Rússia dá início à invasão da Ucrânia nesta madrugada; bolsas caem na Europa e futuros operam em baixa nos EUA
Inflação em níveis elevados respondem menos à alta dos juros e isso traz preocupação
O mercado financeiro deve permanecer com a atenção voltada ao cenário internacional nesta quinta-feira, 24. Durante esta madrugada no Brasil, as forças militares russas iniciaram a invasão da Ucrânia, com ataques aéreos e entradas de tanques. A Bolsa de Moscou anunciou que suspendeu as negociações em todos os seus mercados "até novo aviso".
O mercado financeiro reage de forma defensiva, com os contratos futuros americanos operando em forte queda, assim como as bolsas europeias. Em um comunicado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que Putin "escolheu uma guerra premeditada que trará uma perda catastrófica de vidas e sofrimento humano".
Segundo Biden, ele se reunirá com os líderes do G-7 nesta quinta-feira e "anunciará as consequências adicionais que os Estados Unidos e nossos aliados e parceiros imporão à Rússia por esse ato desnecessário de agressão contra a Ucrânia".
Seguindo linha semelhante, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a UE responderá com sanções "amplas e direcionadas" contra Moscou.
O governo americano vinha alertando desde o mês de janeiro que uma invasão russa era "iminente", o que ficou evidenciado após Putin reconhecer as regiões separatistas como independentes. O início da invasão se deu no exato momento em que se reunia o Conselho de Paz da ONU.
"No exato momento em que estamos reunidos no conselho buscando a paz, Putin transmitiu uma mensagem de guerra com total desdém pela responsabilidade desse conselho. Esta é uma grave emergência", disse a embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a Rússia realizou ataques com mísseis contra a infraestrutura e guardas ucranianos posicionados na fronteira e que explosões foram ouvidas em muitas cidades. Um funcionário também relatou ataques cibernéticos.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, as sanções do Ocidente serão severas a Moscou, com grandes restrições de comercialização, o que "coloca à mesa um novo repique inflacionário".
"Por enquanto, esse cenário é o mais provável, ao passo que, apesar do temor e dos preparativos para um confronto, a Otan, que cortejou a Ucrânia, não irá se dispor a defendê-la belicamente", complementou Sanchez.
Futuros/bolsas americanas
S&P 500: -2,11%
Dow Jones: -2,16%
Nasdaq 100: -2,77% (dados atualizados às 7h38)
Bolsas europeias/principais praças financeiras
Stoxx 600 (Europa): - 3,62%
FTSE 100 (Londres): - 2,96%
DAX (Frankfurt): -4,58%
CAC 40 (Paris): -4,42% (dados atualizados às 7h39)
Dados econômicos americanos dividem a atenção dos investidores
Em paralelo à guerra entre os dois países, os investidores e gestores de mercado acompanham a divulgação de novos dados econômicos, como os números de crescimento trimestral do PIB americano. Os números de atividade econômica e de emprego nos EUA são dois indicadores que os mercados acompanham de perto porque podem influenciar as decisões de política monetária pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos).
Especialistas entendem que a pressão sobre a inflação americana tende a levar o Fed a adotar uma política mais dura, já a partir de março, quando está prevista a primeira rodada de elevação de juros nos Estados Unidos.
A inflação não é uma preocupação apenas americana. Ela também é doméstica e tem sido agravada a cada divulgação de índices, tanto no atacado quando ao consumidor. O IPCA-15 de fevereiro divulgada ontem pelo IBGE, considerada a inflação preliminar do mês, apontou uma alta de 0,99%. A elevação acima das previsões de analistas, de 0,85%, acentuou as preocupações do mercado om a alta dos preços.
Inflação em alta também preocupa o mercado
Especialistas comentam que inflação em patamares elevados, como ocorre agora, respondem menos à alta dos juros e resistem mais à queda porque é sustentada pelo amplo mecanismo de indexação da economia – processo de reajuste dos principais preços, principalmente os controlados pelo governo, pela inflação passada.
A persistente inflação já tem levado alguns analistas a revisar as estimativas sobre o aumento da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 15 e 16 de março. Cresce a expectativa de que o Banco Central mantenha o ajuste da Selic na mesma calibragem de 1,50 ponto porcentual no próximo encontro do Copom.
A perspectiva de ingresso de maior volume de capitais para aplicação em títulos de renda fixa no País, atraídos pela ampliação da diferença de juros domésticos e externos, estaria acentuando a correção para baixo das cotações do dólar, que fechou ontem equilibrado na linha de R$ 5,00. Um movimento que tem ignorado o aumento da tensão geopolítica na Europa e no resto do mundo, que em geral bota pressão sobre a moeda americana.
Bolsas asiáticas fecham em baixa acentuada com invasão na Ucrânia
As bolsas asiáticas fecharam com fortes perdas em reação aos últimos desdobramentos da crise entre Ucrânia e Rússia. / com Júlia Zillig e Agência Estado
Bolsas asiáticas/fechamento
Nikkei (Tóquio): -1,81% (25.970 pontos)
Hang Seng (Hong Kong): -3,21% (22.901 pontos)
Taiex (Taiwan): -2,55% (17.594 pontos)
Xangai Composto (China continental): -1,70% (3.429 pontos)
Shenzhen Composto (China continental): -2,36% (2.282 pontos)
S&P/ASX 200 (Sydney): -2,99% (6.990 pontos)