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investimentos
Mercado Financeiro

Saiba como a inflação acima de 8% impacta na Bolsa, fundos imobiliários e renda fixa

Procuramos especialistas para apontar o que muda no seu bolso com a disparada da inflação

Data de publicação:11/06/2021 às 05:01 -
Atualizado 3 anos atrás
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O IPCA de maio de 0,83% levou a inflação oficial acumulada em 12 meses para 8,06%. Levou também as aplicações em renda fixa a amargar mais um mês de rendimento negativo, exceto os títulos vinculados à inflação, como o Tesouro IPCA, ou os papéis de crédito privado, como as debêntures. Bolsa teve valorização real de 5,28%.

Mas qual o impacto da alta da inflação para os demais investimentos, incluindo ai a renda variável e os fundos imobiliários? A Mais Retorno procurou especialistas para apontar o que muda no dia a dia do mercado financeiro. Confira abaixo.

Foto: Envato
Fundos imobiliários estão baratos e devem reagir com retomada da economia

Títulos do Tesouro

Ativos como o Tesouro IPCA (NTN-B), que têm a remuneração atrelada à inflação, devem oferecer uma blindagem maior ao investidor, ressalta Marcos Iorio, gestor da Integral Investimentos. E, mesmo dentro dessa especificação, é preciso fazer uma diferenciação entre os de curto e longo prazo.

Segundo ele, a preferência deve recair nos de prazos menores, porque tendem a ficar menos expostos a volatilidades. Os de prazo mais elástico terão de enfrentar questões cruciais como a fiscal em nível interno, e comportamento da inflação e condução dos juros nos Estados Unidos, que mais dia menos dia podem trazer instabilidade para esses papéis.   

Camila Dolle, analista de renda fixa da XP, faz a ressalva de que, embora ofereçam boa proteção contra a inflação e garantam ganho real, o Tesouro IPCA é mais indicado ao investidor que pretende ficar com o papel até o vencimento. Justamente pelas oscilações a que ficam sujeitos esses títulos, e a necessidade de venda no meio do caminho pode trazer prejuízo ao investidor.

No ano, o índice que mede o desempenho dos Títulos Públicos atrelados à inflação, o IMA-B, apresenta queda de 4,22%, em maio tem valorização de 0,23%, segundo levantamento da plataforma de informações financeiras, Economatica.

Camila destaca que o Tesouro Selic tende a ser beneficiado com a alta dos juros e que é menos vulnerável às oscilações do mercado. “É um ativo interessante para perfis conservadores ter nas carteiras”, diz a analista.

Papéis de crédito

O analista da Integral destaca que há uma procura maior por papeis que empresas emitem para se financiar vinculados à inflação, como debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs).

“Antes esses papeis de crédito eram vinculados ao CDI, mas hoje existe uma pressão de demanda pelos atrelados ao IPCA”, diz ele. São instrumentos de captação que estão sendo usados por empresas como Localiza, Rumo e CCR. Os fundos com esses papéis também é opção para proteger o patrimônio diante de perspectiva de continuidade de alta da inflação.

“Nem sempre esses papéis estão disponíveis a todo investidor, mas àquele que declara ter no mínimo R$ 1 milhão aplicado no mercado financeiro, o chamado investidor qualificado”, afirma Camila.

CDB, LCI e LCA

Por serem pós-fixados, com remuneração baseada nas taxas de juro, esses papéis tendem a ser beneficiados com as altas da Selic e, na esteira dela, do CDI. A remuneração que ficou entre 0,22% e 0,32% em maio deve também aumentar.

A questão está em saber se terão fôlego para repor ao dinheiro a perda de poder aquisitivo em decorrência da inflação.

Caderneta de Poupança

Entre as aplicações de renda fixa, a mais prejudicada é a poupança. Se a taxa de juro cheia, a Selic, está perdendo da inflação, o que dirá de uma aplicação que paga 70% dela.

A caderneta vem rendendo 0,16% ao mês, com uma taxa de 3,75% ao ano. Com uma Selic de 4,25%, o seu rendimento passará a ser de 2,98% ao ano, ou 0,24% ao mês. Abaixo de toda e qualquer projeção de inflação para este ano.

Pelos cálculos da plataforma Economatica, o rendimento da poupança acumulada em 12 meses é negativo em 6,0%. Desde outubro de 1991, quando a perda anual chegou em 9,72%, o resultado não era tão prejudicial ao investidor.

Segundo Camila, às vezes por medo, comodismo, o investidor acaba ficando na caderneta. “Mais do que ir em busca de rentabilidade, esse investidor precisa sair para conhecer outras opções mais interessantes do mercado”, diz ela.

Fundos imobiliários

Os fundos imobiliários foram bastante afetados com o lockdown e a paralisação das atividades econômicas. Com a desvalorização das cotas, esses fundos estão agora baratos, pondera Iorio.

Segundo a Economatica, o índice de fundos imobiliários registrou uma queda de -4,93% em 2021; 2,37% só no mês de maio.

No entanto, a perspectiva de retomada da economia deve beneficiar os fundos imobiliários, pelos ativos que compõem suas carteiras.

De acordo com o analista da Integral, entre as principais razões estão: as cotas com valores mais baixos se tornam mais atraentes; a reabertura dos negócios vai permitir o aumento de faturamento dos shoppings, e a volta de profissionais a receita com escritórios; e por terem recebíveis como alugueis corrigidos pela inflação.

Bolsa de Valores

Há alguns anos uma inflação em alta trazia impactos negativos para os investimentos em ações. Mas não é o que vem acontecendo neste momento.

A leitura do mercado é que, como a receita do governo com a arrecadação é reajustada pela inflação, isso pode gerar efeitos positivos para as contas públicas e aliviar as preocupações com o risco de descontrole fiscal.

Em maio, com alta nominal de 6,16%, o Ibovespa superou a inflação em 5,28%, segundo cálculos da Economatica. No ano, até maio, apenas a Bolsa tem valorização acima da inflação, de 2,74%.

A analista da XP, Jennie Li, afirma que, mais do que se preocupar com a inflação, os investidores estão de olho no que o Banco Central pode fazer para contê-la, ou seja, em que medida poderá se situar o aumento dos juros.

“Se a economia se aquece, é preciso saber como o BC responde a isso. O BC tem usado de bastante transparência ao sinalizar ao mercado que vai elevar mais 0,75 ponto a Selic em junho”, diz Jennie.

Ela não acredita que uma alta dos juros venha a provocar uma migração da renda variável para a renda fixa, porque os juros ainda devem continuar transitando em território negativo.

Mas, além disso, o que mais tem pesado na balança não é propriamente o comportamento da inflação por aqui, mas os dados positivos da economia do País, que devem reverberar nos pregões da bolsa. Outro ponto relevante para o mercado de ações é a inflação e a condução da política de juros nos Estados Unidos que, por enquanto, mantêm o apetite por ativos de risco, favorecendo a Bolsa.

Sobre o autor
Regina Pitoscia
Editora do Portal Mais Retorno.