Mercado Financeiro

Mercado coloca no radar a alta da Selic, que deve acontecer na próxima semana

Bolsa deve ter balanço positivo na semana e dólar, negativo

Data de publicação:28/01/2022 às 02:20 - Atualizado 3 anos atrás
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O mercado financeiro toca os negócios nesta sexta-feira, 28, para o fechamento de uma semana que tem balanço positivo, marcada pela valorização das ações e queda do dólar. Mas o ambiente continua sendo de cautela. Lá fora, os futuros americanos operam mistos e as bolsas asiáticas fecharam o pregão na mesma tônica.

Internamente, as expectativas de investidores e gestores já se dirigem à próxima semana, que tem pela frente a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), no ano.

Sede da B3 em São Paulo - Foto: B3/Divulgação

A expectativa é que o BC calibre mais um aumento de 1,50 ponto porcentual, como já adiantou a autoridade monetária, com a Selic subindo de 9,25% ao ano para 10,75%. Mas a perspectiva de elevação dos juros americanos a partir de março já acende o debate em torno de uma alta maior da Selic para fazer frente à competitividade dos juros americanos.

Indicação disso seria a pressão sobre os juros DI, que subiram com mais força no dia anterior, um movimento que, segundo especialistas, estaria refletindo a possibilidade de que o BC seja mais duro ao definir o rumo da Selic. A principal aposta do mercado, no entanto, continua sendo por uma elevação já contratada pelo BC desde a última reunião do Copom.

Até porque há mais dúvidas do que certezas em relação às medidas que seriam adotadas pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano).  As últimas decisões não passaram uma ideia mais clara aos mercados do que deve ser a política monetária americana.

Alta do juros futuros na mira do mercado

Houve indicação de aceleração do processo de retirada de estímulos, a que se seguiria o início de elevação das taxas de juros, mas sem indicação de quantos aumentos estariam previstos para o ano. Os quem veem tom mais agressivo na postura do Fed acreditam em até cinco altas no ano.

Para analistas, contudo, o Fed estaria optando por uma posição mais cautelosa, à espera de novos indicadores sobre a inflação. Um dado importante que pode dar alguma sinalização sobre o comportamento de preços é o Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE), que mede a evolução dos preços de bens e serviços, excluindo alimentos e energia, e será divulgado nesta sexta-feira.

As incertezas com as decisões do Fed continuam dando tom negativo às bolsas americanas. O índice Dow Jones recuou 0,02%, para 34.161 pontos; o S&P 500 caiu 0,54%, para 4.326 pontos, e o Nasdaq teve desvalorização de 1,40%, para 13.353 pontos.

Na sessão do dia anterior, dos 11 principais setores que compõem o S&P 500, cinco terminaram no vermelho, com as ações ligadas ao consumo sofrendo a maior queda porcentual.

Futuros/bolsas americanas

  • S&P 500: - 0,16%
  • Dow Jones: - 0,40%
  • Nasdaq 100: + 0,34% (dados atualizados às 8h12)

Tensões geopolíticas entre Rússia e Ucrânia seguem ainda no radar

As tensões geopolíticas entre a Rússia e a Ucrânia se mantêm indefinidas, enquanto a ex-URSS continua a mobilizar tropas ao longo da fronteira ucraniana e os diplomatas lutam para evitar conflitos na região. A apreensão do mercado se volta para os efeitos desse cenário para o mercado de petróleo e de gás, já que a Ucrânia é um ponto importante de escoamento do produto e o continente europeu segue no período de inverno.

No Brasil, Bolsonaro é intimado a depor em inquérito

No cenário político interno, diante da inação do presidente Jair Bolsonaro, em definir o dia e o horário em que gostaria de depor à Polícia Federal (PF) sobre o vazamento de dados sigilosos da instituição, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o chefe do Executivo compareça às 14 horas desta sexta-feira à sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal para prestar esclarecimentos.

Antes de ser intimado a depor, Bolsonaro teve 15 dias, depois prorrogados para 60, para ajustar com as autoridades policiais os moldes em que ocorreria a oitiva e informar o Supremo. A decisão do ministro veio acompanhada do levantamento do sigilo dos autos do processo, o que torna público todos os volumes reunidos em pouco mais de cinco meses de investigação.

O inquérito contra Bolsonaro foi instaurado em agosto do ano passado, logo após o presidente divulgar nas redes sociais informações sigilosas de investigação da PF sobre denúncias de invasão ao sistema interno do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dez dias após o segundo turno da eleição de 2018.

