IPCA-15 salta para 1,73% em abril e soma 12,03% de alta em 12 meses, diz IBGE
No ano, o saldo acumulado é de alta de 4,31%. Em abril do ano passado, a taxa foi de 0,60%
A prévia da inflação, medida pelo IPCA-15, saltou para 1,73% em abril, 0,78% ponto porcentual acima da taxa de março, de 0,95%, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira, 27.
No ano, o IPCA-15 acumula alta de 4,31% e de 12,03% em 12 meses, acima dos 10,79% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril do ano passado, a taxa foi de 0,60%.
O resultado mensal do IPCA-15 ficou abaixo da mediana positiva de 1,82% projetada pelos analistas, com faixa de intervalo de 1,10% a 1,95%. Para o acumulado de 12 meses, o mercado esperava mediana de 12,14%, cujas estimativas iam de 11,30% a 12,27%.
De acordo com o IBGE, com exceção de comunicação (-0,05%), todos os grupos de produtos e serviços pesquisados para o IPCA-15 tiveram alta em abril.
Transportes
O resultado mensal do IPCA-15 foi influenciado pelo aumento dos preços dos transportes (3,43%), principalmente da gasolina, que registrou elevação de 7,51% - reflexo do reajuste no preço médio do combustível nas refinarias - e contribuiu com o maior impacto individual no índice (0,48%).
Nesse grupo, as passagens aéreas também contribuíram para a alta – em março, os preços haviam recuado 7,55% e subiram 9,43% em abril.
Alimentos e bebidas
Segundo o levantamento do instituto sobre o IPCA-15, os preços de alimentos e bebidas avançaram 2,25%, puxados pela alta dos itens consumidos no domicílio (3,00%).
A segunda maior contribuição no grupo (0,09 p.p.) foi da energia elétrica (1,92%), com os reajustes de mais de 15% nas duas concessionárias pesquisadas no Rio de Janeiro (11,25%).
Todos os itens do vestuário (1,97%) tiveram alta em abril, inclusive as joias e bijuterias (0,61%), cujos preços haviam caído em março (-0,53%).
Saúde e cuidados pessoais
O grupo saúde e cuidados pessoais (0,47%) desacelerou em relação a março (1,30%) na pesquisa do IPCA-15 por conta dos itens de higiene pessoal (-0,87%), que haviam subido 3,98%.
Já os produtos farmacêuticos tiveram alta de 3,37%, depois da autorização do reajuste de até 10,89% no preço dos medicamentos, a partir de 1º de abril.
Avanço em todas as regiões avaliadas
A pesquisa feita para levantar o IPCA-15 mostra também que os preços aceleraram em todas as áreas pesquisadas. A maior variação ocorreu em Curitiba (2,23%), influenciada pela alta de 10,25% nos preços da gasolina.
Já o menor resultado ficou com Salvador (0,97%), onde houve queda de 1,46% nos artigos de higiene pessoal e de 8,14% nas passagens aéreas.
Impressões do mercado sobre o IPCA-15
Para Marcelo Oliveira, fundador da Quantzed, o IPCA-15 de abril veio abaixo do esperado.
"O resultado traz esperança de que a inflação está no seu pico e começa a se recuperar, mesmo com o cenário instável no mundo".
Marcelo Oliveira, da Quantzed
Segundo Oliveira, o fato de o IPCA ter acelerado para 1,62% em março, maior patamar desde 1994, gerou ansiedade no mercado em relação à Selic. "Com o IPCA-15 vindo um pouco melhor em abril, começa a dar um respiro de que estamos perto do fim do ciclo de alta de juros".
Sobre a leitura cheia do IPCA de abril, o BTG Pactual espera que haja uma redução da pressão vinda dos combustíveis, considerando que o repasse dos preços perdeu força no mês, e também uma desaceleração no segmento de energia elétrica, por conta da mudança da bandeira de energia.
"Vale ressaltar que, a despeito de esperarmos uma desaceleração, o índice deve seguir em patamar elevado, ainda pressionado por efeitos remanescentes do reajuste dos combustíveis, alimentos no domicílio e um repasse mais alto em medicamentos".
BTG Pactual, em análise sobre o IPCA-15
No cenário monetário, na visão do BTG, diante da manutenção do diagnóstico desfavorável da inflação, da forte volatilidade nos preços das commodities, da depreciação do câmbio e das expectativas de uma política monetária mais contracionista nos EUA, "o Copom pode deixar o cenário em aberto para dar continuidade ao ciclo de elevação da reunião de junho".
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