Logo Mais Retorno

Siga nossas redes

  • Instagram Mais Retorno
  • Youtube Mais Retorno
  • Twitter Mais Retorno
  • Facebook Mais Retorno
  • Tiktok Mais Retorno
  • Linkedin Mais Retorno
ações
Fundos de Investimentos

Quanto o gestor de um fundo ganha com o meu dinheiro?

Depois do Faria Lima Elevator dizer que quem fatura com um fundo é o gestor, e não o investidor, resolvi fazer umas contas para apurar as chances disso ser verdade

Data de publicação:05/04/2023 às 20:13 -
Atualizado um ano atrás
Compartilhe:

Gosto muito de acompanhar o mercado financeiro pelo Twitter, e um dos perfis que aprecio bastante é o Faria Lima Elevator. Recentemente, um de seus posts chamou a minha atenção. Este post, aparentemente, veio do perfil Market Sentiment.

O post afirmava, a partir de uma série de cálculos, que no mercado de fundos de investimento, quem ganha dinheiro de verdade não era o investidor, mas, sim, o gestor.

Este assunto permaneceu em minha mente por um bom tempo, especialmente quando revisava as minhas estratégias de investimento. Se o que o post do Faria Lima Elevator e o Market Sentiment afirmavam fosse verdade, talvez existiria um problema na indústria que ainda não havia sido notado. 

Além disso, fiquei pensando: por que tantas pessoas investem em fundos se, no final das contas, quem acaba ganhando mais dinheiro é o gestor?

fundo small caps

Nesta semana, finalmente, encontrei um tempo para me debruçar sobre a questão. E, como homem de números que sou, recorri à matemática.

Descoberta do Modelo

Para descobrir o modelo, repliquei os parâmetros conhecidos nos posts: o valor inicial de R$ 100.000,00, a taxa de administração de 1,50% e a taxa de performance de 20% sobre o que exceder o benchmark. 

No entanto, apesar de diversas tentativas, não foi possível reproduzir o gráfico original que inspirou a investigação. Ao invés disso, os gráficos gerados apresentavam sempre uma situação em que o gestor nunca ganhava mais do que o cotista:

Onde estava o problema?

A partir dessa constatação, surgiu a necessidade de investigar o modelo utilizado pelos posts e entender por que o gestor nunca superava o rendimento do cotista.

Conversando com o time de dados aqui da Mais Retorno, surgiu uma hipótese que poderia explicar o gráfico original: e se o montante recebido pelo gestor fosse reaplicado no mesmo fundo que o cotista? Ao testar essa ideia, conseguimos reproduzir o gráfico originalmente apresentado:

Assim, constatamos que a premissa adotada por eles não refletia a realidade do mercado financeiro.

Como funciona o mercado financeiro

Na prática, não é correto presumir que todo o valor que o gestor do fundo recebe é reaplicado no próprio fundo. Mesmo que o gestor queira fazer isso, é virtualmente impossível, pois no mínimo ele teria custos com impostos.

Além disso, outro custo muito comum nos fundos distribuídos por plataformas é o repasse de uma parte dessa remuneração para a plataforma distribuidora, que em muitos casos fica em torno de 50% da receita gerada pelo fundo.

O "gestor" do fundo, na maioria dos casos, é uma empresa que possui seus próprios custos, como aluguel, tecnologia, auditoria e, principalmente, a folha de pagamento, boa parte dela direcionada ao time de gestão. 

Uma boa gestora precisa de áreas como gerenciamento de riscos, operacionais, relações com investidores e equipe de gestão, cujos salários são, em geral, compatíveis com o mercado. 

No entanto, a maior parte da remuneração dessas pessoas costuma vir da taxa de performance, que é acionada quando o fundo rende acima do benchmark.

Incentivo que vem do risco

Em uma boa gestora, é comum que os sócios e a equipe sejam incentivados a investir nos fundos da própria empresa, de forma a correrem o mesmo risco que os cotistas. 

Isso é importante porque garante que o gestor do fundo esteja alinhado aos interesses dos investidores e esteja comprometido em alcançar bons resultados. 

