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Selic
Mercado Financeiro

Em dia de decisão da nova Selic, inflação acelerada aumenta tensão no mercado

Prévia do IPCA de outubro mais alta que a prevista leva mercado a esperar endurecimento da política monetária

Data de publicação:27/10/2021 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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O mercado financeiro chega nesta quarta-feira, 27, dia de decisão sobre a nova taxa básica de juros, a Selic, com renovada preocupação com a inflação e os juros. Um sentimento de desconforto que pôs fim à trégua ensaiada pelos mercados na segunda-feira, 25, quando a Bolsa de Valores sustentou forte valorização e o dólar recuou.

A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou o pregão de ontem com desvalorização de 2,11%, aos 106.419,53 pontos. A queda praticamente anulou a alta de 2,28% do dia anterior. O dólar foi cotado a R$ 5,57, com valorização de 0,32%.

banco central
Em dia de decisão da nova Selic, temor do mercado é ter ajuste mais acentuado da Selic - Foto: Agência Brasil

Investidores e gestores de mercado, que já vinham preocupados com a escalada da inflação, foram surpreendidos negativamente por um Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) acima do esperado pelos analistas. Dados divulgados pelo IBGE pela manhã apontaram que o IPCA-15 de outubro, considerado prévia da inflação, cravou 1,20%, o mais elevado para o mês desde 1995, ano seguinte ao da criação do real.

O dado acima das expectativas azedou o humor do mercado, que já amanhecera incomodado com o impacto do novo reajuste nos preços dos combustíveis sobre a inflação. O IPCA-15 veio reforçar o pessimismo do mercado, que assistiu às novas revisões das projeções para a inflação e a Selic neste e no próximo ano.

A deterioração de expectativas reforçou as apostas por uma elevação de 1,50 ponto porcentual na Selic, que subiria de 6,25% ao ano, do momento, para 7,75%. A decisão será tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e anunciada no início da noite desta quarta-feira, após o fechamento dos negócios no mercado financeiro.

O debate em torno da lei do teto de gastos, que pode passar por alteração para acomodar o Auxílio Brasil e trouxe à tona o temor de investidores com o risco fiscal, chega a novo capítulo nesta quarta-feira.  O presidente da Câmara, Arthur Lira, prevê para hoje o início da votação da PEC dos Precatórios, que prevê o pagamento parcelado de dívidas judiciais e um ajuste no teto de gastos para bancar o novo programa social do governo.

A PEC precisa ser aprovada pela Câmara para seguir para votação no Senado. Apenas depois de aprovação da proposta de emenda constitucional pelas duas Casas e sancionada pelo presidente é que o novo programa social do governo, entre eles o Auxílio Brasil de R$ 400, será colocado em prática.

Segundo o presidente da Casa, Arthur Lira, há "questões legais de adequação de texto" para serem discutidas ainda com as bancadas. O governo já admite nos bastidores que a votação ficou para esta quarta-feira para "clarificar" partes do texto que têm gerado dúvida entre parlamentares.

Mais sobre o Auxílio Brasil

Sobre o Auxílio Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, deu a indicação de que o Auxílio Brasil com valor maior pode se tornar uma política permanente. Sem citar cifras específicas, ele disse que, quando o Senado Federal aprovar a taxação de dividendos de empresas distribuídos à pessoa física, incluída na reforma do Imposto de Renda, o programa permanente terá uma fonte de recursos, se não para 2022, para 2023.

"A qualquer momento que o Senado aprovar ou apreciar ou modificar o texto do Imposto de Renda, mantendo (a taxação de) dividendos, que é importante, o programa pode ser criado, se não para 2022, para 2023", afirmou o parlamentar.

A declaração de Lira vem no momento em que a expectativa de economistas e de integrantes do próprio governo é de que, mesmo com um valor temporário para fazer o Auxílio Brasil chegar ao piso de R$ 400 por família até dezembro de 2022, será difícil cortar o benefício a partir de 2023, o que na prática converte essa despesa em algo permanente. A situação é vista como uma "armadilha" a ser desarmada pelo próximo presidente da República.

O governo precisou construir uma solução temporária porque não teria fonte de financiamento para compensar um aumento permanente de despesas, como manda a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Essa fonte viria justamente da taxação de dividendos, cuja proposta emperrou no Senado.

