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Economia

Por que o Tesouro IPCA mais curto está oferecendo taxas mais altas? Entenda o movimento dos títulos

A vantagem dos títulos é uma combinação de inflação mais baixa em julho e agosto com perspectiva de queda dos juros

Data de publicação:17/08/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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As taxas de juro de títulos públicos atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA, de vencimentos mais curtos estão mais altas que as de prazos mais longos. Um movimento que foge à trajetória tradicional, em que a curva de juros costuma ser de alta em papeis de duração mais longa.

A vantagem desses títulos está ligada à combinação de inflação mais baixa em julho e, possivelmente, em agosto com perspectiva de queda dos juros.

tesouro ipca
Oferta de juro mais alto no Tesouro IPCA de curto prazo não tem sustentação, diz analista - Foto: Reprodução

O Tesouro IPCA ofertado no Tesouro Direto com vencimento em 2023 ofereceu na tarde desta terça-feira, 16, uma taxa de 7,96% ao ano mais correção monetária pelo IPCA; com vencimento em 2024, juro real de 6,33% mais IPCA, e com vencimento em 2025, juro de 5,83% mais IPCA.

Na coluna de papeis de prazos mais longos, as taxas estão menores. O Tesouro IPCA com vencimento em 2026 ofereceu uma taxa de 5,51% ao ano mais IPCA; o com vencimento em 2035, juro de 5,78% mais IPCA.

As taxas mais altas em títulos de vencimentos mais curtos, segundo especialistas, são um ajuste a um cenário de inflação mais branda, embora ainda elevada, e de redução dos juros. “A queda das taxas de títulos mais longos ocorre em função de o mercado esperar cortes na Selic a partir de 2023”, avalia Maurício Ferraz, gestor de renda fixa da Kinitro Capital.

Juro real está muito alto

“Os juros estão caindo porque o juro real, acima da inflação, está muito alto”, afirma Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos. Sua conta considera a Selic atual de 13,75% e uma inflação de 7,02% para 2022, como estima o mercado financeiro no boletim Focus desta semana.

O ajuste para cima nos juros de curto prazo foi necessário “porque as ações do governo derrubaram a inflação, que virou deflação em agosto e pode ser repetida em agosto”, comenta Evandro Buccini, sócio e diretor de renda fixa e multimercado da Rio Bravo.

O juro mais robusto é uma forma de compensar a deflação, que impacta a correção monetária, a parte da rentabilidade vinculada à inflação, nos títulos indexados ao IPCA. Analistas estimam que a deflação seja repetida em agosto, com uma variação negativa torno de 0,30%.

Buccini prevê um cenário mais positivo para a inflação com a recente queda dos preços das commodities e a valorização do real. “No curto e médio prazo, esses pontos tendem a favorecer a inflação”, acredita. “No longo prazo, existe um ponto de interrogação, que é a dúvida fiscal.” Ferraz, gestor da Kinitro, associa também a trajetória da inflação e dos juros, em cenário de longo prazo, ao “arcabouço fiscal do novo governo”. A mesma opinião tem ainda Sandra Blanco, estrategista-chefe da Órama Investimentos.

Atratividade de Tesouro IPCA mais curto não tem sustentação

A elevação das taxas dos títulos de vencimentos mais curtos, “para amortizar a deflação de julho e possivelmente em agosto”, passa a ideia de maior atratividade, “mas não se sustentará no longo prazo”, afirma José Milton, sócio e assessor de investimentos da Blue3.

Para ele, são taxas ilusórias. A deflação, em suas contas, pode pesar na rentabilidade desses títulos nos próximos dois anos”, avalia. É preciso calcular o prazo, avaliar as condições, para ver se vale a pena. Ele vê mais atratividade nas taxas de papeis de vencimento em médio e longo prazo.

Sandra Blanco, da Órama, também considera os títulos de longo prazo boa oportunidade. Principalmente os que têm vencimento a partir de 2026 ou 2027. “É um bom horizonte para investimento nesses títulos”, avalia.

“Olhando o que é ofertado no crédito privado e no Tesouro, são títulos com boas taxas, com a Selic estimada em 11% ao ano no fim de 2023”, pelo prognóstico do boletim Focus. “O investidor trava um prêmio de risco em patamar bastante elevado em relação à inflação”, acredita. O IPCA estimado pelo mercado financeiro para 2023 está em 5,38%.

O movimento dos juros de curto prazo em função da deflação, que impacta os títulos indexados à inflação, tem levado os especialistas a enxergar mais oportunidades em títulos atrelados ao CDI e aos prefixados.

O sócio da Blue3 diz que, com a Selic em 13,75% ao ano, vê mais atratividade em títulos atrelados ao CDI, em aplicação por prazo de até um ano. “Títulos bancários, como CDB, LCI e LCA, e de crédito privado, como debêntures, estão com prêmio acima do CDI e, portanto, mais interessantes que os títulos públicos”, comenta. Para prazos até dois anos, ele vê oportunidades em papeis prefixados.

A avaliação é compartilhada por Evandro Buccini, da Rio Bravo. “Olhando os próximos meses, em cenário de curto prazo, com deflação, os papeis remunerados pelo CDI são mais atraentes para quem só olha o retorno”.

Os títulos prefixados também podem estar no radar de quem olha o ativo apenas pelo retorno da inflação implícita. “É a inflação provável que está embutida no juro” de um investimento. “Se achar que a inflação será menor, o prefixado poderá ser uma boa escolha”, avalia Buccini.

A inflação implícita projetada pelo mercado financeiro, de acordo com a inflação estimada e a curva de juros, está em torno de 5% para 2025; em 5,5% entre 2026 e 2027, e em 6% a partir de 2028.

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Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.

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