Ao abrir o inquérito, Moraes atendeu ao pedido do TSE, que apontou a possibilidade de o presidente ter cometido crimes previstos no artigo 153 do Código Penal, que proíbe a divulgação, sem justa causa, de informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública.

A pena prevista é de um a quatro anos de prisão. A decisão do ministro, porém, foi tomada de ofício, ou seja, sem que o procurador-geral da República, Augusto Aras, se manifestasse previamente sobre a pertinência da investigação.

Exterior

Europa: bolsas operam em forte queda com novos dados econômicos

As bolsas no continente europeu operam em forte queda nesta sexta-feira, com os investidores repercutindo os novos dados econômicos do bloco e de alguns países divulgados durante a manhã que mostram, na média geral, sinais de uma desaceleração econômica na região.

Segundo a Comissão Europeia, o índice de sentimento econômico da zona do euro, que mede a confiança de setores corporativos e dos consumidores, caiu de 113,8 pontos em dezembro para 112,7 pontos em janeiro, atingindo o menor nível em nove meses em meio ao aumento de casos de infecção pela covid-19 com a disseminação da variante ômicron.

O resultado deste mês ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam o indicador a 114 pontos. O dado de dezembro foi revisado para baixo, de 115,3 pontos originalmente.

O Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (Insee) reportou que o Produto Interno Bruto (PIB) da França cresceu 0,7% no quarto trimestre de 2021 ante o terceiro trimestre, segundo dados preliminares.

A alta representa uma desaceleração ante a expansão de 3,1% registrada no terceiro trimestre. O número do último trimestre, porém, veio acima da previsão de analistas, que esperavam crescimento de 0,5% no período. Na comparação anual, o PIB francês teve avanço de 5,4% entre outubro e dezembro, informou o Insee. Ao longo de 2021, a economia francesa teve crescimento de 7,0%, após encolher 8,0% em 2020.

Na comparação anual, o PIB francês teve avanço de 5,4% entre outubro e dezembro, informou o Insee. Ao longo de 2021, a economia francesa teve crescimento de 7,0%, após encolher 8,0% em 2020.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha encolheu 0,7% no quarto trimestre ante o terceiro trimestre de 2021, de acordo com dados preliminares divulgados pela Destatis, a agência alemã de estatísticas. O resultado ficou abaixo da projeção dos analistas, que previam queda de 0,5% no período. Por outro lado, o PIB alemão teve expansão de 1,4% na comparação anual do quarto trimestre.

A Destatis também revisou levemente para cima a alta do PIB da Alemanha em 2021, de 2,7% para 2,8%. Dados finais do quarto trimestre estão previstos para serem divulgados no dia 25 de fevereiro.

Já na Espanha, o Produto Interno Bruto (PIB) da Espanha cresceu 2% no quarto trimestre ante o terceiro trimestre de 2021, segundo dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Na comparação anual, o PIB espanhol teve expansão de 5,2% entre outubro e dezembro. No fechamento de 2021, a economia da Espanha cresceu 7,2%, considerando-se o PIB a preços correntes, e teve alta de 5% em termos de volume, informou o INE.

Bolsas europeias/principais praças financeiras

  • Stoxx 600 (Europa): - 1,46%
  • FTSE 100 (Londres): - 1,26%
  • DAX (Frankfurt): - 1,92%
  • CAC 40 (Paris): - 1,63% (dados atualizados às 8h13)

Bolsas asiáticas fecham mistas no último dia da semana

As bolsas asiáticas encerraram os negócios desta sexta-feira, sem direção única, um dia após uma sessão volátil em Wall Street e antes do feriado do ano-novo chinês. Na semana que vem, os mercados chineses não irão operar devido às comemorações do chamado ano-novo lunar.

Em Taiwan, a bolsa local não operou hoje e seguirá fechada ao longo da próxima semana. Feriados também irão manter os mercados de Hong Kong e da Coreia do Sul inativos durante parte da próxima semana. / com Júlia Zillig e Agência Estado

Fechamento/bolsas asiáticas

  • Nikkei (Tóquio): + 2,09% (26.717pontos)
  • Kospi (Seul): + 1,87% (2.663 pontos)
  • Hang Seng (Hong Kong): - 1,08% (23.550 pontos)
  • Xangai Composto (China continental): - 0,97% (3.361 pontos)
  • Shenzhen Composto (China continental) - 0,04% (2.262 pontos)
  • S&P/ASX 200 (Sydnei): + 2,19% (6.988 pontos)
Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.