SPX tem fundos multimercado como rendimento de 40% no semestre; qual a sua estratégia?
Gestora identifica oportunidades em cenário de aperto monetário e possível recessão mundial
Os fundos multimercado chamaram atenção de investidores e analistas no primeiro semestre não apenas pela robusta performance das carteiras, em que 13 renderam acima de 40%. Um desempenho que destoou da apatia dos fundos de ações, concorrente direto na renda variável. Entre esses líderes de rentabilidade neste ano, 7 estão sob a gestão da SPX Capital, todos eles têm uma estratégia que segue a de um fundo master.
A SPX Capital é uma das maiores gestoras independentes com mais de R$ 70 bilhões de ativos. Mas qual seria a estratégia adotada pela SPX Capital que coloca seus fundos nas primeiras colocações do ranking de bom desempenho?
Cenário desafiador
A quantidade de multimercados que performaram bem não significa que a primeira metade do ano não tenha sido desafiador para os gestores dessa classe de ativos.
O vaivém de ações e dólar, dois nichos de mercado em que muitos fundos alocaram os recursos da carteira com apostas direcionais, tentando acertar a tendência dos ativos, pegou muitos gestores no contrapé.
Especialistas atribuem a estratégia bem-sucedida dos fundos da SPX Capital, nesse ambiente de dificuldades, à diversificação geográfica, com a busca de gestores por ativos no exterior.
Caio Pinheiro, especialista da SVN, diz que boa parte dos fundos da gestora que se destacam em rentabilidade investe majoritariamente em cotas do fundo SPX Raptor Master FI Exterior Multimercado CP.
Embora os fundos tenham desempenho próximo um do outro, nem todos são fundos espelho diretamente do Master, outros são formados por cotas de outros fundos que também seguem o Master.
O SPX Raptor Feeder IE FIC FIM, o Raptor L FIC, o SPX Raptor F22 e o SPX Capital Portifólio concentram mais de 92% de suas carteiras em cotas do SPX Raptor Master. São, portanto, fundos espelho dele.
No entanto, o SPXR FIC FIM tem 91% de suas cotas no Raptor L FIC FIM, e o SPX Raptor PVT está com 99,99% em cotas do Crusader IE FIC FIM.
E, por fim, o SPXR L FIC FIM CP IE está com 99,91% das cotas no fundo Raptor L FIC FIM e, dessa forma, também ligado ao Master.
Na prática, portanto, a bem-sucedida estratégia do SPX Raptor Master FI Exterior Multimercado CP acabou sendo replicada por todos esses fundos da gestora.
Acompanhe o desempenho desses fundos no primeiro semestre:
Fundo | Rend. 2022 | Patrimônio em R$ milhões | Cotistas |
---|---|---|---|
SPX Raptor Feeder IE FIC FIM | 40,83% | 3.053,024 | 173 |
Raptor L FIC FIM CP IE | 40,82% | 1.799,196 | 69 |
SPX Raptor F 22 FIC FIM CP IE | 40,82% | 622,525 | 195 |
SPX Capital Portfolio Plus IE FIC FIM | 40,81% | 631,279 | 83 |
SPXR FIC FIM CP IE | 40,63% | 711,443 | 105 |
SPX Raptor PVT IE FIC FIM CP | 40,39% | 137,565 | 252 |
SPXR L FIC FIM CP IE | 40,00% | 32,360 | 66 |
Qual a estratégia
As estratégias desses fundos consistem na aposta em alta das taxas de juro no mercado internacional. Uma perspectiva que a gestora identifica, “com bons olhos”, em países com desequilíbrio entre as condições econômicas e os preços dos ativos no mercado.
O cenário atual reforça as oportunidades para esse tipo de estratégia, avaliam especialistas. A economia global caminha para uma possível recessão, na esteira do aperto nos juros por diversos países, “e a gestora identifica oportunidades para surfar nessa onda”, analisa Pinheiro.
O olhar para fora do País não significa que a gestora faça vistas grossas às chances domésticas. “No Brasil, o fundo aposta em juros reais”, a diferença entre juros nominais e inflação. Uma margem que se amplia à medida que os juros sobem e a inflação desacelera.
Os recursos do fundo da SPX espraiam-se ainda em outros segmentos, com posições compradas (aposta em valorização) em dólar americano. A moeda tenderia a se valorizar com a alta dos juros nos Estados Unidos e em cenário de incertezas econômicas, diante do temor da ameaça de uma recessão global, como ativo real de proteção.
As posições do fundo da SPX estendem-se também em alocações na China, de olho nas oportunidades pela perspectiva de reabertura da economia com o fim de lockdowns provocados pela onda de covid.
Em estratégias que têm muito a ver também com a atual dinâmica da economia global, os fundos alocam parte dos recursos da carteira em commodities e em crédito, com a adoção de alguns instrumentos como hedge, “de olho nos movimentos de juros nos mercados desenvolvidos”.