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Guia: como começar a investir?

Data de publicação:08/03/2023 às 08:06 - Atualizado um ano atrás
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Você está começando a investir? Então chegou ao lugar certo: o nosso guia completo com os primeiros passos para se tornar um investidor.

Nós sabemos que esse não é um processo fácil, afinal, existem muitas particularidades e detalhes no mercado financeiro. Até mesmo alguns termos podem deixar dúvidas no começo. Mas não se preocupe: é justamente para ajudá-lo que estamos aqui.

Ao longo deste material, nós vamos tentar eliminar as suas principais dúvidas e questionamentos sobre os primeiros passos como investidor. Vamos lá!

É hora de sair da poupança?

Você ainda tem o hábito de investir na poupança? Essa é uma herança histórica de um formato de investimento que sempre foi muito atrativo e rentável no nosso país.

Segundo dados da pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro, realizada pela ANBIMA em 2021, ainda temos 29% da nossa população que investe na poupança. Pode parecer pouco, mas o segundo colocado vem com apenas 5% — os fundos de investimentos e os títulos privados.

O problema é que, se um dia a caderneta de poupança já foi um excelente investimento (em especial considerando as elevadas taxas de juros históricas do Brasil), muita coisa mudou desde 2012, quando a lei de número 12.703 alterou as condições de remuneração dessa classe de ativos para a seguinte forma de acordo com a Taxa Selic:

Taxa Selic maior do que 8,5% ao ano: rendimento de 0,5% ao mês somado à Taxa Referencial (TR).

Taxa Selic menor ou igual a 8,5% ao ano: rendimento de 70% da Taxa Selic.

Se você converter a taxa mensal de 0,5% ao mês para anual, perceberá que terá uma taxa de 6,17% ao ano. Ou seja, uma rentabilidade muito inferior a 8,5% — e, quanto maior a Selic, maior também a sua perda financeira. Da mesma forma, quando a Taxa Selic está menor que esse patamar, o rendimento é de apenas 70% da nossa taxa básica de juros.

Em outras palavras: se você investe na caderneta de poupança nos dias atuais, então está perdendo dinheiro. Vale lembrar que existem inúmeros produtos no mercado financeiro que seguem 100% da Taxa Selic e com risco extremamente baixos, assim como a poupança.

É verdade também que não há cobrança de Imposto de Renda na poupança atual, mas esse tributo não é suficiente para compensar a defasagem de rentabilidade. Além disso, a poupança traz outros problemas como a rentabilidade apenas na data de aniversário, por exemplo. Enfim, é um péssimo investimento.

Como sempre brincamos por aqui: "amigos não deixam amigos investirem na poupança". É justamente pensando nesse desafio que criamos esse guia básico de investimentos. Ao final da sua leitura, você poderá entender o caminho para deixar definitivamente a poupança e montar uma carteira adequada aos seus objetivos financeiros.

Quanto eu preciso para começar a investir?

Ao contrário do que muitos brasileiros imaginam, não é preciso juntar uma grande quantia para começar os seus investimentos. Existem diversos produtos cujo investimento mínimo é igual ou inferior a R$100.

Na prática, quanto antes você começar, melhor! Isso porque o grande segredo do crescimento patrimonial está nos juros compostos — os mesmos juros que enriquecem os bancos, mas que desta vez estarão a seu favor. É o efeito do "juros sobre juros": quanto mais você acumula, mais você ganha.

Para que seja possível entender o efeito dos juros compostos, considere a seguinte premissa:

Investimento inicial de R$10.000

Aportes mensais de R$200

Taxa de rentabilidade de 8,5% ao ano

Observe que não são valores assustadores, tampouco uma rentabilidade muito agressiva (no Brasil, é bem comum alcançá-la sem correr riscos em função das nossas taxas de juros). A simples consistência de manter pequenos aportes mensais já seria suficiente para que você atingisse um patrimônio superior a um milhão de reais em 40 anos.

Esse efeito da multiplicação de capital é possível graças aos juros compostos e permite a criação de um patrimônio capaz de gerar segurança e estabilidade para o seu futuro.

Reserva de emergência: uma proteção financeira

Antes mesmo de falarmos sobre as classes de investimentos no Brasil, é importante que você monte uma reserva de emergência. Esse é o nome dado para uma reserva financeira destinada a gastos não previstos. É o caso de uma despesa médica ou até mesmo de uma proteção para a perda do emprego, por exemplo.

