Mercado Financeiro

Expectativa com a sinalização do Fed para os juros nos EUA e divulgação do IPCA-15 vão ditar rumo do mercado

Prévia da inflação de janeiro, pelo IPCA-15, será divulgada logo pela manhã pelo IBGE

Data de publicação:26/01/2022 às 12:30 - Atualizado 2 anos atrás
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O principal evento no radar do mercado financeiro nesta quarta-feira, 26, está previsto para acontecer nos Estados Unidos. No meio da tarde, por volta de 16h (horário de Brasília), o Comitê de Mercado Aberto do Fed (Federal Reserve, banco   central americano) deve anunciar novidades na política monetária. Não está entre as medidas previstas pelo mercado uma elevação imediata dos juros nos EUA. Por enquanto, por lá, os futuros americanos ensaiam uma recuperação dos ganhos.

Não se espera alta imediata dos juros nos EUA, mas em março, mas política monetária mais agressiva preocupa o mercado - Foto: Envato

A expectativa é que o Fed anuncie uma aceleração do processo de redução de recompra de títulos, parte do programa de estímulos monetários adotado na crise da pandemia para estimular a economia que despeja US$ 30 bilhões por mês no sistema financeiro americano. A redução de compras estreitaria a liquidez, que seria um dos fatores de pressão sobre a inflação, que chegou ao nível mais elevado desde 1982.

A elevação da taxa de juros nos EUA, acreditam os especialistas, teria início em março, com a primeira rodada de uma série de outros aumentos ao longo do ano, anúncio esperado por especialistas também para esta quarta.

A elevação dos juros não seria propriamente surpresa, já que é amplamente esperada por investidores e gestores. O que poderia gerar uma reação negativa dos mercados seria o anúncio de uma política monetária mais agressiva que a prevista pelos analistas, com reajustes de maior calibre ou repetidos por mais vezes ao longo do ano.

É um contraste e tanto em relação aos dois últimos anos em que as taxas estiveram ancoradas em zero. Além disso, o ciclo de aperto monetário será acompanhado pelo aumento da velocidade da retirada de estímulos da economia, o chamado tapering.

Segundo Filipe Teixeira, sócio da Wisir Research, a mesma injeção responsável por inflar a chamada bolha de liquidez, caminha agora para traçar a estrada contrária.

O cenário geopolítico também preocupa. Nos últimos dias, os EUA e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) vêm se mobilizando para um eventual conflito entre Ucrânia e Rússia. Líderes ucranianos, porém, não acreditam que uma invasão russa seja iminente.

Futuros/bolsas americanas

  • S&P 500: + 1,41%
  • Dow Jones:+ 1,01%
  • Nasdaq 100: + 1,92% (dados atualizados às 7h51)

Inflação no Brasil logo pela manhã e Bolsa na véspera

Antes das medidas sobre política monetária que o Fed deve anunciar à tarde, o IBGE divulga logo pela manhã a inflação de janeiro calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15). É apenas uma prévia, mas o índice medido entre meados de dezembro e de janeiro dará uma ideia de como anda a inflação corrente nesta virada de ano.

A expectativa com as decisões do Fed não deprimiu o mercado doméstico de ações, ao contrário do que ocorreu com as bolsas americanas. A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, encerrou o pregão desta terça-feira com valorização de 2,10%, em 110.204 pontos. Das 93 ações que compõe a cesta de ativos do Ibovespa, somente 10 fecharam o dia no negativo.

A sustentação veio, mais uma vez, da valorização das ações de empresas exportadoras de commodities, principalmente de Petrobras, beneficiada com a contínua valorização do barril de petróleo no mercado internacional.

A tensão geopolítica entre Ucrânia e Rússia, vista com temor pelo mercado global, tem puxado o preço do petróleo, com demanda aquecida, por causa de incertezas com o fornecimento de gás natural produzido na Rússia cujo fluxo segue para os países consumidores da Europa pelos gasodutos que atravessam a Ucrânia.

As bolsas americanas refletiram mais uma vez as preocupações dos investidores com as decisões do Fed nesta quarta-feira. O índice Dow Jones fechou com queda de 0,2%, em 34.296 pontos, e o S&P 500 recuou 1,22%, para 4.356 pontos.

A bolsa americana que mais sofreu foi de novo a que negocia ações de empresas de tecnologia, as mais impactadas pela perspectiva de elevação dos juros, o que provocaria alta do custo de capital, com reflexos negativos no lucro e no valor de mercado dessas companhias. O índice Nasdaq caiu 2,28%, para 13.539 pontos.

Brasil na OCDE e arrecadação de tributos recorde

No dia anterior, o governo federal confirmou que o Brasil recebeu uma carta-convite do conselho da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que dá o pontapé inicial ao processo de adesão do País ao grupo, o que ajudou a elevar o tom otimista da véspera.

Composta atualmente por 38 países membros, a entidade fundada em 1961 trabalha para estimular o progresso econômico e o comércio mundial de seus países. O pleito do Brasil para fazer parte da organização não é de hoje, vem sendo tentada desde o governo Temer.

Segundo analistas, fazer parte desse seleto grupo serve como um selo importante para atrair investimentos para o País. Agora o Brasil tem até 2025 para se adequar às normas exigidas pela organização.

Outra notícia que trouxe alento para o mercado foi que a arrecadação de tributos e impostos bateu recorde histórico em 2021, com R$ 1,878 trilhão, melhor resultado em 21 anos, segundo a Receita Federal. O avanço mostra sinais de recuperação econômica do Brasil.

Bolsas europeias em alta

Confira as principais praças financeiras da Europa

  • Stoxx 600 (Europa): + 1,88%
  • FTSE 100 (Londres): + 2,13¨%
  • DAX (Frankfurt): + 1,68%
  • CAC 40 (Paris): + 2,08% (dados atualizados às 7h50)

Bolsas asiáticas fecham mistas

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta quarta-feira, com vários investidores se mantendo às margens dos negócios à espera da decisão de política monetária do Fed. Tensões geopolíticas envolvendo Ucrânia e Rússia também seguem no radar. / com Júlia Zillig e Agência Estado

Fechamento/bolsas asiáticas

  • Nikkei (Japão): - 0,44% (27.011 pontos)
  • Kospi (Seul): - 0,41% (2.709 pontos)
  • Taiex (Taiwan): - 0,15% (17.674 pontos)
  • Hang Seng (Hong Kong): + 0,19% (24.289 pontos)
  • Xangai Composto (China continental): + 0,66% (3.455 pontos)
  • Shenzhen Composto (China continental): + 0,70% (2.329 pontos)
  • S&P/ASX 200 (Sydnei): fechada por conta de feriado nacional
Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.