Mercado deve seguir atento à alta do petróleo nesta quarta-feira
Conflito geopolítico entre Rússia e Ucrânia pode pressionar ainda mais a inflação mundial
O cenário internacional menos favorável, com a perspectiva de escalada da inflação global e o aumento da tensão geopolítica provocada pela crise entre Rússia e Ucrânia, está sendo monitorado com redobrada atenção pelo mercado financeiro nesta quarta-feira, 19. Lá fora, os futuros americanos sobem, as bolsas europeias seguem mistas e na Ásia o pregão fechou em baixa.
Investidores e gestores não disfarçam certo mal-estar também com outro risco que rondam os mercados, a possibilidade de uma elevação mais forte dos juros americanos para conter a inflação.
Desempenhos pontuais de alguns papeis, como a alta das ações ligadas a commodities, como mineradoras e siderúrgicas, contudo, asseguraram fechamento positivo da Bolsa de Valores de São Paulo, no dia anterior, descolada do tombo das bolsas dos Estados Unidos. A B3 encerrou o pregão com valorização de 0,28%, em 106.668 pontos, apesar da forte queda das bolsas americanas.
Em Nova York, o índice Dow Jones recuou 1,51%, para 35.369 pontos; o S&P 500 caiu 1,83%, para 4.557 pontos; e o índice Nasdaq, da bolsa de tecnologia, teve baixa de 2,6%, para 14.506 pontos.
Mercado segue de olho nos juros americanos e nos Treasuries
Os investidores, tanto locais como os americanos, estão alertas com o movimento dos juros americanos. A primeira elevação dos juros de curto prazo dos Fed funds, semelhante à Selic brasileira, é esperada para a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de março.
Dois fatores, contudo, têm incomodado os investidores. O primeiro são os rumores de que, com a inflação em alta mais acentuada, o Fed poderia promover um aumento superior a 0,25 ponto porcentual prevista para a reunião de março.
Segundo especialistas, a questão com a qual os investidores mais se perguntam é se o Fed precisará apertar a política monetária para baixo ou se um abrandamento no crescimento econômico permitirá que o banco central seja menos agressivo em seu ajuste, o que pode refletir de forma negativa, tanto para ações cíclicas como nos ativos ligados à tecnologia.
Os investidores acompanham com atenção as taxas de juro dos Treasuries porque sua variação costumar influenciar o fluxo de recursos pelo sistema financeiro global. Um aumento de rentabilidade dos T-Bonds atrai recursos que zanzam pelos mercados, inclusive nos emergentes, para esses títulos, considerados os mais seguros do mundo, principalmente neste momento em que se agravam as incertezas globais.
Outra preocupação é a gradual, mas persistente elevação dos juros dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano de 10 anos, principal referência de taxas no mercado financeiro global. Parte dos analistas veem o movimento de juros do T-Bonds como uma confirmação do avanço que se espera para os juros curtos.
A valorização do dólar, que subiu 0,96%, para R$ 5,57, no dia anterior, teria refletido o aumento de aversão ao risco diante do cenário de inflação e juros em alta pelo mundo. Situações que pressionam a cotação do dólar, seja pela compra direta de moeda americana, considerada uma reserva segura de valor, seja pela migração para os títulos do Tesouro americano em que o processo exige a conversão de moedas locais para o dólar.
Futuros/bolsas de Nova York
- S&P 500: + 0,16%
- Dow Jones: +0,13%
- Nasdaq 100: + 0,24% (dados atualizados às 7h41)
Na Europa, as principais praças financeiras operam mistas
Na zona do euro, as bolsas operam mistas, com os investidores repercutindo os novos dados econômicos referentes à inflação em alguns países do bloco, além do avanço da ômicron pelo continente.
De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS), o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglÊs) do Reino Unido subiu 5,4% em dezembro de 2021 ante igual mês do ano anterior, cujo indicador contabilizou 5,1%.
O resultado mensal - o mais alto desde janeiro de 1997 - superou a expectativa dos analistas, que previam ganho de 5,2%, e afastou ainda mais a inflação britânica da meta do Banco da Inglaterra (BoE), de 2%.
Na Alemanha, o CPI atingiu 5,3% em dezembro do ano passado, ante 5,2% registrado no mês anterior, segundo dados publicados pela Destatis, agência de estatísticas do país. O indicador veio em linha com a expectativa dos especialistas e confirmaram estimativas preliminares.
Em 2021, a inflação alemã teve alta média de 3,1% ante 2020, considerada a maior desde 1993.
Principais indicadores/bolsas europeias
- Stoxx 600 (Europa): - 0,01%
- FTSE 100 (Londres): + 0,15%
- DAX (Frankfurt): + 0,16%
- CAC 40 (Paris): + 0,60% (dados atualizados às 7h35)
Bolsas asiáticas fecham em baixa com EUA
Na Ásia, as principais bolsas fecharam majoritariamente em baixa nesta quarta-feira, acompanhando a fraqueza dos mercados acionários de Nova York.
O predomínio do mau humor na região asiática veio após as bolsas de Nova York sofrerem fortes perdas na véspera, à medida que os rendimentos dos Treasuries atingiram máximas em dois anos com expectativas de que o Fed terá de elevar seus juros básicos três ou mais vezes este ano para controlar a inflação doméstica, que continua persistentemente alta. / com Júlia Zillig e Agência Estado
Fechamento/bolsas asiáticas
- Nikkei (Tóquio): - 2,80% (27.467 pontos)
- Kospi (Seul): - 0,77% (2.842 pontos)
- Xangai Composto (China Continental): - 0,33% (3.558 pontos)
- Shenzen Composto (China Continental): - 0,92% (2.442 pontos)
- Hang Seng (Hong Kong): + 0,06% (24.127 pontos)
- S&P/ASX 200 (Sydnei): - 1,03% (7.332 pontos)