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Renda Fixa

IPCA-15 acima do esperado: O que é melhor, Tesouro Selic, IPCA ou Prefixado?

Tesouro Selic é o protagonista do momento, mas para quem puder levar o papel até o vencimento, o prefixado paga entre 13% e 14% ao ano

Data de publicação:27/02/2023 às 08:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Aos poucos, o mercado financeiro vai abandonando a expectativa de queda dos juros nesses próximos meses ou até mesmo no segundo semestre do ano. Dez entre dez especialistas em renda fixa acreditam que os juros vão permanecer elevados por um período mais longo e os papeis de renda fixa pós-fixados (Tesouro Selic) continuarão sendo os mais beneficiados, pelo rendimento e pelas posições conservadoras, até mais do que os títulos vinculados à inflação (Tesouro IPCA), ou os prefixados (Tesouro Prefixado).

A certeza vem principalmente do último dado da inflação, divulgado na última sexta-feira, 24, que ficou acima do esperado, arrastando junto outra indicação, a de que o Banco Central vai manter a Selic em 13,75% por mais tempo ou, quem sabe, até promover um ajuste para cima. O IPCA-15 de fevereiro de 0,76% surpreendeu duplamente o mercado, que esperava por um arrefecimento dos preços e um avanço em torno de 0,73% do indicador.

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Tesouro Selic combina posição mais conservadora com bom rendimento - Foto: Reprodução

“O pós-fixado é um bom investimento com uma inflação um pouco mais alta, porque a chance de o Banco Central reduzir os juros é menor, a taxa vai ficar por mais tempo em 13,75%” diz Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos. Diante dessa perspectiva de continuidade dos juros elevados, a taxa pós tende a ficar até mais atrativa, segundo ele.

Na opinião de Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores, “um IPCA mais alto sugere que o Banco Central vai continuar com uma política monetária restritiva por um período maior". 

Subir mais os juros

Mais do que isso, de acordo com o especialista da Quantzed: ”Inclusive se a gente começar a ter novas surpresas altistas para esses indicadores de inflação, cada vez mais o Banco Central tende a ter que voltar a subir juros, não só manter a taxa alta, mas voltar a subir o juro". 

Não apenas a variação mensal do IPCA-15, mas a leitura dos detalhes do indicador é que reforça um cenário de inflação bastante desafiador para o Banco Central, que tem como tarefa cumprir as metas de inflação para esse ano, de 3,5%,  para os próximos anos, de 3%, explica Christopher Galvão, analista da Nord Research.

Entre as fontes de preocupação, Galvão destaca as altas mais fortes dos núcleos, os preços dos serviços em patamares relativamente mais elevados, e também o índice de difusão, voltando a acelerar depois da queda no último IPCA fechado d mês.

Um índice de inflação mais pressionado, considera Jorge, beneficia também os ativos indexados ao IPCA, e isso porque parte da remuneração desse tipo de título corresponde exatamente à evolução desse indicador de inflação.

Outros riscos

Para o analista da Nord Research, o Tesouro Selic acaba sendo até mais conservador do que o Tesouro IPCA ou o Tesouro Prefixado: "Se o cenário da inflação piorar, ou a perspectiva do risco fiscal piorar ainda mais nos próximos períodos, você tem a possibilidade de os juros futuros precificados pelo mercado serem reajustados para cima, o que poderia causar um prejuízo de marcação a mercado nos prefixados e nos indexados à inflação. 

Nessa mesma hipótese de piora do cenário, afirma Galvão, os pós-fixados vão continuar sendo beneficiados com a perspectiva de que os juros terão de permanecer elevados. “Os pós-fixados e ainda com liquidez diária ainda permitem movimentar a carteira no meio da caminho, diante das incertezas pela frente”.

Parece não haver dúvidas de que o protagonista da renda fixa é hoje o pós-fixado, mas nem por isso, os prefixados devem ser totalmente descartados. Embora exista o risco de marcação a mercado, uma atualização no valor do título de acordo com os juros futuros, o investidor que carregar o título até seu vencimento elimina esse risco além de embolsar um rendimento considerável.

Posições em prefixados 

“Uma posição prefixada hoje no nível 13% a 14% ao ano é muito interessante. É uma baita remuneração, uma aplicação bem relevante. Você está ganhando 14% ao ano sobre o teu patrimônio só para ter o seu dinheiro investido em alguma coisa", pontua o sócio da Quantzed. 

Para embolsar os ganhos, no entanto, o investidor precisa conhecer o ativo e ter um planejamento financeiro. “E necessário que investidor saiba que em uma eventual necessidade de resgate antecipado ele pode realizar prejuízo, a posição precisa ser levada até o vencimento”, alerta Jorge.

Se não houver condições de fazer esse planejamento, no entanto, o especialista da Quantzed recomenda evitar os prefixados. O mercado vive dias de muitas incertezas e volatilidade, não apenas em relação à inflação, mas à indefinição sobre o novo arcabouço fiscal, pelas recentes e constantes críticas do presidente Lula à política monetária do Banco Central, e suas intenções de mexer nas metas de inflação, o que mostra a disposição de trabalhar com níveis de inflação mais elevados. 

Até que essa questões estejam mais bem definidas, os juros futuros devem continuar no sobe e desce, o que pode trazer prejuízos a quem precisar sacar o título no meio do caminho. 

Só para ter uma ideia, na sexta-feira, 24, o mercado de juros subiu em duas etapas, relata o especialista: a primeira logo na abertura com a divulgação do IPCA-15 acima das expectativas, e na metade da manhã com a divulgação da inflação dos EUA também mais alta do que a estimada pelo mercado. Segundo Jorge, toda a curva de juros ficou pressionada, a ponta longa subindo entre 12 e 14 pontos, e a curta entre 5 e 8 pontos.

Papeis do setor privado

Em relação aos papeis de crédito do setor privado vinculados ao IPCA, o especialista da Quantzed ressalta que há excelentes opções em termos de rentabilidade e também pela isenção fiscal, como as debêntures incentivadas. Mas ele faz ressalvas: “O mercado de crédito, por conta do evento Americanas e o respingo em outras empresas, tem passado por um ajuste muito forte, a marcação dos papeis tem sido muito forte”. Isso acaba impactando a rentabilidade desses ativos. 

Não apenas pelo aumento do risco gerado por empresas que estão por dificuldades, como Marisa e Light, que a exemplo de Americanas têm as debêntures negociadas no mercado, mas também pelas incertezas em relação à inflacão e por questões no âmbito político, os títulos do crédito privado são contra-indicados nesse momento. 

“Por mais interessante que seja o título privado agora, eu recomendo ao investidor cautela e que fique fora. Se mesmo os investidores profissionais, as equipes especializadas em avaliação de crédito dos fundos, encontram dificuldades para fazer a sua gestão dadas as incertezas, o que dirá da pessoa física, que tem acesso restrito a essas informações".

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Sobre o autor
Regina Pitoscia
Editora do Portal Mais Retorno.