Inflação doméstica e americana estão no radar do mercado nesta semana
O mercado financeiro inicia a semana que praticamente encerra maio com a atenção dirigida à inflação. A largada de indicadores relacionados à variação de preços começa…
O mercado financeiro inicia a semana que praticamente encerra maio com a atenção dirigida à inflação. A largada de indicadores relacionados à variação de preços começa pela projeção atualizada de inflação dos analistas e economistas do mercado financeiro que o boletim Focus traz nesta segunda-feira, logo pela manhã.
Amanhã, 25, o IBGE divulga o IPCA-15 de maio, considerado prévia da inflação oficial que dá uma ideia de a quantas anda a inflação corrente no mês. E, por fim, na sexta-feira, 28, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) anuncia o IGP-M, com a variação de preços no atacado, que tem rodado bastante acima da inflação oficial medida pelo IPCA.
São indicadores que ganham relevância e interesse, de acordo com especialistas, porque fornece uma ideia de como está o comportamento de preços em um momento de transição para o novo mês, que tem na agenda nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
O encontro que decidirá como fica a Selic, taxa básica de juros do País, será nos dias 15 e 16 de junho.
A inflação é um fenômeno que passou a preocupar não apenas os brasileiros, mas o mundo, um fantasma que voltou ao radar como ameaça à estabilidade econômica, comenta Davi Lelis, especialista e sócio da Valor Investimentos.
O principal termômetro dessa preocupação, segundo ele, é o vaivém dos juros dos títulos do Tesouro americano, os Treasuries, de dez anos. “O estresse dos juros desses títulos deixa o mundo preocupado, que vê nesse movimento um sinal de possível volta da inflação.”
Inflação em alta pode pressionar os juros
Não à toa, os mercados ao redor do mundo, incluído o Brasil, têm se guiado e influenciado cada vez mais pelo que pode sugerir o vaivém dos juros de Treasuries e o sobe e desce das bolsas americanas.
Movimentos de juros e bolsas americanas podem acompanhar, ao longo desta semana, uma agenda que prevê a divulgação de vários indicadores.
Na terça-feira, 25, serão conhecidos os dados de confiança do consumidor dos EUA. Um aumento de confiança, segundo analistas, pode apontar para uma economia mais aquecida e uma inflação mais pressionada que poderia desembocar em alta dos juros.
À divulgação desses dados seguem-se outros, acompanhados com atenção pelos investidores, porque podem dar uma ideia ainda mais clara de como anda a economia americana.
O nível de estoque de petróleo, que pode impactar a inflação, será conhecido na quarta-feira – uma redução poderia indicar maior consumo em função de uma economia aquecida, a menos que tenha havido uma queda de produção.
Outro indicador bastante aguardado são os números referentes ao PIB trimestral dos EUA que será divulgado na quinta-feira. São dados que podem comprovar ou não as previsões de que a economia ganhou tração e cresce em ritmo superior às expectativas.
NY: futuros em alta
Os contratos futuros das bolsas de Nova York operam em alta nesta segunda-feira com o mercado financeiro atento à divulgação de novos dados econômicos do país que podem dar sinais sobre os caminhos da inflação.
Na última sexta-feira, 21, o índice Dow Jones avançou 0,36%, em 34.207,84 pontos, o S&P 500 caiu 0,08%, a 4.155,86 pontos, e o Nasdaq teve baixa de 0,48%, a 13.470,99 pontos. Na comparação semanal, os dois primeiros caíram 0,51%, 0,43%, respectivamente, e o terceiro subiu 0,30%.
Os novos dados da semana – o índice de confiança do consumidor e o PIB trimestral – serão divulgados após os investidores absorverem as informações do PMI, índice de gerentes de compras compostos dos Estados Unidos divulgados no final da semana passada.
O PMI subiu de 63,5 em abril para 68,1 em maio, no maior nível da série histórica. “As fábricas e serviços dos EUA estão tendo um crescimento inspirador, o que sugere que essa economia deve continuar aquecida por alguns meses, aumentando os temores de que o Fed terá de diminuir os juros antes do esperado", diz o analista de mercado Edward Moya, da Oanda.
Com as sinalizações de possível aperto da política monetária após a publicação da ata da reunião mais recente do Fed, as posturas dos dirigentes do BC dos EUA em discursos ganharam mais atenção dos mercados.
