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Economia

Real foi a moeda que mais se valorizou no ano passado; quais as perspectivas para o câmbio em 2023?

Alta dos juros favoreceu a valorização do real com a entrada de investimentos estrangeiros no País

Data de publicação:06/01/2023 às 07:00 -
Atualizado um ano atrás
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O real foi a moeda que mais se valorizou em 2022. Levantamento da Bloomberg aponta que, incluindo os juros, a moeda brasileira sustentou uma valorização de 19,40% no ano passado

Para sustentar a liderança no ranking, o real deixou para trás o peso mexicano e até mesmo o dólar americano, que ganhou um empurrão do FED, após altas consecutivas da taxa de juros. 

A dúvida sobre a moeda brasileira é se, com o novo governo, o real manterá o mesmo vigor em 2023.

gasto público

O suporte dos juros altos

No ano, a moeda nacional ficou à frente até do peso mexicano, a segunda com maior valorização no período, com 15,61%. Ambas foram destaque em valorização porque Brasil e México elevaram bastante a taxa de juros, avalia o analista José Raymundo Júnior.

E o Brasil levou vantagem na atração de capital porque saiu na frente ao fazer primeiro a lição de casa. “O Brasil começou a subir os juros bem antes dos demais países e colheu os frutos disso”, avalia Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos.

Moeda/PaísParidadeVariação
Peso/México0,051887+6,37%
Real/Brasil0,183568+4,31%
Rublo/Rússia0,013790+2,61%
Dólar/Singapura0,746701+1,05%
Rial/Arábia Saudita0,265999-0,13%
Dólar/Hong Kong0,127898-0,27%
Franco/Suíça1,078050-0,98%
Coroa/Rep. Tcheca0,044105-3,14%
Dólar/Austrália0,686887-4,55%
Kuna/Croácia0,141842-5,60%
Dólar/Canadá0,738364-5,84%
Coroa/Dinamarca0,142650-6,11%
Euro1,060952-6,12%
Dólar/Nova Zelândia0,631866-6,93%
Yuan/China0,145172-7,51%
Rúpia/Índia0,012075-10,16%
Libra Esterlina/Reino Unido1,205415-10,59%
Ien/Japão0,007649-11,78%
Coroa/Noruega0,098950-12,20%
Florim/Hungria0,002672-13,19%
Lira/Turquia0,053350-30,15%
Peso/Argentina0,005604-37,40%
Ranking de moedas X dólar americano - 2022

Juros altos foram o atrativo que seduziu capitais para investimento nesses países. Sem incluir os juros, em ganho nominal, a moeda mexicana fica à frente do real, com 6,37%, comparado com 4,31% da moeda brasileira.

O real subiu cerca de 5%, sem considerar os juros, diz Raymundo Júnior. Com a adição da taxa de juros, segundo o levantamento da Bloomberg, chega-se a uma valorização perto de 19%, comenta.

O analista afirma, ainda assim, que “a única coisa que tem feito o real a ter um desempenho razoavelmente bom, em que pese estar bastante desvalorizado, é a queda do Dólar Index.

Esse índice americano, que mede a força do dólar na comparação com o desempenho de uma cesta de moedas, recua 10% em sua relação à máxima, em fins de setembro de 2022, quando chegou a bater 114,8 pontos.

Na comparação do dólar real contra o Dólar Index, isso equivale a uma relação de queda de 10% da cesta de moedas e a uma relativa estabilidade do dólar real, sem considerar a taxa de juros. 

Dólar caro?

E qual seria a cotação do dólar em reais pelo valor do Dólar Index no fim de setembro com a taxa de juros de 13,75%, a mesma de hoje? Seria R$ 5,55?, questiona Raymundo Júnior.

Em um cenário recente de certa estabilidade do real e de queda de 10% do Index no período, em uma correlação perfeita o dólar deveria estar abaixo de R$ 5, calcula. “Ou seja, o dólar está bastante caro hoje.”

O analista aponta pelo menos três fatores que estariam sugerindo que o dólar não tem espaço para uma alta forte no Brasil. Um deles é que o juro real (Selic menos a inflação prevista) está em quase dois dígitos, calcula.

Joga em favor da moeda brasileira também os juros dos Fed funds, as taxas de curto prazo americanas, que descontada a inflação (CPI) estão quase em torno de 10% abaixo, “o que também é favorável ao real contra a moeda americana”.

Ademais, segundo Raymundo Júnior, o que sugere que o dólar próximo de R$ 5,50 está muito caro no Brasil é a queda de 10% do dólar Index desde outubro até os primeiros dias de janeiro.

É certo que o juro alto oferece uma espécie de blindagem para a moeda nacional, mas essa defesa tem um limite, de acordo com o analista. “Existe um nível máximo de desaforo que a moeda aguenta”, referindo-se a possíveis estripulias econômicas que o novo governo venha a cometer.

Por enquanto, “o atual patamar em torno de R$ 5,50  deve ser respeitado e o dólar à vista pode até voltar para o nível de R$ 5,20”, acredita. “O relatório Focus, que não é a melhor medida, coloca o dólar a R$ 5,26 no fim deste ano e a R$ 5,27 no fim de 2024”, comenta. “Com juros tão altos, isso pode sugerir também que o dólar deve cair”.

O analista diz esperar uma queda adiante do dólar, embora o intervalo de R$ 5,00 com R$ 5,50 deva ser mantido por ora, e que uma cotação de R$ 5,40/R$ 5,50 seria boa hora para quem precisa vender. “Ainda que com o risco de que o dólar continue subindo, mas aparentemente já está em seu topo”.

Raymundo Júnior, alerta, no entanto, que se persistirem as notícias negativas no cenário doméstico, “muitas não seriam exequíveis, como a revisão da reforma da Previdência, pode ser que o dólar rompa, pelo menos momentaneamente, R$ 5,50”.

Comprar ou vender dólar?

Ele ressalta, contudo, que esse não é o cenário principal nem sugere que é momento de comprar dólar. “Acho que faz mais sentido a venda. Até mesmo para aproveitar o carrego para o investidor que comprou dólar perto de R$ 5,15/R$ 5,20 em dezembro”.

Para o analista, passando algumas dúvidas de política econômica e os dados de inflação americana vindo melhores, com perspectiva de alta menor de juros nos Estados Unidos, o dólar poderia voltar ao patamar mais baixo, em torno de R$ 5,20.

Para Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos, “é difícil falar em comprar ou vender, porque o dólar tem oscilado muito, beirando a casa de R$ 5,15 a R$ 5,60, muito por conta do novo governo”.

Ele acredita, porém, que, “enquanto não houver uma ação mais concreta que seja vista como pouco mais populista, sob o viés do mercado, não deve haver um rompimento muito grande dessa barreira de R$ 5,50”.

É um nível de preço que atrai o exportador, “que despeja uma quantidade muito grande de dólares no mercado”, e a mesma coisa acontece quando vem abaixo, “quando ocorre muito movimento de saída de capital”.

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Sobre o autor
Renato Jakitas
Editor-chefe do Portal Mais Retorno.

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