Expectativa para a inflação em 2023 recua após 19 altas seguidas, segundo Focus
Para este ano, a projeção para o indicador cedeu de 7,02% para 6,82%
O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 22, pelo Banco Central, apontou interrupção no processo de deterioração das expectativas inflacionárias para 2023, foco principal da política monetária - embora a estimativa ainda esteja acima do teto da meta (4,75%).
A mediana para o IPCA, índice oficial de inflação, cedeu de 5,38% para 5,33%, após 19 semanas de alta. Há um mês, a projeção era de 5,30%.
Para 2022, a mediana continuou sua trajetória de arrefecimento, guiada principalmente pelas medidas do governo para baixar os combustíveis e pelas recentes reduções nos preços da gasolina pela Petrobras.
A estimativa cedeu de 7,02% para 6,82%, a oitava redução seguida, também bem acima do limite superior do objetivo a ser perseguido pelo Banco Central (5,00%). Há quatro semanas, a mediana era de 7,30%.
As medianas divulgadas na Focus desta semana continuam a apontar para três anos consecutivos de estouro da meta da inflação a ser perseguida pelo Banco Central, após o descumprimento já observado em 2021, com o IPCA de 10,06%.
O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.
Mostrando sinais de desancoragem mais ampla, a mediana para o IPCA de 2024 continuou em 3,41%, contra 3,30% há um mês. A previsão para 2025 permaneceu em 3,00%, porcentual igual ao de 58 semanas atrás. A meta para os dois anos é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%.
PIB de 2022 sobe de 2,00% para 2,02%
Com os últimos dados de atividade econômica, o mercado financeiro continuou melhorando os prognósticos para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano no Boletim Focus, mesmo que marginalmente.
A projeção para a alta do PIB em 2022 passou de 2,00% para 2,02%, oitava alta seguida, contra 1,93% há um mês. A estimativa para a expansão do PIB em 2023, por sua vez, piorou, de 0,41% para 0,39%, ante 0,49% um mês antes.
O Focus mostrou ainda manutenção na projeção para o crescimento da atividade econômica em 2024, em 1,80%. Para 2025, a mediana foi mantida em 2,00%. Quatro semanas atrás, as taxas eram de 1,70 % e 2,00%, respectivamente.
E também apontou redução na projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2022. A mediana passou de 59,15% para 59,00%, mesmo porcentual de um mês atrás.
Resultado primário e PIB
O documento trouxe ainda estabilidade na perspectiva para a relação entre o resultado primário e o PIB deste ano, com o mercado prevendo superávit de 0,30%. Há um mês, a mediana era positiva em 0,22%.
Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2022 continuou em 6,80%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Em relação a 2023, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB cedeu de 63,97% para 63,65%, de 63,60% há um mês. A mediana para o déficit primário se deteriorou, de 0,37% para 0,47% do PIB.
Para o rombo nominal, a estimativa continuou em 7,70%. Os porcentuais eram negativos em 0,30% e 7,70%, respectivamente, há quatro semanas.
Selic no fim de 2022 permanece em 13,75% ao ano
A projeção para a Selic, taxa básica de juros do País, no fim de 2022 continuou pela nona semana seguida em 13,75%, seu atual patamar, com a sinalização do Banco Central de que o ciclo de alta de juros pode ter se encerrado no Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto.
Há um mês, o porcentual já era de 13,75%. Da mesma forma, a mediana para a Selic no final de 2023 permaneceu em 11,00%, de 10,75% quatro semanas antes.
No Copom deste mês, a Selic subiu 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 13,75%, e o colegiado disse que vai avaliar a necessidade de uma alta adicional, de 0,25pp, em setembro.
"O Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião. O Copom enfatiza que seguirá vigilante e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas"
Copom, em ata da reunião
Na ata, o BC acrescentou que avalia que a estratégia exigida para trazer a inflação para o "redor da meta" no horizonte relevante considera o aumento definido para 13,75% em agosto e a manutenção da taxa em território bastante contracionista por um período longo.
Conforme o Boletim Focus, a previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, mesmo porcentual de um mês atrás. Já a mediana para o fim de 2025 foi mantida em 7,50%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.
Câmbio para 2022 permanece em R$ 5,20
O documento do BC mostrou ainda a manutenção no cenário da moeda americana em 2022 e 2023 pela quarta semana seguida. A estimativa para o câmbio este ano continuou em R$ 5,20, mesmo valor de um mês antes.
Para 2023, também permaneceu em R$ 5,20, repetindo a estimativa de quatro semanas atrás. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020.
Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro. / com Agência Estado
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