Copom eleva a Selic para 12,75% ao ano, e sinaliza provável reajuste menor da taxa em junho
O Copom deixou como provável mais um reajuste de menor magnitude dentro do atual ciclo
O Comitê de Política Monetária, o Copom, fez exatamente o que todo o mercado financeiro esperava: elevou a Selic em 1 ponto porcentual para 12,75% ao ano, conforme sinalizado em ata de sua última reunião e por diversas vezes reiterado por seu presidente, Roberto Campos Neto, desde então.
No comunicado divulgado logo após o término da reunião os diretores do Banco Central deixaram aberta a possibilidade para novo ajuste da taxa em sua reunião em junho. "Para a próxima reunião, o comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude".
O mercado não tinha dúvidas sobre a magnitude da alta dos juros, de 1 ponto porcentual, a maior dúvida era mesmo com a continuidade da política monetária: se estava encerrado ao atual ciclo de ajuste da taxa ou se haverá nova revisão da Selic em junho.
Para Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, o mercado já admitia essa perspectiva de um ajuste menor da Selic em junho. "O mercado espera 0,50% de aumento na próxima reunião. Então não vejo nada que surpreenda o mercado no texto".
Para ele, ao usar o termo "provável" no comunicado as autoridades monetárias trouxeram o benefício da dúvida de não promover uma alta na próxima reuniuão. " Acredito que o comunicado foi positivo e não provoca grandes impactos nem sustos, pois o aumento já estava precificado", afirma Oliveira.
Nicolas Giacometti, especialista em renda fixa da Blue3, disse que não houve mesmo surpresas em relação ao ajuste de 1pp na taxa. Segundo ele, a alta segue o racional do Banco Central, que vem aplicando sucessivos aumentos à taxa para conter a alta da inflação.
Como consequência, aponta Giacometti, as empresas que necessitam de mais caixa para alavancar seus negócios, como as tecnologia, são mais penalizadas com o crédito mais caro, enquanto as do setor exportador de commodities e bancos podem se beneficiar. E a renda fixa vai ficando com taxas cada vez mais atrativas.
Escalada da Selic
É o décimo ajuste seguido da Selic, desde que o Banco Central iniciou o ciclo de alta, em março de 2021. Houve três ajustes seguidos de 1,5 ponto porcentual, e o BC aliviou a mão nas duas últimas rodadas, que ficaram em 1pp., levando a taxa para 12,75%. Trata-se do nível mais alto desde janeiro de 2017, quando a taxa estava em 13%.
A taxa permanecerá nesse nível até dia 15 de junho, quando o Comitê estará reunido para divulgar uma nova Selic. A elevação dos juros é a principal ferramenta de política monetária para conter a inflação, na medida em que tornam o crédito mais caro e inibem o consumo, pressionando para baixo os preços de produtos e serviços da economia.
Ao mesmo tempo, taxas altas dificultam a vida da empresa que necessita de financiamento para expandir seus negócios. Nesse sentido, elas travam o desenvolvimento econômico do País.
Nesse contexto em que não existe uma inflação de demanda, a alta dos juros talvez seja pouco eficaz para segurar a atual inflação. No caso, a inflação foi pressionada inicialmente pela redução de oferta, decorrente de falta de componentes e matéria-prima para a produção de bens, provocada pela pandemia de covid-19 e pela alta das commodities, como petróleo e gás, agravada com a guerra na Ucrânia.