O ideal é que ela seja suficiente para cobrir alguns meses do seu custo de vida médio mensal. Recomendamos entre seis e doze meses, mas é uma decisão bem particular. Caso ainda não tenha essa proteção, use a sobra financeira do mês (aqueles 15% que comentamos anteriormente) para a sua construção.

Vamos pensar em um exemplo prático para deixar tudo isso mais claro. Imagine que o Márcio, um personagem fictício, tenha um custo médio de vida de R$4.000 por mês. Ele trabalha com carteira assinada (CLT) e está na empresa há 10 anos, o que gera uma proteção em caso de demissão em função da rescisão.

Portanto, o Márcio pode definir que seis meses de reserva de emergência já oferece uma boa segurança. Neste caso, o valor total que ele precisa guardar é de R$24.000 (6 x R$4.000). Ao fazer isso, em caso de emergência, o Márcio estará seguro e protegido diante dessas incertezas, sem precisar se endividar.

Além disso, enquanto o dinheiro não é necessário, você pode deixá-lo investido em ativos seguros e com liquidez. Assim, ele pode ir rendendo, mas sem oferecer riscos quando for necessário — e não atrapalha sua estratégia de investimentos em outros produtos.

Aprenda agora mesmo onde investir a sua reserva de emergência.

Perfil de investidor

Vamos partir para assuntos mais práticos de investimentos? Antes de abordarmos as principais oportunidades do mercado financeiro, você precisa primeiramente entender qual é o seu perfil de investidor.

Esse é o nome dado para a classificação do seu nível de aceitação ao risco. O perfil de um investidor é fundamental para nortear não apenas os investimentos adequados, como também associá-los aos seus objetivos financeiros.

Geralmente, utilizamos três classificações para o perfil de investidor. São elas:

Perfil conservador: representa aquele investidor que tem pavor de pensar em perder dinheiro. Deve focar em ativos mais conservadores e com menor risco.

Perfil moderado: representa um meio termo entre o investidor conservador e o perfil agressivo. Isto é, há maior tolerância ao risco, mas mantendo a maior parte do patrimônio protegido.

Perfil agressivo: por fim, o investidor agressivo está disposto a lidar com uma oscilação dos seus investimentos (inclusive vendo os valores no prejuízo) em troca de uma maior rentabilidade no longo prazo. É aderente aos ativos da renda variável.

De acordo com o seu perfil de investidor, portanto, você pode ter uma maior ou uma menor exposição de renda fixa ou de renda variável. E essa definição é extremamente pessoal.

Ainda não sabe o seu perfil de investidor? Faça o nosso teste gratuito e veja qual é a sua classificação antes de começar a investir. Basta responder oito perguntas simples para compreender o seu perfil e montar uma carteira adequada aos seus objetivos financeiros.

Importante mencionar que o perfil de um investidor não é imutável. Ao longo do tempo, de acordo com a sua estrutura de vida ou mesmo o conhecimento de mercado financeiro, ele pode ser alterado. Por exemplo, é comum ser mais conservador quando somos mais velhos ou possuímos um patrimônio elevado. Portanto, é recomendado refazer o teste periodicamente.

Por que eu devo investir?

No Brasil, infelizmente, a educação financeira ainda deixa a desejar. Isso faz com que exista um certo mito de que o mercado financeiro é restrito para donos de grandes fortunas. Sim, vários deles se tornaram ricos investindo (como o lendário Warren Buffett, por exemplo). No entanto, como veremos a seguir, você não precisa de muito dinheiro para começar.

E investir não se trata apenas de tentar aumentar o seu patrimônio. Esse é sempre um objetivo, claro, mas não é a única razão para você começar a investir. Abaixo, listamos alguns motivos pelos quais vale a pena pensar nessa estratégia para gerenciar o seu capital:

Aposentadoria: ao investir desde cedo, você reduz a dependência do governo para a sua aposentadoria. Isso porque a construção de um patrimônio é algo que vai facilitar aquele momento em você optar por parar de trabalhar — e não necessariamente aguardar um determinado período de tempo.

Renda passiva: muitos investimentos permitem que você crie uma renda extra mensal. Ao recebê-la, você pode incrementar o seu salário com um modelo que chamamos de renda passiva. Isto é, o seu dinheiro gera novas receitas sem depender da sua ação direta.

Segurança financeira: por fim, mas não sem importância, investir ajuda a construir um patrimônio — algo que gera estabilidade. Quanto mais dinheiro acumulado, afinal, menos dependentes ficamos do nosso emprego. E isso gera mais tranquilidade para lidar com os desafios da nossa rotina.