Quando os gestores investem nos mesmos fundos que gerenciam, eles têm mais incentivo para buscar um desempenho melhor, já que também serão beneficiados. Além disso, esse tipo de ação demonstra transparência e confiança no produto que estão oferecendo aos seus clientes.

Rafael Zattar da Carteira Z (Dica de hoje Research) tem uma boa analogia para explicar este modelo: “Se você embarca em um avião do Rio de Janeiro para Nova York, você chegará ao mesmo destino e horário que o piloto, que é o 'gestor' daquele voo. A diferença é que você paga para embarcar, enquanto o piloto é pago para pilotar. E ele pode fazer o que quiser com o dinheiro que ganhou, até mesmo comprar um avião”, diz.

No final, o que importa ao escolher um fundo?

Ao navegar no portal Mais Retorno, os dados de todas as lâminas de fundos já estão líquidos de taxa de administração e de taxa de performance.

Existem alguns raros casos de benchmarks incompatíveis com a atividade do fundo. Não faria sentido para um fundo de renda fixa, por exemplo, adotar o Ibovespa como seu indicador de referência. Da mesma forma que não faria sentido a um fundo de ações ter o CDI, taxa ombreada à Selic, como seu benchmark.

Considerando que um indicador de referência alinhado aos seus objetivos, é importante notar que, de todas as taxas, a de performance é a mais justa delas, pois nesse caso o gestor vai recebê-la apenas quando o fundo estiver com a rentabilidade acima do benchmark.

Dificilmente o investidor médio conseguiria contratar, por sua conta e risco. três gestores, três analistas, ferramentas de controle de risco e sistemas para acompanhar os investimentos. Essa, contudo, é uma estrutura comum dentro de uma asset.

Na imagem acima, por exemplo, o fundo está consistentemente gerando 2,24% acima do benchmark todos os anos durante 40 anos. É justo que sejam remunerados por esse resultado, não?

Ao investir em um fundo, tenha em mente que o que está sendo contratando é um time inteiro de gestão. É importante olhar a rentabilidade, os indicadores e o histórico do fundo. No entanto, mais importante é conhecer o time que está sendo contratado.

Assim, um fundo deve ser equiparado a uma empresa, um negócio que visa o lucro e tem nele toda a receita a alimentar sua estrutura e os anseios dos investidores: eu e você. 

Sobre o autor
Danilo Ardenghi
Fundador da Mais Retorno e responsável pela área de tecnologia da empresa. Às vezes apareço por aqui com algum conteúdo.

® Mais Retorno. Todos os direitos reservados.

O portal maisretorno.com (o "Portal") é de propriedade da MR Educação & Tecnologia Ltda. (CNPJ/MF nº 28.373.825/0001-70) ("Mais Retorno"). As informações disponibilizadas na ferramenta de fundos da Mais Retorno não configuram um relatório de análise ou qualquer tipo de recomendação e foram obtidas a partir de fontes públicas como a CVM. Rentabilidade passada não representa garantia de resultados futuros e apesar do cuidado na coleta e manuseio das informações, elas não foram conferidas individualmente. As informações são enviadas pelos próprios gestores aos órgãos reguladores e podem haver divergências pontuais e atraso em determinadas atualizações. Alguns cálculos e bases de dados podem não ser perfeitamente aplicáveis a cenários reais, seja por simplificações, arredondamentos ou aproximações, seja por não aplicação de todas as variáveis envolvidas no investimento real como todos os custos, timming e disponibilidade do investimento em diferentes janelas temporais. A Mais Retorno, seus sócios, administradores, representantes legais e funcionários não garantem sua exatidão, atualização, precisão, adequação, integridade ou veracidade, tampouco se responsabilizam pela publicação acidental de dados incorretos.
É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos, ilustrações ou qualquer outro conteúdo deste site por qualquer meio sem a prévia autorização de seu autor/criador ou do administrador, conforme LEI Nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
® Mais Retorno / Todos os direitos reservados