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Gestores e a economia do Brasil
Economia

Para gestores, Brasil pode perder o protagonismo que teve com a guerra e alavancar a economia

Gestores da Trígono, Quantitas, SPX e M8 analisam economia nacional e internacional, de olho nos efeitos da guerra ao redor do mundo

Data de publicação:20/04/2022 às 00:30 -
Atualizado 2 anos atrás
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Ainda que tenha ganhado um protagonismo inesperado com a guerra na Ucrânia, o Brasil pode perder essa oportunidade de ouro se não fizer a lição de casa. Pelo menos é essa a opinião de gestores sobre o atual momento econômico do País, em cartas enviadas na última semana para seus investidores.

A visão que se tem atualmente sobre a economia brasileira é de que o País se tornou, por conta do conflito no Leste Europeu, destaque global. Afinal, não apenas é menos afetado pelo conflito, mas também é um grande exportador de commodities, tem papéis baratos na Bolsa, iniciou o ciclo de alta dos juros antes de outros países e, como a cereja do bolo, ainda conta com uma renda fixa atraente.

gestores e o Brasil
Gestores olham com preocupação para as oportunidades perdidas pelo Brasil (Crédito: Pixabay)

Só que a possibilidade de resgatar a economia e virar a página pode estar passando. A Trígono destaca em sua carta aos investidores a fábula A Princesa e o Sapo. Nela, a princesa (Brasil) deixa uma bola de ouro cair em um lago. Um sapo (investidores) topa resgatar a bola se ela cumprir com alguns favores em troca. Mas o tempo passa e a tal princesa da história dos irmãos Grimm esquece de retribuir os favores.

Brasil, promessas e preocupações

"O Brasil é visto uma vez mais como a bola (de ouro?) da vez. Isso vai se desfazer, no entanto, se o País mais uma vez deixar de cumprir suas promessas", diz Werner Roger, gestor da Trígono, na carta de março.

"Transformar o Brasil numa economia de mercado de fato, realizar as reformas necessárias, privatizar o que pode ser gerido pela iniciativa privada, melhorar a gestão pública através de eficiência. Essas e outras medidas são o que permitirá ao Brasil entregar o que se espera dele, para que deixe de ser o eterno País do Futuro", exemplifica o gestor da Trígono, em carta. "Aguardemos, portanto, se o final será feliz, ou a princesa esquecendo-se de suas promessas, para decepção do sapo, nossos investidores estrangeiros".

A gestora SPX, por exemplo, sinaliza preocupação com o País. "No Brasil, a inflação continua em patamar bastante elevado e surpreendeu para pior nas divulgações recentes, consequentemente as expectativas de inflação para 2022 e 2023 aumentaram substancialmente", diz na carta. "Ademais, [...] o real registrou uma apreciação relevante frente ao dólar – 8% no mês de março e quase 20% no ano. Embora esta apreciação da moeda brasileira seja bem-vinda [...], é importante notar que impacta negativamente diversas empresas brasileiras exportadoras, principalmente no setor de commodities e industrial".

Política brasileira

Outro assunto que atravessa as principais cartas de gestores de março é o cenário político brasileiro, também influenciando nessa visão sobre oportunidades perdidas. A Quantitas destaca que as eleições ainda não estão no topo de prioridade dos economistas, mas já começam a criar algum ruído, principalmente com o fim do período de troca de partidos políticos e de renúncia dos executivos

"Esse momento marca um posicionamento da classe política para o início do jogo. E a fotografia do momento mostra Lula ainda relativamente confortável na liderança das pesquisas, mas uma melhora do presidente Bolsonaro, com aumento expressivo de quadros nos partidos que o apoiam (em sua maioria do Centrão), além da aparente saída do Moro da disputa, o que transfere um pouco mais de votos ao Bolsonaro vs. Lula. Se o ex-presidente Lula ainda é favorito, hoje essa vantagem caiu", diz a Quantitas.

A M8 ainda sinaliza que a movimentação política e econômica pode se tornar um elemento de discussão durante as eleições. "A melhora nos mercados foi reforçada por um maior otimismo (ou redução do pessimismo?) no quadro econômico, com revisões positivas de crescimento e da atividade, e no fiscal por conta da melhora da arrecadação devido à inflação do PIB. O risco em ano eleitoral é o uso político desses ganhos inflacionários na arrecadação levando a mais ímpeto fiscal na economia", diz a gestora.

Juros e inflação nos Estados Unidos

Outro ponto de atenção das gestoras, nas cartas analisando o mês de março, é a questão dos juros e inflação nos Estados Unidos, também como desdobramento da guerra entre Rússia e Ucrânia. O Banco Central americano (FED) indicou que deve mesmo subir a taxa de juros em 0,50% na próxima reunião em maio, levando o mercado a debater quantas altas sucessivas o FED deve realizar a curto e médio prazo.

"Na nossa opinião, serão pelo menos 3 de 0,50, para depois retomar o ritmo de 0,25%, levando a taxa de juros a 2,5% no final do ano, para continuar o ciclo em 2023 para (pelo menos) 3,5%", diz a Quantitas.

"A percepção de que a guerra não geraria um efeito recessivo generalizado na atividade global, mas seria um choque inflacionário relevante, em um contexto em que a economia americana já está vivenciando os maiores níveis de inflação das últimas décadas, gerou um relevante aumento na curva de juros americana, principalmente nos vértices mais curtos", diz a SPX, em sua carta, sobre o cenário econômico dos EUA.

A Trígono vê, dessa forma, um mercado cada vez mais retraído. "De forma geral, o mercado internacional sofreu o baque da inevitável compressão de margens que muitas empresas vão sofrer, dado o cenário inflacionário grande não acompanhado por aumento de salários de igual ou maior proporção, mesmo nos países desenvolvidos. Vêm por aí uma diminuição do poder de compra da população e menor poder de repasse de preços por parte das empresas", conclui a gestora em sua análise do mercado global.

China e os gestores

Por fim, ainda que esteja fora da rota de discussão da guerra entre Rússia e Ucrânia, a China voltou ao radar dos gestores que analisam com o impacto da pandemia de covid-19. Afinal, por lá, a população é relativamente pouco imunizada e sofre com uma nova onda de casos.

"Lockdowns têm sido implementados em diversas cidades, o que além de impactar negativamente o PIB no curto prazo, também têm prejudicado as cadeias de suprimentos globais. Embora o governo diga que estabilizar a economia é uma prioridade, o fato é que a atividade tem decepcionado e o PBoC está mais vagaroso no afrouxamento monetário do que previmos e julgamos necessário", contextualiza os gestores da SPX, na carta sobre o mês de março.

"Isto e a percepção de que o apoio à Rússia irá aumentar a aversão a investimentos na China nos fez zerar nossas posições compradas em ações locais", pondera a gestora.

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Sobre o autor
Matheus Mans
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