Antes de seguirmos, caso tenha gostado da ideia de gerar uma renda passiva para complementar a sua renda, convidamos você a conhecer cinco formas de criar esse tipo de receita adicional sem depender do seu trabalho.

Eu quero aprender a investir: por onde começar?

Agora você já sabe a importância de começar a investir. No entanto, isso não significa que você deva sair alocando seu dinheiro em qualquer lugar desesperadamente. Os primeiros passos exigem um pouco de paciência e estudo. É o que vamos abordar neste tópico.

Em primeiro lugar, é importante entender que você vai precisar sair da sua zona de conforto. Começar a investir representa uma nova atividade para a sua rotina. E nem sempre é fácil aprender algo novo. No começo, pode parecer muita coisa. Mas não se preocupe: estamos aqui para ajudá-lo. E, neste guia, muitas das perguntas iniciais já serão respondidas.

Além disso, nós estamos aqui justamente para te ajudar! Caso queira se aprofundar em algum tema específico, você pode consultar os nossos materiais complementares como e-books (inclusive gratuitos) ou cursos online.

Os 3 pilares dos investimentos

Na parte do estudo, você vai precisar entender as características de cada produto do mercado financeiro, assim como as particularidades dos seus objetivos financeiros. Desde já, é importante compreender que existem três pilares quando falamos de investimentos. São eles:

Risco: é o grau de incerteza de um investimento. Quanto maior o risco, menos previsível será o resultado. O risco não se resume apenas à chance de "perder dinheiro", mas traz também um potencial ganho financeiro mais atrativo do que opções mais seguras.

Liquidez: é a facilidade de converter um ativo em dinheiro. Um imóvel não é fácil de vender, o que significa que ele oferece baixa liquidez. Já a caderneta de poupança permite um resgate automático e instantâneo do dinheiro — o que representa uma alta liquidez.

Segurança: por fim, a segurança está no lado oposto do risco. Quanto menos risco o investimento oferece, mais seguro ele é. Ou seja, a chance de perder dinheiro é reduzida.

Não existe um investimento perfeito no qual você tenha esses três pilares em conjunto. Já que falamos na poupança, ela oferece segurança e liquidez, mas a rentabilidade deixa a desejar diante de outros produtos de perfil similar. Já ao investir em ações, você pode ter uma ótima rentabilidade, mas não terá a garantia de valorização do seu dinheiro.

Tenha isso em mente, pois adiante vamos apresentar as principais classes de ativos do mercado financeiro. Elas possuem características distintas e precisamos nos atentar a cada uma delas quando estamos aprendendo a investir.

Controle financeiro

Outro ponto muito importante antes de começar a investir é ter um bom controle sobre as suas finanças pessoais. Essa organização será essencial para garantir um equilíbrio sobre os seus ganhos e gastos, além de permitir que uma parte do seu salário seja poupada para investir pensando no futuro.

Uma recomendação comum é usar a regra 50-35-15. A sequência numérica representa os percentuais de destino do seu salário, conforme o racional abaixo:

Despesas fixas (50): são aquelas contas que estão comprometidas todos os meses como pagamento de aluguel, alimentação, entre outras. O ideal é que, em conjunto, elas representem no máximo 50% da sua receita mensal.

Despesas variáveis (35): aqui são agrupadas as despesas pessoais durante o mês. É o caso de restaurantes, ir ao cinema, roupas novas ou presentes, por exemplo. É importante também usufruir do seu trabalho, mas não deixe que esses gastos consumam mais do que 35% do seu salário.

Reserva financeira (15): o restante do valor, que deve ser de ao menos 15%, é destinado para uma reserva financeira. E nós podemos investir esse valor pensando no futuro.

Além de tentar respeitar esses limites para fazer uma gestão saudável do seu dinheiro, é extremamente importante estar com as contas em dia para investir. Caso possua algum tipo de dívida, resolva a pendência financeira antes de realizar qualquer tipo de investimento. O endividamento pode destruir qualquer patrimônio em função dos juros cobrados pelo atraso.

Precisa de ajuda para realizar o seu controle financeiro? Então faça o download da nossa planilha para controle financeiro gratuitamente.

Renda fixa vs. renda variável: qual é a diferença?

Agora que você já tem toda a base teórica para se preparar para investir, quais são as oportunidades dentro do mercado financeiro? Em resumo, os ativos podem ser divididos em dois grandes grupos:

Renda fixa: são os investimentos em que há previsibilidade dos ganhos. Você terá sempre uma data de vencimento e o formato de rentabilidade definidos no ato do aporte.

