparação com os R$ 72,455 bilhões registrados um ano antes, e alcançou R$ 79,024 bilhões, no segundo trimestre deste ano.
A margem financeira bruta do Santander Brasil totalizou R$ 13,424 bilhões no segundo trimestre deste ano, ficando estável em relação aos três meses imediatamente anteriores. Em um ano, porém, foi identificada retração de 1,5%.
A carteira de crédito ampliada do Santander Brasil encerrou o segundo trimestre deste ano em R$ 510,314 bilhões, com avanço de 14,4% sobre o total registrado ao fim de junho do ano passado.
O impulso, conforme material distribuído pelo banco espanhol sobre sua operação no País nesta madrugada, veio sobretudo de empréstimos concedidos a pessoas físicas e pequenas e médias empresas. / com Agência Estado