Bolsa sobe 2,10% e alcança 110 mil pontos, maior nível desde outubro, com Petrobras e bancos; dólar cai a R$ 5,44
Bolsa brasileira descola das bolsas internacionais e chega aos 110 mil pontos
Descolando do exterior, a Bolsa de Valores voltou a fechar em alta nesta terça-feira, 23, e registrou avanço de 2,10%, aos 110.204 pontos, nível mais alto desde 15 de outubro. A valorização do Ibovespa neste pregão foi puxada, sobretudo, pelas ações da Petrobras, que se beneficiaram da alta do petróleo nos mercados internacionais e subiram 3,26%, e pelos bancões, a principal porta de entrada do investidor estrangeiro para a Bolsa brasileira, devido a liquidez de seus papéis.
Já o dólar voltou a cair e fechou com variação negativa de 0,79%, cotado a R$ 5,44. Com a valorização do barril de petróleo, empresas exportadoras da commodity ganham destaque entre os investidores, que destinam um maior fluxo de capital para comprar tais papéis. Dessa forma, o dólar com maior oferta se desvaloriza frente à moeda de origem das empresas, no caso, o real.
Embora o dia tenha sido positivo para o mercado brasileiro, permanece no radar dos investidores, tanto aqui quanto lá fora, a cautela em relação a duas principais questões: a reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que acontece amanhã, e os conflitos geopolíticos entre a Rússia e a Ucrânia, que podem afetar os preços do petróleo, uma vez que a região possui grandes reservas da commodity.
O dia na Bolsa
Maiores altas da Bolsa
Empresa | Código | Variação |
Qualicorp | QUAL3 | +7,52% |
Locaweb | LWSA3 | +6,44% |
Cielo | CIEL3 | +6,34% |
Santander | SANB11 | +6,25% |
JHSF | JHSF3 | +6,20% |
Maiores baixas da Bolsa
Empresa | Código | Variação |
Suzano | SUZB3 | -2,59% |
CSN | CSNA3 | -2,04% |
Alpagartas | ALPA4 | -1,60% |
Gerdau | GGBR4 | -1,47% |
BRF | BRFS3 | -0,90% |
Estados Unidos: política monetária
Nos Estados Unidos, os mercados seguem cautelosos aguardando a reunião do Fed nesta quarta-feira. A expectativa é que o banco anuncie uma redução mais significativa dos estímulos econômicos, adotados durante a pandemia, e sinalizem uma alta na taxa de juros americana a acontecer na próxima reunião, marcada para março. Tais medidas têm como objetivo controlar a inflação no país, que já é a maior em décadas.
A elevação na taxa de juros eleva os rendimentos das Treasuries, títulos públicos americanos (considerados os mais seguros do mundo). Com isso, especialistas explicam que a tendência é que os investidores optem por alocar seus recursos nesses títulos, principalmente em um momento de instabilidade política entre a Rússia e a Ucrânia. Assim, o dinheiro sai dos ativos de risco, prejudicando os mercados acionários.
Dentre as ações que mais sofrem com o aumento dos juros estão aquelas consideradas de "crescimento", originárias principalmente do setor de tecnologia. Por ter seu valor atrelado ao longo prazo, esses papéis são bastante afetados por um cenário com perspectivas de taxas altas.
Fechamento dos principais índices americanos
- Dow Jones: baixa de 0,19%
- S&P 500: baixa de 1,22%
- Nasdaq 100: baixa de 2,48%
Crise geopolítica entre Ucrânia e Rússia
A tensão dos investidores ganha ainda mais tempero com a crise militar entre a Rússia e a Ucrânia. A ex-URSS aumentou a sua tropa na fronteira com a Ucrânia, o que causou um temor global de que a Rússia invadiria o país. Com isso, outras regiões começaram a pedir o retorno dos seus profissionais que trabalham no consulado da Ucrânia para seus países de origem, com receio de que ficassem presos caso houvesse uma invasão russa.
Um dos grandes motivos de apreensão do mercado é que uma possível invasão aumentaria a temperatura nas relações entre a Rússia e a Ucrânia, além de gerar um desarranjo no mercado de energia. A Rússia é grande produtora de gás, que é escoado para a Europa por meio de gasodutos que atravessam a Ucrânia. Uma crise de desabastecimento tenderia a aumentar a procura pelo petróleo, pressionando os preços do barril, já em contínua alta.
Uma escalada na cotação do petróleo pode jogar mais lenha no processo inflacionário global, reacendendo as expectativas sobre uma possível elevação dos juros em uma economia que enfrenta um cenário de incertezas com a disseminação da pandemia causada pela variante ômicron.