Renda variável: são os investimentos nos quais os seus ganhos dependem dos resultados. É o caso das ações, em que o resultado financeiro está exposto ao desempenho das empresas escolhidas.

Veja, portanto, que a diferença entre os dois grupos é a previsibilidade dos ganhos no ato do seu investimento — e não apenas a segurança, como algumas pessoas imaginam. Existem títulos de renda fixa, inclusive, que oferecem alto risco.

Vamos então explorar um pouco mais sobre as oportunidades de investimentos do mercado financeiro.

Títulos de renda fixa

Normalmente, os brasileiros deixam seu dinheiro na caderneta de poupança — algo que não faz sentido há algum tempo, visto que temos melhores oportunidades de investimento de baixo risco na renda fixa. Você pode ver quais são elas neste artigo.

Quando falamos de renda fixa, é normal que os brasileiros associem imediatamente à famosa caderneta de poupança. Entretanto, existem três tipos de títulos nessa categoria. São eles:

Títulos públicos: são títulos de renda fixa emitidos pelo nosso governo. Em tese, são considerados mais seguros. Eles são negociados em uma plataforma chamada de Tesouro Direto e são acessíveis para qualquer investidor.

Títulos bancários: são títulos emitidos pelas instituições financeiras e possuem proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) — uma instituição privada mantida pelos bancos. Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) são exemplos de títulos bancários.

Títulos privados: por fim, temos ainda os títulos emitidos por empresas "não financeiras". Eles geralmente são agrupados em Debêntures, Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

Além disso, a rentabilidade da renda fixa pode ser definida como prefixada (uma taxa fixa definida previamente, no ato do investimento) ou pós-fixada (atrelada ao desempenho de algum indicador — como CDI, IPCA, entre outros).

Caso queira aprender mais sobre a renda fixa, conheça o nosso livro A Renda Fixa Não Morreu.

Fundos de investimentos

Os fundos de investimentos não são um ativo em si, mas sim um meio de investir. Eles funcionam como uma espécie de "condomínio de investidores", que se reúnem para acumular um capital e terceirizar a tomada de decisão para um gestor especializado.

Desta forma, você conta com um especialista no mercado financeiro investindo o seu dinheiro e não precisa se preocupar em acompanhar tudo que acontece em termos de notícias. Por outro lado, não participamos da escolha dos ativos e há um custo adicional (chamado de taxa de administração).

Por outro lado, não pense que os fundos de investimentos são uma bagunça completa. Muito pelo contrário: existem regras muito bem definidas sobre onde os gestores podem ou não alocar o capital dos seus cotistas.

Por esse motivo, antes de escolher um fundo de investimentos, você deve compreender qual é a sua classificação. Existem produtos de renda fixa, de ações, multimercados (que podem atuar em diversas classes de ativos ao mesmo tempo), juros, entre outros. E essa diferenciação se reflete no comportamento do seu patrimônio.

No gráfico abaixo, por exemplo, destacamos três tipos de fundos de investimentos de diferentes categorias: renda fixa (ARX Denali FIC FIRF CP), multimercado (Absolute Vertex Advisory FIC FIM) e ações (Alaska Institucional FIA).

Note como o comportamento das linhas é bem diferente conforme a classe dos ativos de cada fundo. Um fundo de ações, por exemplo, pode entregar uma performance muito acima da média (observe o desempenho do fundo da Alaska em janeiro de 2020 ou julho de 2021, por exemplo), mas também traz um risco bem elevado, inclusive de perdas.

Já um fundo mais seguro, como é o caso do ARX Denali, é mais tranquilo para o seu cotista. A linha raramente oscila para baixo, mas acaba com uma rentabilidade menor do que os ativos de maior risco.

Por fim, um fundo multimercado cumpre o seu papel de risco intermediário. Isto é, ele consegue entregar uma performance acima dos fundos mais conservadores, mas tem um risco controlado. No longo prazo, ele tende a performar pior do que um fundo de ações, por exemplo, mas sem tanta oscilação do seu capital.

Gostou desse formato para investir o seu dinheiro? Então aprenda conosco quais são as principais estratégias dos fundos de investimentos. Ou aproveite para baixar gratuitamente o nosso Guia Básico de Fundos de Investimentos.

Fundos imobiliários

Outra classe de ativos que você precisa conhecer são os fundos imobiliários (FIIs). Eles possuem o mesmo formato dos fundos de investimentos que acabamos de apresentar, mas trabalham apenas com ativos atrelados ao mercado imobiliário. Desta forma, podemos dividir em dois tipos de estratégias:

Fundos de tijolos: são fundos que possuem imóveis em seu portfólio, gerando receitas aos cotistas majoritariamente pela cobrança de aluguel dos espaços. Os imóveis podem ser shoppings, escritórios, galpões logísticos, agências bancárias, entre outros.

Fundos de papel: ao contrário do primeiro grupo, não possuem imóveis físicos, mas sim papéis imobiliários — como LCI e CRI, que vimos no tópico de renda fixa.

Além disso, também diferentemente dos fundos tradicionais, os FIIs possuem suas cotas negociadas na bolsa de valores. Por outro lado, distribuem mensalmente 95% do lucro aos seus investidores. Ou seja, temos uma característica mista entre a renda fixa (com rendimentos mensais) e a renda variável (com a oscilação do preço das cotas).

Essa percepção fica mais clara no gráfico abaixo, onde temos o desempenho das cotas de dois fundos imobiliários — o HSML11 (shopping center) e o HGRU11 (varejo). Note como os ativos possuem um comportamento de renda variável, inclusive com a possibilidade de retorno negativo.

Quer saber mais sobre os fundos imobiliários? Então baixe agora o nosso Guia Básico de FIIs. Aproveite: é gratuito!

Mercado de ações

Por fim, ainda temos que falar sobre o mercado de ações. Aqui, nós temos a renda variável tradicional. É o ambiente no qual as empresas abrem seu capital para os investidores, permitindo que sejamos pequenos sócios dos maiores negócios do Brasil.

Após abrir seu capital em um processo conhecido como IPO (Oferta Pública Inicial), uma companhia terá suas ações negociadas livremente pelos investidores — os quais, por sua vez, podem comprar e vender os papéis na bolsa, que é chamada tecnicamente de "mercado secundário".

O desempenho das ações, entretanto, depende dos resultados da própria empresa. Quanto melhores os seus números, afinal, mais ela deve valer. Consequentemente, vai gerar uma valorização dos papéis. E vice-versa. Esse é justamente o conceito da renda variável: os preços vão refletir os resultados das companhias.

No gráfico abaixo, retirado da nossa ferramenta de comparação de ativos, você pode conferir o desempenho histórico de três ações: Itaú Unibanco (ITUB3), Energias do Brasil (ENBR3) e Vale (VALE3). Para efeitos de entendimento da renda variável, deixamos também o CDI, que é um indexador de renda fixa.

Observe como as ações sobem e descem de preço a todo instante. Isso é o que chamamos de volatilidade da renda variável. Para investir nessa classe de ativos, é essencial lidar com a oscilação patrimonial. Por outro lado, o retorno financeiro desses ativos, no longo prazo, tendem a ser bem maior do que títulos conservadores de renda fixa (aqui representados pelo CDI).

Investir na bolsa de valores não precisa ser um desafio. Aprenda tudo que você precisa saber para escolher boas empresas no nosso curso Descomplicando a Bolsa de Valores.

Por onde eu posso investir?

Existem, em suma, duas plataformas mais conhecidas que permitem os nossos investimentos nos ativos que aprendemos ao longo deste guia.

A primeira (e mais conhecida) opção são os próprios bancos tradicionais — como Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, entre outros. O problema é que, de uma forma geral, os produtos oferecidos possuem menor variedade (eles acabam privilegiando os próprios fundos) e possuem custos elevados.

Neste caso, a melhor alternativa é usar de uma corretora de valores. Elas funcionam como um "mercado de investimentos", oferecendo produtos de diversas instituições (algo que inclui os próprios bancos tradicionais). Assim, você tem melhores produtos e pode comparar os seus custos, encontrando soluções mais atrativas para os seus objetivos financeiros.

Caso queira entender com mais detalhes as principais diferenças entre investir por um banco ou por uma corretora, recomendamos a leitura do nosso comparativo completo.

Quais são os riscos dos investimentos?

Não existe investimento sem riscos. Mesmo aqueles considerados como mais seguros oferecem algum ponto de atenção. E isso não deve te assustar, mas sim ser um motivo para entender o que existe por trás daquele número apresentado como rentabilidade.

Para dar os primeiros passos, você precisa compreender três tipos de principais riscos dos investimentos. São eles:

Risco de crédito: consiste na chance do pagamento do seu investimento não ser realizado em data acordada — o popular "calote". É mais presente na renda fixa, considerando que os títulos possuem data de vencimento.