No dia anterior, o presidente da Câmara afirmou que isso inviabilizou que o programa fosse criado dentro do teto de gastos. No entanto, a fonte de financiamento é uma regra fiscal diferente do limite de despesas, e mesmo o gasto temporário poderia ficar sob o teto.

Esse era inclusive o desenho almejado pela equipe econômica, com pagamento médio total de R$ 300 mensais, mas isso foi rejeitado por Bolsonaro em uma decisão política. O presidente determinou que o valor chegasse a R$ 400, o que levou à flexibilização do teto.

Lira, que na semana passada já havia dito que não se pode "pensar só em teto de gastos e responsabilidade fiscal" em detrimento da população, afirmou nesta terça que a mudança no teto negociada pelo governo com o Congresso é uma "prática legal e dentro da operação constitucional".

Para desviar da narrativa de furo no teto de gastos para bancar um valor turbinado no programa social Auxílio Brasil em 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro buscará a reeleição, o governo mudou de estratégia e passou a apostar numa revisão da âncora fiscal, que pode liberar ao menos R$ 83 bilhões para despesas extras no ano que vem. No mercado, a conta é que o espaço adicional será até maior, passando dos R$ 90 bilhões.

NY e o mundo

Lá fora, os futuros dos Estados Unidos operam em alta, muito próximos da estabilidade, após o dia anterior no qual as ações subiram para novas máximas históricas, à medida que os lucros corporativos ajudaram a impulsionar o otimismo, mesmo em meio a preocupações persistentes com a inflação e o crescimento econômico.

No fechamento, o Dow Jones subiu 0,04%, 35.756,88 pontos, na máxima histórica, o S&P 500 avançou 0,18%, a 4.574,79 pontos, também em nível recorde, e o Nasdaq registrou ganho de 0,06%, a 15.235,71 pontos.

Por lá, o debate sobre as pressões sobre os preços continua. O ex-secretário do Tesouro, Lawrence Summers, disse que é improvável que as autoridades lidem com a “realidade da inflação” com sucesso até que ela seja totalmente reconhecida.

De acordo com Filipe Teixeira, sócio da Wisir Research, a temporada de balanços está ajudando a conter as preocupações de que a inflação elevada e o aperto da política monetária irão desacelerar a recuperação econômica. Cerca de 81% das empresas que integram o S&P 500 relataram resultados melhores do que o esperado até agora, embora o Citigroup tenha alertado que o crescimento pode estar perto do pico.

Por outro lado, o pessimismo marcou o fechamento das bolsas asiáticas nesta quarta-feira, em meio a uma forte queda de ações de produtoras de carvão negociadas na China continental e de empresas de tecnologia listadas em Hong Kong.

Nos mercados chineses, o índice Xangai Composto recuou 0,98%, aos 3.562,31 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto caiu 1,11%, aos 2.397,51 pontos.

Temores de que Pequim tome medidas para tentar estabilizar os preços do carvão no longo prazo derrubaram os papéis de companhias do setor, como Yanzhou Coal (-8,4%), China Shenhua Energy (-4%) e China Coal Energy (-4,7%).

Em Hong Kong, o Hang Seng teve baixa de 1,57%, aos 25.628,74 pontos, pressionado por gigantes da tecnologia chinesa cujos ADRs tiveram fraco desempenho na véspera em Nova York, segundo a KGI Securities.

Nos negócios de Hong Kong, a ação do Alibaba caiu 2,95%, enquanto a da Tencent cedeu 2,99% e a da Meituan sofreu um tombo de 5,09%.

Em outras partes da Ásia, o japonês Nikkei terminou o dia em baixa marginal de 0,03% em Tóquio, aos 29.098,24 pontos, o sul-coreano Kospi caiu 0,77% em Seul, aos 3.025,49 pontos. Exceção, o Taiex subiu 0,24% em Taiwan, aos 17.074,55 pontos.

Com o predomínio do mau humor na região asiática, ficaram em segundo plano dados encorajadores que mostraram aceleração nos lucros do setor industrial chinês.

Na Oceania, a bolsa australiana ficou pressionada após pesquisa revelar que a inflação doméstica atingiu o maior nível desde 2015. O S&P/ASX 200 teve ligeira alta residual de 0,07%, aos 7.448,70 pontos, apagando a maior parte dos ganhos de mais cedo no pregão. / com Júlia Zillig e Agência Estado

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.
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