Projeção para IPCA 2023 no cenário referência é de 5,6%, diz ata do Copom
Todas as projeções já constavam no comunicado da semana passada, quando o Copom manteve a Selic em 13,75%
A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada na manhã desta terça-feira, 7, indicou que a projeção para o IPCA de 2023 está em 5,6% no cenário de referência. Para 2024, a projeção para o IPCA está em 3,4%. Além disso, o BC projeta 3,6% para o IPCA em 12 meses no terceiro trimestre de 2024, horizonte a que tem dado ênfase.
Todas as projeções já constavam no comunicado da semana passada, quando o Copom manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 13,75% ao ano pela quarta vez seguida. "O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual", repetiu o BC na ata.
A projeção do BC para o IPCA de 2023 está acima do limite de tolerância da meta, de 4,75%, indicando três anos consecutivos de descumprimento do BC de seu mandato principal, após 2021 e 2022.
Para 2024, a projeção do BC supera o centro da meta de 3,0%, mas ainda fica dentro da banda, que vai até 4,50%. No comunicado e na ata, o BC indica que a estratégia é a convergência da inflação para ao "redor da meta ao longo do horizonte relevante".
Atualmente, o horizonte relevante do Copom inclui os anos de 2023 e, com maior peso, de 2024, mas o BC optou por dar ênfase ao terceiro trimestre de 2024 (seis trimestres à frente).
O cenário de referência pressupõe a taxa de juros variando de acordo com a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 5,15 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Além disso, a premissa é de que o barril de petróleo siga aproximadamente a curva futura de mercado pelos próximos seis meses e sobe a 2% ao ano na sequência.
No documento, o BC repetiu que "se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período mais prolongado do que no cenário de referência será capaz de assegurar a convergência da inflação". Também voltou a alertar que "não hesitará" em retomar o ciclo de alta, caso a desinflação não ocorra como esperado.
“A minha percepção é que ata veio ratificando o comunicado da semana passada. Banco Central reafirma sua autonomia, o que é muito importante, dado todas as interferências políticas que tem sofrido recentemente. Campos Neto reafirma o compromisso em conduzir política monetária e usa tom bem firme em relação a cumprir seu papel enquanto autoridade monetária deixando claro que não vai ceder a pressões políticas.”
Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores
Cenário alternativo
A ata do último encontro do Copom trouxe, assim como no comunicado, um novo cenário para a projeção de inflação, chamado de alternativo.
Nesse cenário, o BC considera que a taxa Selic fica estável em 13,75% ao ano por todo o horizonte relevante, em vez de começar a cair em setembro, como prevê o cenário de referência.
Para 2023, a projeção do IPCA no cenário alternativo fica em 5,5% e, para 2024, em 2,8%. Além disso, o BC projeta 3,1% para o terceiro trimestre de 2024 em 12 meses. No cenário de referência, com a Selic da Focus, as estimativas são mais altas, de 5,6%, 3,4% e 3,6%, nessa ordem. Todas as projeções já constavam no comunicado da semana passada. / COM AGÊNCIA ESTADO.
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