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Economia

Entre o mundo real e o virtual fica o”Meta Street”: o que está em jogo?

Em economia com juros altos e crescimento menor, investimentos estão em tecnologia

Data de publicação:02/02/2022 às 00:30 -
Atualizado 2 anos atrás
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Ao longo do ano de 2020, era notória a discussão sobre dois mundos, bastante distintos entre si:

  • “Wall Street” – o mercado financeiro, que se beneficiou das medidas de estímulo em larga escala que valorizaram ainda mais os ativos;
  • “Main Street” – a economia real, com pessoas sem trabalho e estabelecimentos fechados.

Entretanto, com a sinalização de que as taxas de juros nos EUA subirão, endereçando boa parte dos excessos vistos nos dois últimos anos, o foco tende a se deslocar para as diferenças entre o mundo real e o mundo virtual (“Meta Street”).

meta street

Mundo real

A inflação alta se tornou o principal tema global e manter a estabilidade de preços é a função de todo banco central realmente independente. Para alcançar o seu objetivo, conta com um único instrumento, a política monetária.

Nos processos em que ela é mais restritiva, os juros de longo prazo sobem e os ativos financeiros se ajustam ao aperto. Os efeitos na economia real, por outro lado, levam mais tempo e são difíceis de se prever. Com governos, empresas e indivíduos bastante alavancados, a despedida do mundo de juros baixos não é tão simples.

Mais do que uma calibragem macroeconômica, é preciso pensar em um ajuste fino. Os juros mais altos combatem a inflação, mas eles não podem onerar excessivamente todos os agentes que de alguma forma dependem de crédito. 

A verdade é que o aumento de juros é uma via de mão dupla. Ao mesmo tempo em que eleva o custo de financiamento, reduz o valor dos ativos quando trazidos a valor presente.

Isso em um contexto ainda desconhecido, onde existe a dificuldade em se interpretar dados macroeconômicos.  De qualquer forma, sem tantos estímulos, pode-se visualizar uma economia global que cresce menos e que ainda sofre os impactos dos desarranjos causados pela pandemia.

Mundo virtual e o meta street

Perceber que as oportunidades estão em outro lugar foi o que fez a Microsoft pagar US$ 69 bilhões pela empresa de games Activision Blizzard. Afinal, não é todo ano que surge um evento de grandes proporções para que as empresas de tecnologia faturem com o planeta inteiro preso em casa.

Por mais que haja a preocupação com uma regulamentação excessiva no setor, é fato que ninguém quer ficar para trás. A Apple não quer ter o mesmo destino da Nokia, o que quer dizer que não poderá contar apenas com a linha de produtos que tem hoje.

Headsets e outros dispositivos aperfeiçoados, que literalmente insiram cada um em um mundo novo, criado a partir de chips de última geração, é o que garantirá que mais usuários queiram passar boa parte de suas vidas dentro dele.

Para empresas como a Microsoft, o intuito é se rentabilizar no universo em três dimensões (3D). Considerando o mundo dos games isoladamente, o mais popular deles (Fortnite) arregimentou 300 milhões de jogadores em apenas 4 anos.   

O apelo não poderia ser maior. Se eles podem assistir a shows ou até mesmo construir uma ilha, por que não conduzir atividades econômicas também?

Não se trata de apenas mais um nicho de mercado ou de se reviver a proposta do jogo Second Life. Apenas no ano passado, as cinco maiores empresas de internet investiram nada menos que US$ 149 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, valor superior ao orçamento de P&D do Departamento de Defesa dos EUA.  

Oportunidade no meta street

O fato do criador do Facebook ter abandonado a ideia de lançar a sua própria moeda, inicialmente chamada de Libra, não impede que outras circulem no mundo virtual. Afinal, as finanças descentralizadas (DeFi) permitem que se façam pagamentos e outras operações financeiras de forma segura e a um custo muito baixo.

Por conta disso, não é de se espantar que muitas empresas estejam olhando mais atentamente para o mundo dos games. Enquanto algumas buscam o “share of mind”, outras estão em uma fase mais avançada, vendendo seus produtos como ativos digitais (NFTs).

A negociação desses ativos não se limita às marcas já estabelecidas. Qualquer um pode criar as suas próprias coleções de NFTs e comercializá-las, o que por si só traz novos negócios. 

Ressalvas

Nada indica que o processo será sem solavancos, a começar pela própria tecnologia do blockchain, que depende de computadores parrudos resolvendo problemas matemáticos para validar as transações. Conforme mais usuários fazem uso dela, maior o custo e o tempo necessários para processá-las.

Por enquanto, um ganho de escala implica em abrir mão da segurança ou da sua natureza descentralizada.  Ainda não existe um padrão mundialmente aceito, mas acredita-se que, por ter o seu código aberto, permitirá que adote aperfeiçoamentos no futuro.

Uma outra ressalva reside no próprio trânsito entre os dois mundos (virtual e o real).  No caso de produtos, o desafio de se criar um processo onde o cliente compra no mundo virtual e recebe rapidamente na sua casa. Já para os meios de pagamento, a criação de uma stablecoin

Ao que tudo indica, ela só poderá ser emitida por instituições financeiras reguladas. Assim sendo, o foco voltaria novamente para “Wall Street”.

Conclusão

As grandes empresas de tecnologia vivem uma realidade com poucas restrições.

Com a internet em duas dimensões, criaram e rentabilizaram as redes sociais, oferecendo uma ampla gama de serviços. Agora, partem para conquistar uma geração mais nova, que se diverte ao mesmo tempo em que consome, dentro de um ambiente virtual rico em recursos tecnológicos.

Na bagagem, o sucesso junto a 2,8 bilhões de pessoas que gastam US$ 200 bilhões em um único ano no mercado de games. Além disso, o entendimento por parte dos órgãos reguladores de que é melhor acompanhar qualquer grande iniciativa desde o início do que ter que desmantelá-la depois.

Em uma economia global com juros mais altos e um crescimento menor, as empresas do “Meta Street” estão investindo fortunas para que não caiam no esquecimento. Independentemente do jogo que estão jogando, a verdade é que a tecnologia sempre foi indutora da produtividade e de lucros, algo que indiscutivelmente traz benefícios, sejam eles reais ou virtuais.

Sobre o autor
Nohad Harati
Possui MBA em Finanças e LLM em Direito do Mercado Financeiro (ambos pelo Insper/SP). É gestora de uma carteira proprietária, além de ser responsável por um Family Office.

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