Risco de liquidez: como já aprendemos ao longo deste guia, refere-se ao risco de não conseguir resgatar um investimento. Muitos fundos de ações, por exemplo, pedem um prazo de 30 dias para devolver o dinheiro ao seu cotista. E, após realizar o saque, você acaba exposto às oscilações do mercado até lá.

Risco de mercado: representa os efeitos das condições econômicas. Ao investir em um título prefixado com taxa de 8% ao ano, por exemplo, existe a chance das taxas de juros superarem esse percentual (9% ou 10%). Neste caso, assumimos o risco de mercado ao aportar no ativo com a taxa acordada inicialmente. Ou então você comprar ações e notícias negativas surgirem, desvalorizando o preço daquela companhia.

Existem muitos outros tipos de riscos que também devemos estar atentos como risco de oportunidade, risco legal, risco operacional, etc. No entanto, para começar a avaliar os seus ativos, esses três já podem ser considerados um bom ponto de partida.

Os erros que você não pode cometer ao investir

Por fim, para encerrar o nosso guia, vamos deixar aqui algumas dicas rápidas para contribuir com os seus primeiros passos como investidor. A seguir, você encontrará alguns erros comuns de iniciantes que devem ser evitados para não prejudicar a sua estratégia. Vamos lá!

Pegar um empréstimo para investir

Em alguns momentos, podem surgir ótimas oportunidades de investimento. Isso, em alguns casos, pode te levar a querer aportar mais dinheiro do que tem disponível e cogitar um empréstimo. De maneira alguma recomendamos essa prática. Na realidade, ela pode ser altamente prejudicial.

Não se esqueça de que os empréstimos contém juros. Ou seja, você estaria invertendo o benefício dos juros compostos e ainda correndo um sério risco de endividamento.

Investir é uma maratona e não uma corrida de 100 metros. Tenha paciência em situações como essa e saiba que as oportunidades sempre vão e voltam no mercado financeiro.

Ignorar a reserva de emergência

Quando estamos aprendendo a investir, é bem comum que a pressa de montar uma boa carteira seja maior do que a calma para começar pela reserva de emergência. Esse é outro erro que você não pode cometer.

Ao ignorar a reserva de emergência, você pode ser pego desprevenido e se ver obrigado a vender bons ativos no desespero. Em algumas estratégias, como no mercado de ações, essa prática será muito ruim, exigindo a venda a qualquer preço. Se você tiver uma reserva financeira para eventualidades, essa situação não vai aparecer.

Olhar apenas a rentabilidade

Como aprendemos neste guia, todos os investimentos possuem riscos. E é justamente isso que acaba explicando o rendimento de cada um deles. Não faz sentido escolher um fundo porque ele foi o que mais rendeu nos últimos doze meses sem antes entender o porquê desse resultado.

Ao investir com foco apenas no lucro dos produtos, você corre o risco de entrar em ativos que já perderam o seu potencial de valorização ou, o que é ainda pior, expor o seu dinheiro a riscos maiores do que está disposto a assumir para o seu patrimônio.

Quer começar a investir? Comece aprendendo conosco 7 fatores que você precisa analisar antes de comprar qualquer ativo.

Investir em "modinhas"

Hoje em dia, é muito fácil encontrar conteúdo gratuito na internet, não é mesmo? No entanto, tome cuidado ao seguir dicas do TikTok ou do YouTube. Nem sempre o produtor de conteúdo especifica quais são os motivos daquele investimento.

O que acontece em muitos casos é que os investidores aceitam aquela recomendação e copiam a sugestão. No entanto, quando o ativo começa a apresentar uma performance negativa, eles acabam ficando cegos sobre o que fazer em relação ao investimento.

Tente evitar o "efeito manada" e seguir fazendo o mesmo que outros investidores. É muito importante compreender os motivos pelos quais você opta por um aporte justamente para saber o que fazer no futuro, dependendo do próprio desempenho do ativo.

Quer seguir aprendendo a investir no mercado financeiro?

Ufa! Chegamos ao final do nosso guia básico de investimentos. Esperamos que ele possa contribuir com a sua jornada como investidor, assim como os demais materiais complementares que destacamos ao longo deste conteúdo.

E você pode seguir aprendendo conosco para acelerar os estudos sobre o mercado financeiro. Aproveite para conhecer todos os nossos cursos online, onde conseguimos trazer uma maior profundidade dos temas que tratamos hoje. Aproveite!

Sobre o autor
Stéfano BozzaFormado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.