Renda Fixa

Na nova renda fixa, como escolher entre CDB, LCI e LCA? CDBs lideram a captação em 2022

LCI e LCA têm a vantagem da isenção do imposto, mas é preciso avaliar as taxas

Data de publicação:12/05/2022 às 12:30 - Atualizado 3 anos atrás
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Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letra de Crédito Imobiliário (LCI) ou Letra de Crédito do Agronegócio (LCA)? Que título de emissão bancária está com o rendimento mais atraente, na nova renda fixa com Selic de 12,75%?

Qual deles será capaz de oferecer ao investidor juro real positivo, acima da inflação?

Títulos de renda fixa vinculados à inflação são os mais indicados porque pagarão juro real

As LCIs e LCAs são competitivas, porque estão livres do imposto de renda, mas depende das taxas oferecidas por esses papeis em comparação às dos CDBs. Em 2022, os CDBs têm uma larga preferência do investidor.

As taxas dos diversos ativos devem ser comparadas também olhando para a inflação à frente - quanto o dinheiro renderá durante o tempo que ficar investido e qual a inflação corrente estimada no período da aplicação.

Olhando a inflação passada, as taxas oferecidas por esses ativos não chegam a animar. Os juros estão em alta desde o ano passado, mas a inflação também. O IPCA de abril que o IBGE divulgou nesta quarta-feira ficou em 1,06% e o acumulado em 12 meses saltou para 12,13%.

Para especialistas, a principal preocupação no atual cenário ainda incerto com a inflação é a proteção do capital. Victor Zucchi Meneghel, especialista em renda fixa da Valor Investimentos, vai ao ponto.

“Os ativos mais indicados são os atrelados à inflação”, aponta. Títulos como CDB, LCI e LCA atrelados ao IPCA, acrescido de uma parcela de juros.

“As taxas atuais embutem um juro real relativamente alto”, avalia Zucchi Meneghel. Não é difícil, segundo ele, o investidor encontrar CDBs que rendem IPCA mais 6,5% ou até 7,0% ao ano para aplicação de dois a três anos.

“E um rendimento que vai acompanhar a inflação, com ganho real positivo adicional em torno de 7,0% ao ano no período de aplicação”, acredita.

Concorrendo com um pós-fixado atrelado ao IPCA, que oferece proteção contra a inflação, um CDB prefixado está com taxas ao redor de 14% ao ano, para aplicação de até três anos, afirma O especialista da Valor. “As taxas podem chegar a 15%, dependendo do banco emissor.”

O especialista diz que um CDB prefixado, como qualquer outro ativo, só tem sentido quando rende mais que a inflação.

São taxas bem atraentes, avalia, para uma inflação histórica de 5% a 6% ao ano, “mas a inflação acumulada em 12 meses dá quase o dobro disso”, observa.

Olhando à frente, o cenário inflacionário parece mais convidativo aos prefixados. O IPCA projetado para 2022, pelos dados do último boletim Focus disponível (2 de maio), está em 7,89% e para 2023, em 4,10%.

“É possível que no prefixado, pelas taxas atuais, o investidor consiga juro real, mas na dúvida ou para ter uma rentabilidade melhor a opção mais segura seria um título indexado ao IPCA”, recomenda Zucchi Meneghel.

Sem imposto, LCAs e LCIs ganham atratividade

As Letras de Crédito Agrícola (LCAs) e de Crédito Imobiliário (LCIs) têm a rentabilidade livre de imposto de renda. A isenção dá maior atratividade, mas a vantagem em relação ao CDB depende da taxa oferecida pelo papel.

As taxas prefixadas, ajustadas à nova Selic, têm variado ao redor de 11% a 12% para aplicações por período de dois a três anos.

Embora inferiores à inflação acumulada nos últimos 12 meses, “as taxas desses ativos estão bastante interessantes para o investidor, principalmente agora que a curva de juros está invertida”, avalia o especialista da Valor Investimentos.

Uma curva de juros invertida, apontada por Meneghel, significa que os juros DI de contratos futuros de períodos mais curtos, de dois anos, por exemplo, estão rendendo mais que os de juros mais longos.

Esse movimento no mercado de juros futuros permite que o investidor escolha ativos mais curtos com boas taxas, principalmente os isentos de imposto, como as LCAs e as LCIs.

Mas até que ponto a isenção de imposto dá mais competitividade às letras de crédito em relação ao CDB? Aruã Torigoe Kalmus, analista da Provedora Oficial de Preços Brasil (POP Br), empresa da LUZ Soluções Financeiras, diz que são todos títulos bastante competitivos.

Uma pesquisa recente no mercado de títulos bancários apontou que uma aplicação de R$ 1.000 em CDB pelo período de um ano por uma taxa de 110% do CDI renderia o equivalente a uma LCA que paga 92% do CDI. A taxa abaixo do CDI, na LCA, é um contrapeso à taxa acima do CDI no CDB para compensar a tributação. Uma LCA, nesse caso, passaria a render mais que o CDB com uma taxa acima de 93% do CDI.

Três tipos de CDB

O investidor encontra três modalidades de CDB no mercado. O mais comum é o CDB pós-fixado indexado ao CDI – que rende 100%, 105%, 110% do CDI.

Um que rende 110%, tendo como referência um CDI idêntico à Selic atual de 12,75% ao ano, estaria remunerando com taxa de 14,02% ao ano. Ou com uma taxa de 14,66%, se for 115% do CDI.

“Com a Selic em ciclo de alta, esse tipo de CDB vai tendo ganhos adicionais à medida que o juro for subindo, pelo caminho, até o vencimento, explica Kalmus, analista da POP Br.

Outro tipo de CDB é o que remunera com IPCA, mais juro real, prefixado, que permanece fixo até o vencimento.

A correção monetária, pós-fixada ao IPCA, é calculada ao longo do período da aplicação, o que oferece blindagem contra a inflação ao capital.

CDBs, LCAs e LCIs são ativos bancários, com diferentes características, mas os emitidos por bancos de médio e pequeno porte costumam render mais.

“Os bancos digitais costumam pagar uma taxa maior, até por uma questão de rating”, comenta o analista. Um prêmio de risco, embutido na taxa de remuneração, por supostamente oferecer um risco de crédito maior.

Quem aplica nesses títulos, de todo modo, têm proteção contra eventuais calotes até o valor de R$ 250 mil, por banco e CPF. Quem oferece essa cobertura, com garantia de ressarcimento até esse limite de valor, é o Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

CDBs lideram captações

Os CDBs lideram a preferência dos investidores. O volume financeiro total captado em abril foi de R$ 23,194 bilhões, de acordo com dados levantados pela Provedora Oficial de Preços Brasil (POP Br).

O segundo lugar em volume captado em abril ficou com as LCAs, com R$ 7,291 bilhões e, em terceiro, as LCAs, com R$ 709,6 milhões.

Volume de captação por ativo em 2022

Ativojaneiro R$fevereiro R$março R$abril R$
CDB20.293.494.782,5818.580.730.881,0222.165.743.852,5923.194.291.169,44
LCA 4.882.560.088,07 5.020.803.504,65 9.359.572.583,01 7.291.324.581,07
LCI 2.378.806.960,54 960.380.793,59 824.540.492,55 709.600.545,76
Fonte: POP Br - Luz Soluções Financeiras

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Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.