Economia

IPCA-15 tem alta de 0,13% em julho, a menor variação mensal em dois anos; no acumulado em 12 meses, avanço é de 11,39%

Redução no preço dos combustíveis impactou o indicador

Data de publicação:26/07/2022 às 10:46 - Atualizado 2 anos atrás
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do País, subiu 0,13% em julho, uma forte desaceleração em relação ao mês imediatamente anterior, quando o índice avançou 0,69%. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa é a menor variação mensal desde junho de 2020, quando o IPCA-15 registrou alta de 0,02%.

O resultado veio abaixo das expectativas do mercado, que esperava uma alta mais acentuada, de 0,17%. O Projeções Broadcast, do Grupo Estado, informou que, em suas consultas aos especialistas, as estimativas variavam de queda de 0,70% até um alta de 0,70%.

Inflação desacelera no IPCA-15 de julho | Foto: Reprodução

Em 12 meses, a inflação medida pelo IPCA-15 de julho acumula variação positiva de 11,39%, enquanto as projeções apontavam para alta de 11,41%. No acumulado do ano até aqui, o índice tem um aumento de 5,79%, segundo o IBGE.

Destaques do IPCA-15 de julho

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, pontua que a lei que reduziu as alíquotas sobre os combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo foi sancionado no final de julho e os impactos que ela tem sobre os preços começaram a ser sentidos ao longo de julho, o que explica a desaceleração no IPCA-15 do mês.

"No caso de transportes, tivemos uma queda mais significativa", afirma o especialista. A olhar para os subitens, Sung ressalta que houve redução de 5,01% no preço da gasolina, 8,16% no do etanol e de 1,83% no gás veicular. "Na parte de energia, com a redução de ICMS em várias regiões, os preços registraram uma variação negativa de 4,61%", diz ele.

Em contrapartida, Sung comenta que dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IPCA-15, seis registraram alta em julho. Os destaques entre as variações positivas ficam por conta dos grupos de Alimentação e Bebidas, "onde vários itens importantes como leite, pesaram sobre o índice" e Transportes, com a alta de 7,32% no preço do diesel, aponta o economista.

"O índice de difusão, que mostra o porcentual de itens com que aumentaram de preços no mês, continua acima dos 67%. Isso mostra que a inflação segue disseminada pela economia. A divulgação do IPCA (cheio) deverá dar mais indícios sobre os efeitos das medias tributárias aprovadas sobre os preços. Nossa expectativa ainda é de leve deflação do índice cheio em julho."

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research

Expectativas para a inflação e os juros

Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco, considera que os dados do IPCA-15 de julho mostram que a inflação está desacelerando, consequência direta da redução do ICMS e outras medidas de redução de impostos. "Com esses dados positivos, devemos esperar que o IPCA mostre também esse arrefecimento", afirma.

Já para a equipe de economia da CM Capital, "em alguma magnitude, é possível verificar o impacto da política monetária" sobre a pressão inflacionária, após o Banco Central (BC) promover uma série de ajustes positivos na Selic, taxa básica de juros. No entanto, a corretora considera que "esses impactos ainda são insuficientes para tranquilizar a instituição".

"Grupos que deveriam apresentar inflação mais amena ainda passam por grande pressão, como é visto em serviços e bens não comercializáveis. Cabe ressaltar que julho trouxe apenas os impactos deflacionários das medidas legislativas aprovadas recentemente, que devem afetar fortemente a inflação do IPCA fechado de julho e de agosto. As pressões inflacionárias advindas do auxílio emergencial passarão a ser capturadas pelo IPCA apenas a partir de setembro. Até lá, o BCB deve ficar vigilante e tende a não tomar decisões com base nos dados de curto prazo e comprometer todo o trabalho feito até aqui para retomar o controle da inflação."

Equipe de economia da CM Capital

Louzada compartilha da mesma opinião e destaca que o BC não deve alcançar a meta de inflação neste ano. Por isso, o especialista acredita que a taxa Selic pode fechar o ano próxima de 14%, "pois ainda não há motivos suficientes que justifiquem uma redução dos juros".

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