Em entrevista, o presidente da distrital da Filadélfia, Patrick Harker, disse que é preciso discutir a redução do programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês) "antes cedo que tarde".
Até então, o presidente da regional de Dallas, Robert Kaplan, havia sido o único dirigente a destoar do discurso encabeçado pelo presidente da instituição, Jerome Powell, de que ainda não é o momento para se tratar desse assunto.
CPI da Covid: “capitã cloroquina”
Os investidores seguem acompanhando mais uma semana de trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado.
Após a oitiva do ex-ministro Eduardo Pazuello, que acirrou o clima de tensão, desta vez a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como 'capitã cloroquina, será ouvida por seus integrantes na próxima terça-feira, 25.
Na semana passada, Mayra entrou com um pedido de habeas corpus preventivo junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe daria o direito de ficar em silêncio durante a CPI, mas foi negado pelo ministro Ricardo Lewandowski. No entanto, ela fez uma nova tentativa, pedindo a Lewandowski que reconsidere a decisão.
No novo pedido, Mayra afirma que há sim uma investigação contra ela que esbarra nos limites do trabalho da comissão parlamentar. Ela alega ser alvo do mesmo inquérito que envolve o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na esteira da crise provocada pelo desabastecimento de oxigênio hospitalar em Manaus.
Meio Ambiente: Operação Akuanduba
No cenário doméstico, outro assunto que se mantém no radar do mercado são os desdobramentos da Operação Akuanduba, da Polícia Federal, que mira suspeita de venda ilegal de madeira. A operação foi autorizada por Alexandre de Moraes, que determinou a quebra dos sigilos bancários e fiscais do ministro Ricardo Salles, assim como de outros 22 investigados.
Com o afastamento do presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, o comando do principal órgão ambiental do País está, interinamente, nas mãos do tenente-coronel da Polícia Militar de São Paulo Luis Carlos Hiromi Nagao.
Nomeado diretor de Planejamento, Administração e Logística do Ibama em agosto de 2019, Nagao assumiu a presidência do Ibama na última sexta-feira. Sua entrada no instituto ocorreu no processo de militarização dos órgãos ambientais encampado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Nagao já vinha dando as cartas em grande parte das decisões do órgão envolvendo contratos, mudanças de regimentos, entre outros temas. Nomeações de coordenadores, por exemplo, passaram por ele, sem que o próprio Eduardo Bim soubesse de quem se tratava.
Bolsas asiáticas fecham em alta
As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta nesta segunda-feira, após a última rodada de PMIs mostrar recuperação da atividade econômica nos EUA e na Europa. Investidores, porém, se mantêm cautelosos em meio a recentes surtos de covid-19 em partes da Ásia e sinais de pressões inflacionárias.
O japonês Nikkei subiu 0,17% em Tóquio hoje, aos 28.364,61 pontos, e o chinês Xangai Composto avançou 0,31%, aos 3.497,28 pontos, interrompendo uma sequência de três pregões negativos.
O dia foi de ganhos também para o Shenzhen Composto - índice formado por empresas chinesas de menor valor de mercado -, com alta de 0,75%, aos 2.337,26 pontos, e para o Taiex, que se valorizou 0,22% em Taiwan, aos 16.338,29 pontos.
Por outro lado, o Hang Seng caiu 0,16% em Hong Kong, aos 28.412,26 pontos, e o sul-coreano Kospi recuou 0,38% em Seul, aos 3.144,30 pontos.
Na última sexta-feira, índices de atividade econômica, os chamados PMIs, mostraram que as economias dos EUA, da zona do euro e do Reino Unido seguem se recuperando com força dos choques da covid-19.
A situação da pandemia na Ásia, contudo, inspira cautela, com números elevados de casos e mortes pela doença na Índia e o Japão se esforçando para conter focos do vírus antes da Olimpíada de Tóquio, que terá início em julho.
Além disso, persistem temores de que a tendência global de avanço da inflação leve grandes bancos centrais a rever sua postura acomodatícia, e fortes quedas recentes do bitcoin, após a China prometer apertar o cerco a operações com moedas digitais, estão no radar.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no azul hoje, impulsionada principalmente pelo setor de energia. O S&P/ASX 200 avançou 0,22% em Sydney, aos 7.045,90 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado