Fundos de Investimentos

Grandes bancos reúnem fundos de investimento com mais cotistas, mas rendimento deixa a desejar; confira

Por comodismo, investidor pode estar deixando de obter um retorno mais atraente

Data de publicação:23/12/2021 às 07:00 - Atualizado 2 anos atrás
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Um quesito na indústria de fundos de investimento em que os grandes bancos, os chamados bancões, são imbatíveis é o de número de cotistas. Na classe fundos de renda fixa, o que reúne maior número de investidores é o BB RF Mais Automático Simples FIC FI, do Banco do Brasil, com 1.128.716 cotistas, seguido pelo FI Caixa Simples RF LP, da Caixa Econômica Federal, com 632.269 cotistas. Os dados são de levantamento exclusivo da Mais Retorno.

O número de participantes é menor em outros fundos, como os de ações e multimercados, mas a supremacia em quantidade de cotistas permanece com os bancões. No de ações, o Bradesco FIC FIA lidera com 819.123 cotistas. Em segundo, no ranking de participantes dessa classe de fundos, está o Itaú Ações Blue FIC FI, com 686.466 investidores.

Capilaridade das redes ajuda grandes bancos a ter os fundos de investimento com mais cotitstas - Foto: Arquivo

O líder em número de cotistas, na classe dos fundos multimercado, é o Carteira Itaú Investimento FIC FIM, com 183.562 participantes, vindo em segundo o BB Multimercado LP Juros Moedas FIC FI, com 136.562 cotistas.

Por que fundos de investimento de grandes bancos atraem mais cotistas

Um dos fatores que explicam o fato de os grandes bancos apresentarem os fundos de investimento com mais cotistas é a ampla capilaridade da rede, com a distribuição de agências pelo País inteiro. Não é incomum que sejam as únicas do local, sem a concorrência das demais, o que deixa o cliente/investidor sem escolha.

São instituições financeiras que têm também uma relação mais estreita e de longa data com o cliente e o gerente um poder de persuasão e convencimento muito forte sobre o investidor. Mais que a busca de opções mais atraentes ou rentáveis de investimento, um cafezinho com o gerente define, em geral sem questionamento, a decisão do investidor.

O fator comodismo também está entre os que levam investidores a deixar dinheiro em fundos atrelados à conta corrente, geralmente onde é depositado o salário.

Outro fator que limita o leque de escolha é a falta de informações sobre finanças e desinteresse ou desconhecimento da existência ou do papel de plataformas de digitais investimento como provedoras de opções bem mais rentáveis que os produtos tradicionais oferecidos pelos bancões.

Seja por desconhecimento, seja por comodismo, o investidor deixa de ganhar o que é oferecido por opções mais rentáveis. No ranking dos fundos de renda fixa mais rentáveis em 2021, o rendimento ficou entre 8,16% (ARX Vinson) e 10,97% (Infinity Tiger Alocação Dinâmica). No ano, a rentabilidade chega a 20,12% (também do Infinity Tiger).

Fundos
Renda Fixa
Nº cotistasRend. 2021Rend. 12 mesesRend. novembro
BB RF MAIS AUTOM SIMPLES1.128.716 1,94% 1,95% 0,45%
FI CAIXA SIMPLES 632.269 2,43% 2,61% 0,48%
Fundos de Ações
BRADESCO FIC FIA 819.123-19,78% -12,345% -3,34%
ITAÚ AÇÕES BLUE 686.466-15,98% -9,61% -1,11%
Fundos Multimercado
CARTEIRA ITAÚ INV. FIC FIM 183.562 -1,91% 1,24% -0,01%
BB MULTIM. LP JUROS MOEDAS 136.442 3,61% 3,94% 0,69%
Fonte: Mais Retorno

Fundos de renda fixa na liderança

O mercado de investimentos assiste a uma migração de recursos da renda variável, de fundos multimercado e de ações, para o de renda fixa, principalmente fundos de renda fixa. Um movimento que ganha força à medida que o Banco Central eleva a Selic, que está em 9,25% ao ano, mas pode chegar a 11,50% ou pouco mais nos primeiros meses de 2022, de acordo com as estimativas de analistas e economistas do mercado.

A atratividade da renda fixa aumenta à medida que a Selic fica mais elevada. Os dados do levantamento dos fundos de renda fixa da Mais Retorno nos três períodos – mês, ano e em 12 meses – não reflete integralmente ainda esse movimento. No estudo foram considerados fundos em operação há pelo menos um ano, com patrimônio a partir de R$ 17 milhões, com um mínimo de 60 cotistas e abertos ao público em geral.

Rendimento negativo nos fundos de ações campeões de cotista

Os dois fundos de ações com mais cotistas estão com desempenho negativo em todos os períodos, reflexo da queda da bolsa de valores, a B3.

O Bradesco FIC FIA, o de maior quantidade de cotistas, teve rentabilidade negativa de 3,34% em novembro, 19,78% no ano e 12,34% em 12 meses. O Itaú Ações Blue FIC FI, o segundo em cotistas, recuou 1,11% em novembro, 15,98% no ano e 9,61% em 12 meses. O Ibovespa, índice de referência da B3 e benchmark desses fundos, recuou 1,53% em novembro, 14,37% no ano e 6,40% em 12 meses.

Na classe dos fundos multimercado, o Carteira Itaú Investimento FIC FIM, o de maior número de cotistas, recuou 0,01% em novembro, 1,91% no ano, mas acumula rendimento de 1,24% em 12 meses. O BB Mutimercado LP Juros Moedas FIC FI performou positivamente em todos os períodos: rendeu 0,69% em novembro,3,61% no ano e 3,94% em 12 meses.

Conheça mais sobre os fundos nas três classes

BB RF Mais Automático Simples: fundo aplica em cotas de fundos que investem no mínimo 95% dos recursos em títulos públicos federais. Valor de aplicação inicial, aplicação adicional, resgate e saldo mínimo: R$ 0,01. Taxa de administração: 1,75% ao ano; taxa de performance: não há.

FI Caixa Simples: investe em títulos públicos federais com rendimento indexado à Selic. Valor de aplicação inicial, aplicação adicional, resgate e saldo mínimo: R$ 0,01. Taxa de administração: 1,70% ao ano.

Bradesco FIC FIA: fundo aplica no mínimo 95% dos recursos em cotas de fundos com gestão ativa no mercado de renda variável, em busca de rendimento acima do Ibovespa. Valor de aplicação inicial: R$ 500; aplicação adicional: R$ 100.

Carteira Itaú Investimento FIC FIM: Valor de aplicação mínimo: R$ 1; saldo mínimo de permanência: R$ 1; taxa de administração: 1,50% ao ano.

Itaú Ações Blue: fundo tem por objetivo obter retorno superior ao Ibovespa. Valor de aplicação inicial: R$ 200; aplicação adicional: R$ 100; resgate mínimo: R$ 100; valor mínimo de permanência: R$ 100; taxa de administração: 4% do patrimônio líquido ao ano; taxa de performance: não há.

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.