Reabertura da China parece agora ser para valer, diz SVN em carta de gestão
Cenário externo sofreu grande impacto com eventos envolvendo bancos; no Brasil, arcabouço fiscal veio ruim, mas ainda melhor que o esperado, de acordo com a SVN
A abertura da China parece ter sido o grande evento positivo para o mês de março, de acordo com a SVN. Entre os dados apontados, maior mobilidade e números recentes de atividade demonstram que há suporte para commodities e, por consequência, isso tende a favorecer o Brasil e a Europa.
Considerando EUA e Europa, na visão da gestora, a volatilidade no mês de março foi atípica.
“Quem olha apenas o final do mês não percebe o quanto foi estressante o período de março, principalmente por conta dos eventos relacionados ao banco regional americano, Silicon Valley Bank, e, posteriormente, envolvendo os problemas do Credit Suisse", diz a SVN.
As soluções para as situações envolvendo as instituições financeiras vieram de uma costura entre reguladores, Bancos Centrais e bancos privados. Isso garantiu um final de mês mais tranquilo, aponta a carta.
No cenário externo, a gestora entende que ainda não há espaço para queda de juros nos EUA e isso continuará trazendo impacto para ativos de risco. “Novamente nos deparamos com os enormes problemas que são apenas consequências de anos e anos de forte estímulo monetário com juros negativos praticados em diversos países do mundo por muito tempo.”
Arcabouço fiscal: ruim, mas poderia ser pior
Sobre o panorama nacional, o arcabouço fiscal apresentado dá chances para uma melhora fiscal. Apesar de aquém do ideal pela dificuldade de aumentar impostos, de acordo com a gestora, o projeto apresentado agradou por ser melhor que as expectativas.
“Deveremos ter um embate no Congresso principalmente em relação ao aumento de impostos, que deve continuar a trazer volatilidade no mercado interno, gerando oportunidades de alocação", entende a gestora.
A visão da SVN é cautelosa em relação ao Brasil e ainda identifica pessimismo no investidor local em detrimento do investidor estrangeiro. Contudo, a gestora enxerga algumas assimetrias, considerando os preços atuais de alguns papéis atraentes pelos critérios da SVN.
Estratégias da SVN
Entre as visões da gestora para as carteiras administradas e fundos exclusivos, há a lembrança dos 4 pilares fundamentais nos investimentos: perfil de risco adequado, horizonte de investimento, objetivo do investimento e diversificação.
Em março, SVN optou por zerar sua posição em ouro, considerando a rentabilidade positiva como “acentuada no curto prazo”. Além disso, a posição em commodities metálicas foi zerada algum tempo atrás mas há avaliação para retornar.
Renda Fixa
A gestora segue apostando em títulos públicos e privados indexados à inflação, considerando juros reais acima de 6,5% como “bem atrativos” e com aberturas acima de 8%. Há manutenção, também, de papéis pós-fixados em CDI+ e %CDI de bancos com prêmio.
Ainda em renda fixa, a SVN decidiu em manter exposição em liquidez e em títulos referenciados CDI com liquidez diária, visando novas oportunidades de mercado. O fechamento da curva de juros fez com que a gestora optasse por não realizar alocações em pré, mas, ainda assim, houve manutenção das alocações feitas acima de 16%.
A SVN manteve pequena alocação em CRA de JBS em dólar mais 4,71% ao ano isento como hedge e exposição adicional à moeda americana.
Renda Variável
Para a renda variável, a SVN optou por zerar o investimento internacional em BDRs, considerando a valorização do dólar. Além disso, houve manutenção de ETF de empresas de petróleo, negociado em dólar. Assim, há garantia de exposição à moeda americana e ao petróleo, em consideração com o portfólio em exposição a Brasil.
"Dentro da carteira de ações mantemos ainda boa exposição a commodities e empresas defensivas que geram caixa e têm poder de repasse de preços (pricing power) e mantemos outras empresas que se beneficiam da melhora local com valuation atrativo", explica a SVN no documento.
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